Introdução
Para aqueles que ainda não sabem, antes de começar a falar da capital do reino, devo falar um pouco do reino e dos aragoneses.
Aragão é um dos três reinos históricos que formam a Coroa de Espanha, no qual o seu escudo figura no Brasão da Bandeira Espanhola. Surgiu no principio do sec IX d.c. e teve o seu auge no secuko XIII e XIV donde chegou a aglutinar os territórios que hoje são a Autonomia de Aragão, Catalunha, Valencia, Mayorca e Menorca, o Reino de Napoles, Secilia e Serdenha, para alem de grande parte do Languedoc Roussilon!
No seculo XV, com o casamento dos Reis Católicos (Isabel de Castela e Fernando de Aragão) forma-se o maior reino da Peninsula (reino de Espanha) e desde então Aragão contribuiu activamente para a unidade do reino!
Actualmente a Comunidade de Aragão representa 10% do território nacional, tem mais ou menos 140000 habitantes e representa 3,5 do PiB espanhol!
Desde a sua existência e ao longo dos tempos ilustres figuras fizeram juz há fama dos aragoneses. Desde Alfonso El Batallador até Luis Buñuel, passando por JaimeI, Isabel de Portugal (Rainha Santa Isabel), Miguel Servet, Fernando el Catolico, Francisco de Goya, Jose de Palafox ou Augustina de Aragon, o povo aragonês foi sempre reconhecido como determinado e valente, temido no mediterrânico e respeitado por toda a Peninsula.
Para aqueles que não conhecem, em algumas partes de Espanhã os Aragoneses são reconhecidos pela sua teimosia e pela forma rude que estes aparentam ter. É verdade que os Aragoneses tem muita personalidade (em especial as mulheres) mas a “Nobreza Baturra” é algo difícil de explicar, porque numa casa aragonesa a hospitalidade é soberba, ajuda e a solidariedade não falta e a bondade algo sempre presente!
Tenho 13 anos entre os “Manhos” (maneira popular de se tratarem) e apesar de comprovar todos os seus defeitos e virtudes, posso dizer que quase já me sinto como um deles, pela fraternidade que demonstram!
A Capital do Reino
Zaragoza é uma cidade milenar, com vestígios da sua existência que indicam que antes dos reis Godos já era uma zona habitada representando uma encruzilhada de varias rotas oriundas de varias partes da Península.
Na actualidade Zaragoza, tem mais 700000 habitantes, constituindo a quinta maior cidade de Espanha com uma historia rica em acontecimentos históricos, alguns dos quais eu abordarei ao longo desta crónica!
Foi num domingo de Septembro, solarengo e caloroso que eu e Dulcinea começamos esta pequena aventura citadina!
O que voces podem ver ao fundo é a Aljaferia, edifício fortificado que foi mandado construir por um Rei Mouro da Taifa de Zaragoza.
Desde então, foi sempre a residência dos réis Aragoneses e do poder legislativo até aos dias de hoje, que alberga as Cortes de Aragão (parlamento autónomo).
A sua arquitectura é marcadamente muçulmana.
Com um claustro e jardins que nos fazem viajar ao tempo da Taifa de Zaragoza.
Jardins com árvores de fruto e agua corrente, próprio de um povo que gostava das ciências e as aplicava com mestria
Com a chegada dos réis católicos a Aljaferia sofre as alterações para albergar as cortes.
O primeiro Rei Cristão a instalar o poder na Aljaferia foi Alfonso El Batalhador, conhecido assim porque ganhou 26 batalhas seguidas aos infiéis sarracenos, chegou a reinar por toda a península ate que se deu anulado o seu casamento com Urraca de Castela.
O Brasão da Coroa de Aragão na sala do trono.
Uma perspectiva diferente da entrada há fortaleza.
A escadaria real.
A fortaleza, símbolo de Aragão, símbolo da sua determinação e marco da sua unidade ao longo dos tempos.
Este é o museu Pablo Serrano, ilustre escultor aragonês, que deixou a sua colecção ao povo aragonês, cuja sede é este edifício de formas invulgares mas, que nos permite ver as interessantes paronamicas da cidade desde os terraços que tem.
Para chegar lá, subimos pelas escadas rolantes que há medida que subimos, pela sua disposição e estética, parece que estas fazem parte da estrutura que sustenta o edifício.
O museu alberga a colecção pessoal de Pablo Serrano e outras exposições itinerantes de artistas e coleccionadores aragoneses.
Pablo Serrano foi o maior escultor aragonês, donde expôs individualmente a sua colecção nos maiores e mais prestigiadas galerias mundiais, sendo até hoje o único escultor espanhol que expos a sua colecção no Museu do Ermitage de San Pitersburgo!
E cá estou eu, com a basílica de La Virgen del Pilar de fundo!
Desde os terraços podemos ter uma paronamica de Zaragoza, principalmente da Plaza Del Pilar!
Esta foto, tirada com o meu telemóvel durante a noite dos museus abertos, não faz justiça ao bonita que é esta cidade há noite, vista desde estes terraços!
Decidimos então a visitar uma das exposições itinerantes.
Esta escultura chama a atenção, mas o quadro que se segue….
…..por momentos, lembrei-me de um símbolo nacional, a Esfera Armilar!
Como em todos os sítios, deve sempre haver um espaço destinado há reciclagem dos materiais sobrantes e este não foi excepção! 😉
Esta é a Porta del Carmen que ainda conserva as marcas dos projeteis franceses, lançados contra ela, durante a Guerra da Independencia (1808-1809). Foi neste sitio que, ao ver todos os artilheiros feridos ou mortos, Augustina de Aragon se dispos a disparar um canhão contra as tropas francesas, fazendo estas pensar que se tratava de uma emboscada e provocando a debandada das forças napolionicas.
Continuamos a percorrer as ruas de Zaragoza até entacionarmos Dulcinea em frente há antiga Faculdade de Medecina e Ciências de Zaragoza. Na sua fachada estão as esculturas de Andres Piquer, Miguel Servet, Ignacio Jordan de Asso e Fausto de Elhuyar, quatro ilustres científicos Aragoneses.
Em todas as Cidades Espanholas existe uma Gran Via e Zaragoza não é excepção!
Plaza de Aragon con Juan de Lanuza al centro, protagonista de unos de los episódios mais sombrios de la historia de Aragão.
Paseo Independencia, com a Plaza de Espanhã ao fundo.
El Arco de Dulcinea!
Encaixa-lhe mesmo bem, não acham!?
Igreja de Santa Maria de Magdalena um dos exlibris do estilo Mudejar em Zaragoza.
O estilo Mudejar é uma arte arquitectónica desenvolvida nos séculos XII a XVI donde os estilos românico, gótico e renascentista são influenciados pelo estilo Ibero-Muçulmano dando um visual diferente e atractivo a muitos sítios de culto e construções mais emblemáticas.
Os materiais mais usados são o tijolo de burro e os azulejos, proporcionando um contraste de formas e cores distinto e de beleza rara.
A torre do campanário da Igreja de Santa Maria Magdalena é bem exemplo disso.
E cá estamos nós, na Plaza del Pilar, tão grande que é difícil de abarcar com uma só fotografia!
Foi mais ou menos neste local que Virgem Maria apareceu ao Apostolo Tiago (Santiago de Compostela) envolta numa coluna de fogo, ordenando-lhe a construção de um templo na margem do Rio Ebro!
Uma escultura de Pablo Serrano retrata uma das aparições da Virgem.
A Catedral Basílica é de estilo barroco. No seu interior, entre os altares altamente trabalhados, podemos ver os projecteis que as forças de Franco lançaram contra o templo e que, inexplicavelmente não detonaram!
Em absoluto respeito ao culto, evito tirar fotos ao interior dos locais de culto.
Esta é a porta de entrada ao Ayuntamento de Zaragoza (câmara municipal), donde a escultura do Anjo da Cidade e de San Valero (padroeiro da cidade), ambas de Pablo Serrano, chamam a atenção de muitos!
Goya e as suas “majas”!
Fachada renascentista de La Seo, uma catedral riquíssima em estilos arquitectónicos!
A Catedral foi mandada construir por Alfonso el Batallador do que restava de um antiga mesquita que tinha fundações românicas e esta sofreu alterações ao longo dos séculos, a ultima já no século XVIII com a construção da Torre do Campanário de estilo Barroco.
Infelizmente é impossível tirar uma fotografia “limpa” a esta parede de La Seo porque as ruas são muito estreitas e a parede muito grande.
De estilo Mudejar, o contraste do azulejo e o tijolo é impressionante e com contornos diferentes a cada hora do dia.
Aconselho vivamente uma visita de noite.
Uma torre donde podemos ver o estilo gótico e o Mudejar em perfeita harmonia!
O Arco de Deán, que data do século XIII, é um dos vestígios mais evidentes da Zaragoza Medieval, parcialmente destruída durante os Sitio de Zaragoza.
Da Zaragoza da Idade Media pouco se pode encontrar, dado que as tropas de Napoleão, ao encontrarem grande resistência para controlar e conquistar a cidade durante os Sítios de Zaragoza tinham que demolir casa por casa para ir reduzindo a “força manha” que se resistia a entregar a cidade!
Entramos então na sede diocesana para fazer esta foto ao Campanário de La Seo!
Aqui a temos!
Esta Catedral guarda no seu interior os seus altares barrocos, de valor cultural incalculável e o museu dos Tapices donde podemos ver telas que retratam vários acontecimentos eclesiásticos e bíblicos de grande importância.
Estes são o pilares da Ponte de Piedra sobre o rio Ebro, durante muitos séculos, a única ponte sobre o Ebro.
De fundação românica, tem sofrido varias reestruturações ao longo tempo, estando apenas aberta ao transito de peões e transportes públicos.
Contudo, esta adquire importância para mim, porque foi aqui que conheci os lábios que hoje me fazem sorrir e os olhos pelos quais vejo a vida com tranquilidade.
Era quase hora de ir embora….
Acreditem no que vos vou dizer!
Esta é a torre da Igreja de San Juan de los Panetes, e conforme a vamos vendo , parece a esta é uma imitação mais genuinamente da famosa Torre de Pizza, pois para fazer a pose para a fotografia põe-se direita!!!
Por isso tivemos que tirar esta foto há socapa para ver que efectivamente, em relação há fachada da Igreja, esta pende ligeiramente para o lado direito, não acham!?
Este é um dos mais visíveis vestígios Cesareagusta. Trata-se de uma parte da Muralha Romana que protegia a cidade dos “bárbaros”!
Esta é a ultima foto do dia….
Estamos na Plaza de los Sítios e o monumento retrata o esforço da cidade e suas gentes, para resistir a um exercito em tudo muito superior ao qual infligiram elevadas baixas, fazendo-o retroceder em alguns casos.
O povo de Zaragoza, resistiu heroicamente pela sua cidade e pela liberdade, e apenas capitularam porque uma epidemia de Tifus estava a fazer mais baixas que os Franceses, para alem da falta de comida e higiene própria destas situações.
Após este episódio histórico e heróico, que deixa bem claro a determinação dos Aragoneses, o seu caracter forte e capacidade de união, Zaragoza ganhou o titulo de “Muy Leal”, “Muy Heroica”, “Siempre Heroica y Inmortal”.
Orgulho-me de ser Português, mas se existira a nacionalidade de Aragonês, não me importaria de ter dupla nacionalidade!