As Artroses de Maria (montagem)

Estávamos na recta final de Abril, Maria das Curvas já não andava há dois meses e não havia sinais de que as molas das suas bainhas chegassem a tempo de ir de ferias em Maio.
A tudo isto se junta Dulcineia toda torcida por causa de um Javali e a minha vida sentimental virada de patas para o ar!
O escape!?
Ter esperança era o meu único remédio e se não podia andar na mota….
Dava-lhe marteladas (nunca melhor dito)!
E para começar (com as marteladas) agarrei-me ao T Inferior!
1 Pista T Inferior
Quando não se tem cão, caçamos com gato!
Há falta das ferramentas especiais que o Manual da Honda menciona, utilizamos as velhas técnicas aprendidas na minha fase de Manutenção há Industria quando trabalhei na “ferrugem”!
Os anéis de ambos rolamentos foram montados assim, utilizando um misto de força e jeito, com vários tipos de metais há mistura e umas quantas leis da física aplicadas na prática!
2 PIsta T Inferior montada

A primeira lei da física aplicada reza assim:

“Alumínio mole em aço duro! Tanto bate até que empurra!”

Isto é…. (trocado por miúdos)
As pistas do rolamento são feitas em aço temperado que não se deforma mas pode partir, logo estar à martelada com um material igual (o do martelo) é altamente contraproducente. Estas entram há força no local onde acamam. Logo para transmitir a força do martelo nada melhor que uma barra de alumínio ou cobre, que se deforma para não ferir o metal e transmite a força do martelo com muita precisão!
3 Interior da coluna de direcção
Estas são as camas das pistas dos rolamentos na coluna de direcção do chassis da Maria!
4 ensaio do T
E este foi o primeiro ensaio para que vocês possam ver com funciona a coisa!
5 anel superior
Esta é a pista do rolamento superior, posta nesta fase há pressão dos dedos! Auch!
6 marteladas
Não lhe perdoamos!
7 aluminio 1
Aqui tivemos que ter mais cuidado pois a dupla trave da Maria é feita de Alumínio pelo que a barra de alumínio, num descuido, podia ferir a cama do rolamento que é em alumínio e criar outro problema.
8 aluminio 2
Por outro lado, era importante que a pista do rolamento entrara o mais certinha possível para, ao ser de aço, não ferir a cama que é feita em alumínio…
9 aluminio 3
Ou seja!
Muito carinho, concentração e cuidado!
10 Lubrificar
Com as pistas montadas agora lubrificamos os rolamentos!
11 Lubrificar 2
E as pistas dos mesmos
12 lubrificar 3
Depois de colocado o rolamento sobre a pista…
Mais nhã nhã!
13 instruções
Este momento é crucial!
Apertar isto tudo conforme diz o catrapázio!
14 Mesa inferior
Colocamos tudo no sitio e ajustamos a porca com a mão!
15 mesa e chave
Depois a chave que eu fiz! (o meu ego estava nas nuvens!)
16 dinamometrica
Ajustamos a minha amiga Dinamomérica ao binário de aperto e apertamos até fazer click!
17 dinamometrica 2
Conforme dizia o catrapázio, desapertamos de novo, para voltar há carga e aperta-la de novo com o mesmo binário!
18 binario de aperto
Porquê dois apertos!?
O primeiro serviu para ajustar tudo, por todos os elementos no seu sitio; e o segundo é o definitivo!
Enquanto vamos fazendo isto, vamos girando o T para um lado ou para o outro, com a intenção de detectar algum tipo de anomalia que possa denunciar algum problema.
19 anilha
Pomos a anilha e a segunda porca (contra-porca)!
20 contra porca
Ajustamos a contra-porca e unimos ambas as porcas ao dobrar as pastilhas da anilha.
Assim garantimos que estas não se desapertam com os movimentos da direcção!
21 exp
Voltamos a girar e fazer movimentar-se a direcção para detectar algum problema, mas tudo esta como previsto!
22 T superior
O T Superior só pode ser apertado definitivamente com as bainhas no seu sitio, mas o mais complicado do trabalho já estava feito.
Restava agora esperar pelas bainhas.
Uma espera que se revelou frustrante!

Só me deram as bainhas prontas no dia 23 de Maio às 16h.
Eu acho que nunca acelerei tanto na Dulcineia para chegar há garagem com as bainhas!
Nesse dia estava acordado desde das 2h (trabalho a quanto obrigas) e o dia já era mais que longo.
Mesmo assim ainda tinha uma réstia de esperança pois nesse fim de semana comemorava-se o aniversario do Grupo Motard os Correias!
“Se monto isto e saio de madrugada ainda vou curtir um bocado com o pessoal!”
Bem, da montagem, que se resume a apertar parafusos, não há fotos e terminei já entrada a noite!
Mas o pior foi que o cansaço me venceu e eram 10h da manhã quando acordei, deitando por terra qualquer possibilidade de ir há festa dos Correias (estava a 1000km de distancia)!
23 Instrumentos
Aqui temos a menina a trabalhar, orgulhosa das novas tatuagens!

24 Maria das Curvas
Aqui está ela, linda e orgulhosa, preparando-se para sair há rua pela primeira vez nos últimos meses!
Desde então, entre o dia 23 de Maio e o dia 28 de Julho, Maria das Curvas fez 6801 km pelas estradas da Península. Tudo corridinhas, que pelas suas características, não me abona muito relatar!
Actualmente Maria continua com artroses, desta feita no eixo traseiro, só lhe falta paciência e tempo para que trate do assunto!
Mas não pensem que a minha mota me dá muitos problemas!
São 14 anos de maus tratos, uma manutenção feita por quem vos escreve e ao meu ritmo; tem quase 150000km e isto estava tudo mais ou menos previsto.
De facto não planificamos nenhuma viagem grande este ano por sabermos que Maria das Curvas ia precisar estar entre algodões ao longo deste ano!
Espero que esta partilha, um pouco mal apresentada e com pouca informação, vos tenha sido útil e que ajude a esclarecer duvidas para aqueles que pretendem fazer este tipo de intervenção nas suas motos!
Um bem haja e boas curvas!

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