Hoje venho falar sobre uma amiga, uma velha amiga, que ninguém deseja conhecer, mas que sabe que algum dia chegará, sobre uma das suas múltiplas formas!
Pode-se chamar de muitas maneiras mas, desta vez, chamemos-lhe “Senhora da Foice”!
Antes de começar com o desfile de barbaridades sobre ela. Sim!! Porque quem já a conheceu não voltou para dizer como é, tentemos sentir-nos mortos!
Nada de luz, nada de movimento, nada de som, nada de calor, nada de nada!
O único que se me ocorre é o “big bang”, que o nosso corpo faz depois da fermentação e do inchaço dos dias posteriores há escuridão eterna ter começado, o restolhar do exercito de vermes que nos invade para fazer a limpeza dos nossos tecidos, deixando-nos os ossos reluzentes na escuridão…..
Bastam poucos meses para que nos transformemos em energia pura, que de um verme, vai a um insecto, a um pássaro, a um predador, etc, etc….
Que de um verme defunto pelo mau sabor das minhas carnes, mineraliza as terras que rodeiam uma erva que a vaca com delicadeza vai arrancar, engolir, ruminar e transformar em leite! Leite que gerações futuras vão beber.
Mas, e a Senhora da Foice!? Onde joga nisso tudo!?
Bem….
Na minha humilde opinião, ela apenas decide quando e como passamos há “fase energética”….
Não tem um critério muito logico pois leva “novos” ao azar, provocando choque e dor. Fazendo muitos, muito mais velhos, perguntar-lhe: -Porque não me levaste a mim em vez de el@!
Leva velhos, deixando saudades, deixando a sensação de que ainda tinham tanto para dar, para aconselhar, para ajudar….A muitos leva-os pela calada da noite, enquanto dormem, sem dor, sem conhecimento. Outros, opta por ir avisando-os da sua chegada, através da dor, do cansaço e da doença. E os últimos, seus favoritos pela luta que dão, pega-lhes fogo, tritura-os entre as chapas, deventrando-os, decepando-os, mutilando-os….
Agora vou já avisando! Desde já que quero fazer parte da célebre lei que diz que “nada se perde, tudo se transforma”. Não pensem em queimar-me, deixem-me bem “cru” para resistir aos vermes, para que vejam o bom monte de pó que à terra há-de retornar.
Se a Senhora da Foice me levar na caldada da noite, não me digam nada, afinal de contas já nem vos vou ouvir! Não chorem, não gritem, experimentem cantar as minhas músicas favoritas e rir com os meus trocadilhos de mau gosto! Se a “velhaca” me chamuscar entre as latas do camião, que me deixe bem estaladiço e apetitoso, para partir os dentes aos vermes, para que o tempo passe e me “veja” fossilizado por muito tempo! Por último, se a “mete nojo” me quiser triturar que afie bem um rail e os seus respectivos pilares, que arrancarei uns quantos metros dele, pagando com a minha vida a salvação de muitos companheiros inocentes, que me deixe bem picadinho e “sem pés nem cabeça”, sem ponta por donde se lhe pegue! Afinal sempre fui feio em vida, porque hei-de ser bonito na morte!?
A todos os que quiserem participar na festa, não me vistam a rigor, não me ponham em caixões e acima de tudo…. Não chorem sem vontade!
A mim enterrem-me com o que levava posto no dia (se estiver nu melhor) envolto num lençol de linho junto com as chaves da minha mota, o meu capacete e o meu símbolo Motard, o Logo da Ordem Motard das Boas Curvas!
Não quero lapide, não quero palavras de saudade nem de dor, mas sim um bom manto morto e que a natureza faça o que deve!
Não quero Fotografia, não quero data de nascimento nem de morte, porque aqueles que me amam jamais me esquecerão!
Não quero romarias em dias sinalados, não quero que digam que estou em paz sem o saberem, não quero que digam que estou na companhia Dele pois ninguém o sabe!
Enterrem-me e esqueçam-me, pois sei que viverei sempre no coração dos que me amam…