Lone Rider- Endless Road

Deixar uma mulher para trás é um passo duro, complicado, que deve ser ponderado e calculado ao ínfimo pormenor….
Mas eu não tenho esse problema, o meu problema é outro!
Já não se tratava dos alforges, nem do meu saco/mochila magnético, nem do lubrificante de corrente, mas agora tinha ganhado umas malas rígidas eu saco deposito Tank lock que funciona de “puta madre”!
Mas o meu coração estava encolhidinho, batia lento e choroso porque no fundo ia deixar pela primeira vez aquela que tantas alegrias me deu na garagem para ir com outra.
Deixa-la ali, sozinha, no escuro, doia tanto que ponderei há ultima da hora mudar tudo para os alforjes e por-me a monte nela.

Mas depois olhava para a outra e sentia aquela alegria e emoção de ir “desvergindar” a uma menina. Aquela tesão de principiante que traçou uma rota diferente e um plano que incluía milhares de revira-voltas antes de chegar a casa!

E então olhava para a terceira, que sorria envergonhada para mim e sugeria que se não me decidisse pelas “gordas”, que a levasse a ela!
E eu pensei:

“Ai! Dulcinea Dulcinea, o teu problema é a tua anorexia de motor!”
E foi assim, mergulhado nesse “trilema” que me afundei no adredon da cama!

O Tambor de Almanzor

1 utebo

Olá
Esta é Dorothy…
Encontrei-a abandonada e deprimida num stand e resolvi resgata-la para que ela participe na minha vida, nessa estrada sem fim!
Eu sou o Lone Rider, um gajo que só sabe andar só, porque por si só, já é má companhia.
Como podem ver, Dorothy esta apetrechada para uma viagem, 900km por um trajecto que é novidade na sua grande maioria. Quando montar nela vão ser dois dias de muitas curvas, fotos, sorriso e momentos de reflexão.
Endless Road é o meu lema, porque é a isso que me proponho, uma estrada interminável, repleta de curvas, aventuras e momentos emocionantes!
Abril, manhã fresca, com o sol a espreitar timidamente por entre uma neblina alta que cobria todo o Vale do Ebro.
A Banda Sonora para os primeiros km são os Stone River, com os seus Blues “langonhentos”, enquanto vou desenhando as primeiras curvas por uma estrada que atravessa os extensos e secos campos da Ribeira Alta do Ebro, até entrarmos no Campo de Borja. Á esquerda, o Rey Moncayo vigia as minhas trajectórias. Olhar para ele é perigoso, está engalanado com o seu manto de neve tardia e se o sol estivesse a descoberto, este manto brilhava com intensidade!
Tarazona é a ultima cidade Aragonesa e o principio de uma subida que nos levará ás terras numantinas.
Uma das coisas mais importantes que estas terras tem é uma nascente de aguas límpidas, que depois, pela sua corrente, pelos seus afluentes e pelo percurso que fazem, ganham um tom dourado. Tom esse, muito característico no inverno e que lhe deu o nome.

2 Duero

Aqui está ele, o Rio Douro, quando passa por Soria (Numancia na epoca romana).
A Capital de Província mais alta de Espanha é muito rica em história, mas não é essa a historia que vos quero contar hoje, mas não posso deixar de destacar este exemplo do românico!

3 Santo Domingo

Esta é a igreja de Santo Domingo, do seculo XI.
Depois de atravessar Soria, apanhamos direcção Valladolid, para chegar ao Sabinar de Calatañazor.
Mas primeiro abastecer a Dorothy no lugar de sempre.

4 Hostal Venta Nueva

Este é o, Hostal Venta Nueva e podemos encontra-lo no KM 185 da N122.
Este hostal é de propriedade de uma familia motard, pelo que o acolhimento para o pessoal das motas é previligiado, tendo direito à garagem e check in as 24h do dia. Basta telefonar com antecedencia. Não posso falar das comodidades porque nunca me hospedei, mas posso dizer que se come muito bem, barato e um atendimento muito simpatico. Fica a dica!

5 Calatañazor

Este povo é Calatañazor e é importantissimo na historia da Peninsula. O seu castelo, hoje parcialmente em ruínas, viu acontecer uma batalha entre os Cristãos e os Mouros, que mudou para sempre o rumo da historia da península.

6 Calatañazor 2

Apoiado num massiço rochoso as muralhas do castelo ainda hoje marcam os limites da povoação.

7 Calatañazor 3

Que aparenta estar abandonada. As casas são velhas, descuidadas, fieis aqueles tempos, donde se utilizavam o que se podia retirar dos bosques e das pedreiras para construir as casas.

9 Taverna

E aqui está Dorothy, descansando há porta da taberna.

10 Porche

Apesar de entrar habitado e vivo, o povo parece abandonado…

11 Almanzor

Segundo diz a lenda, com pouco suporte documental, por isso é meio lenda meio verdade, foi aqui que Almanzor perdeu o tambor. Ou seja, aqui sofreu um volte-face nas suas ambições militares.
Almanzor não era, nem rei, nem shiek, nem sultão, nem coisa que o valha. Era um ditador, que na politica e como funcionario foi bem sucedido, sabendo aproveitar as conspirações que ele mesmo tecia para acumular cargos e poderes. Depois casou-se com a filha do chefe do exercito da taifa del Al Andaluz e as bem sucedidas campanhas em Salamanca, Leon e Navarra, permitiram a Almanzor chegar ao auge da sua ditadura.
Em 1002, o grosso do seu exercito encontrava-se no castelo de Calatañazor e era perseguido pelos aliados cristãos, os exercitos de Castella, Leão e do (ainda) condado de Navarra.
Neste exercito, destacavam figuras importantes da historia desta peninsula, com o Rei Afonso IV de Castela e um dos seu subditos mais valentes, um tal de Cid, El Campeador.
Almazor pensou em enfrentar-se ao contingente cristão e este não disse que não….
Este foi o campo de batalha.

13 Campo de Batalha

Calatañazor (Julho do ano 1002)

– O luso foi importante em Salamanca- comentava enquanto mordia o lombo do coelho assado- esteve sempre ao nosso lado, e mesmo na hora do desaire o fio da sua espada estava sempre manchado de sangue mouro. Foi por isso que o senhor Cid o quis nas suas fileiras.
Olhava para os comensais sentados ha volta da fogueira e ha medida que o velho contava a suas historias revia na minha mente o sangue da minha espada, ouvia o gemer urfante de um mouro degolado por ela e via as chispas que saltavam das espadas encontradas. Levavamos uma campanha desastrosa, muitos pereceram, campos queimados, mulheres feitas escravas a encaminhadas aos harens dos infieis, para não falar da desmoralização das tropas.
– Hey, amigo Luso!- pergunta um terceiro comensal- De donde vens!?
– Da serra da Estela, donde vive o meu povo.
– E isso donde fica!?
– A uma semana daqui a cavalo na direcção do poente, uma montanha de granito donde se veem as estrelas de todo o ceu que nos cobre. Éra dominio da minha tribu, os Lusitanos, tribo pacifica e de pastores, mas os Mouros invadiram os terrenos da serra, mataram os rebanhos e expoliaram mulheres e crianças….
– E sendo tu pastor, como aprendeste a manejar a espada dessa forma?
– É o senhor que toma conta do meu braço!- e uma gargalhada contagiosa se propaga pelos comensais. Um corpo grande que se aproxima ao fogo faz o silencio vencer a folia. Todos baixam a cabeça em sinal de respeito.
-Martinez, Vascon e Luso, mañana a alvorada na minha tenda, o resto a descansar, que amanhã será um dia grande.
Enrosquei-me na manta de pele de cabra num misto de nervosismo e ansiedade, sabia que quando o sol se levantasse que seria tempo de empunhar a espada contra o povo que fez escravo o meu.
O sol pintava o ceu de laranja e fazia as arvores pareceram fantasmas, desenhando sombras gigantescas nos prados secos. Ao fundo o Castelo de Calatañazor, ponto estrategico e que deveria ser tomado por nós se quisessemos abrir caminho para sul! Apesar de ainda ser muito cedo, uma boa parte dos homens já estavam acordados, e eu acabava de reunir-me com Vascon e Martinez para irmos ao encontro de nosso senhor. Rodrigo Diaz de Vivar (Cid Campeador) destacou-se pela sua valentia e pela leitura que tem no momento da batalha. É homem de confiança do Rei e este confia-lhe as missões mais arriscadas. Naquela breve reunião em que participou o Rei Afonso IV foi-nos confiado liderar as negociações.
Tive a oportunidade de olhar para os olhos do homem que mandou destruir o meu povo, embora que não lhe dirigisse palavra.
As condições foram sumamente negadas pelo que a comitiva foi obrigada a retirar-se mantendo uma postura defensiva.
– Os mouros querem que se derrame sangue Magestade!- disse Cid a Afonso.
-Assim seja! Que Deus tenha piedade de todos!- e virando-se para a os seus chefes de coluna- Senhores! Todos ouviram o que disse Cid? Estes infieis que queimam os nossos cultivos, nos desonram as nossas mulheres, que matam os filhos do nosso povo, dizem que este é o seu sitio, que não se retiram, que o seu Alá está do seu lado!
Vamos ter que, com a ajuda de Deus, mostrar que aqui não é a sua patria e que devem pagar pelos seus crimes e pecados. Reuni os vossos homens, montai nos vossos cavalos, formais as colunas e preparai-vos para um dia de gloria. Hoje tomaremos aquele castelo, vingaremos os desaire de Salamanca, Leon e Uncastillo! Mandemos para o fogo do inferno a esse infiel que se da pelo nome de Almanzor!
Não foi necessario muito para se começar a perfilar uma grossa coluna de homens a pé, armados de lanças,bestas, arcos e espadas, tendo como direcção o castelo de Calatañazor!
No sopé do maciço rochoso donde assentavam as suas muralhas, um manto de branco vivo se começou a perfilar. Via-se os trurvantes e os cintos de couro onde brilhavam as espadas em forma de meia lua..
Nos flancos a cavalaria tomava posições.
Eu, o meu senhor Cid, juntamente com a sua coluna estavamos a preparar um assalto ao castelo, pelo que desviamos caminho pelos bosques. Ali tinhamos que permanecer para lançar o derradeiro assalto, quando já não fosse possivel o apoio da infantaria moura em caso de fracasso ao assalto.
Pudemos assim ser espectadores do que se passava no campo de batalha, de ouvir o proprio Almazor dizer:
-Ala é grande! Se chegar a nossa hora sabera acolher-nos no seu harem e brindar-nos com as suas mais belas virgens! Mas não serão os infieis aqueles que hão-de impor a sua vontade nas nossas terras! Por Alá!

E com este grito, a cavalaria começa o seu galope de encontro ha infantaria cristã, de espadas em alto e gritando: “Alá é grande! Por Alá!”
Do outro lado os arqueiros lançam as primeiras vagas de flechas, muitas delas encendiarias, e a cada vaga, se veem corpos caindo ao chão, espezinhados pelos cavalos em panico pelo fogo, enquanto o vento aviva as chamas da palha seca pelo verão. Mas os cavaleiros entram nas linhas e logo de seguida se ouve o confronto das espadas, os gritos dos feridos. Enquantos os cavalos abriam brecha nas defesas cristãs a infantaria de Almanzor já preparava a entrada em acção, quando no lado norte do bosque sai do abrigo das arvores a cavalaria de castela, aproveitando o desnivel para ganhar velocidade e atacar um dos flancos do grosso do contingente muçulmano. Estes tentaram manter a sua formação para repelir o ataque, mas virulencia do mesmo se parou as forças pela metade.
-Senhores- dizia Cid- Preparai-vos! Que Deus nos ajude e nos perdoe pelos nossos pecados!- e desenbainhando a sua espada indica a direcção do castelo. A ideia era encontrar o Castelo desguarnecido, entrar e eliminar as forças que estevissem no seu interior. Depois, lançar uma vaga nas costas do inimigo para tentar dispersa-lo ou elimina-lo.
Enquanto no vale o som do ferro encontrado fazia termos uma sensação do feroz que era a batalha, no nosso campo visual já podiamos ver a porta do Castelo e os torreões que a guardavam. Não seria facil entrar, mas mesmo assim prestavamo-nos a tentar!
Vascon levava consigo 20 arqueiros que nos serviriam de apoio para tentar entrar no castelo.
E foi assim, ao vermos que o mesmo se encontrava desguarnecido irrompemos do nada e com ganchos subimos a muralha na sua vertente mais baixa, abrindo as portas para que a cavalaria entrasse. Fui dos primeiros a entrar e encontrei-me de imediato com uma lança que pude esquivar, desferindo um golpe no antebraço de quem me apontava com ela. Das meãs choviam setas, mas ao terem que dar a volta os mouros deixaram as suas costas descobertas e Vascon e seus homens, desde fora do castelo podiam fazer tiro há vontade. Em poucos minutos, haviam cadaveres no chão, pendurados nas meãs e sangue manchando cada pedra do castelo.
-Vamos Senhores, vamos pregar uma surpresa ao tirano Almazor!- dizia Cid limpando a sua cara manchada de sangue- Vascon, da-nos apoio e assegura o castelo!
E os cavalos sairam do castelo de doi em dois,primeiro a trote e depois em espaço aberto a galope, atacando a retaguarda da infantaria infiel!
Aqueles que tiveram tempo de olhar para tras, plasmaram a sua incredibilidade nos seus rostos, há media que as laminas lhes cortavam braços e cabeça, que os cavalos os derrubavam e os espezinhavam!
Ao fim de uns minutos as forças começaram a disperçar-se e a fugir, a vitoria era nossa!
Almanzor, por fim tinha sido derrotado e o castelo de Calatañazor abria agora o caminho para sul!!

12 Torre de Menagem

A torre de Menagem, foi uma preveligiada testemunha do que ali se passou há 1000 anos atras. Diz a historia que Almanzor foi ferido na batalha e terminaria por morrer em Medinacelli meses depois.
Mas Calatañazor tem mais!
Tem paisagem e curvas!

14 Paisagem de Calatañazor

A N122 desce pelo mesmo promontorio do Castelo, pelo que as vistas são invejaveis.

15 Curva de Calatañazor 1

E se desce, podem haver curvas!
Neste caso, ganchos!

16 Curva de Calatañazor 2

Ganchos, daqueles de inclinações de medo!

17 Curvas de Calatañazor 3

Seis no total, até chegar lá baixo e ter um sorriso de orelha a orelha.

18 Curvas de Calatañazor 4

Mas prontos, sigamos o nosso caminho, pois em breve passaremos pela cidade de Osma.

18 Castelo de Osma

Em tempos foi de muita relevancia religiosa e hoje o seu patrimonio, como a sua catedral, revelam o quão importante foi.

19 Castelo de Osma

Mas as ruinas do Castelo, não deixam esquecer que no seu momento foi um posto fronteiriço importante!
Mas a estrada chamava por nós, para nos levar de novo ao encontro do Douro….

Haza e Peñafiel

20 Subida de Haza

Olhem bem para esta foto!
Estamos a 910m de altura, a Estrada Nacional 122 passa ali, algures no meio dos campos de trigo verde e de ela deriva uma estrada serpenteante que sobe a vertente sul do vale do Douro para nos levar a Haza!

21 Torre de Menagem de Haza

Haza foi uma vila fortificada que no sec X e XI ganhou importância estratégica, mas que depois foi sendo esquecida há medida de que o tempo passou.
Do castelo sobra uma parte da muralha, assim como a Torre de Menagem que foi residência do senhor das terras de Haza até a abolição do sistema feudal espanhol.

22 Dorothy em Haza

Aqui temos o que melhor tem o povo para nos oferecer.
Paisagens e ar puro.
Lá no fundo, no meio do arvoredo corre o Rio Riaza, cujo nome deriva do nome de Haza (Rio+Haza=Riaza).
Actualmente Haza conta com apenas 26 habitantes e a agricultura é a sua principal actividade economica. Contudo convido a visitar porque tem aspecto de povo abandonado…

23 Igreja de Haza

A Igreja de Santa Maria foi o ultimo que vimos de Haza, donde o negro de Dorothy contrastou com o rustico da “piedra caliza”!
Depois de descer e retomarmos a N122, o seguinte seria Aranda, sede de Ducado, mas que não nos interessava visitar.
Na mente estava o Castelo do Mestre da Ordem de Calatrava!

24 Peñafiel

Peñafiel, ou então, Loyal Rock em ingles, ganhou este nome precisamente na reconquista.
Como posto fronteiriço foi conquistada e reconquistada sucessivamente por ambos bandos, sendo que o seu castelo sofreu constantes remodelações e demolições….

25 Entrada

Esta é a entrada principal, no seu lado oriental, depois de deliciar-nos com uma ascensão recheada de curvas e bom piso.

26 Curvas de peñafiel

O Castelo ganhou forma definitiva e manteve-se assim até hoje em parte porque passou a ser residencia habitual da familia Quiron, quando Pedro de Quiron, Cavaleiro Mestre da Ordem de Calatrava o adquiriu.

27 Peñafiel Povo

Esta é Peñafiel nos dias de hoje, cidade importante no que se refere aos Grandes Vinhos da Zona Demarcada de Ribera del Duero.

28 Torre de Menagem

A torre de menagem de um castelo que tem uma forma muito peculiar, que o torna unico.

29 Traseira

Este castelo foi construido sobre uma “crista rochosa”, adoptando a sua forma, pelo que este parece um barco, encalhado no cimo de um morro.

30 Armadura

Acreditem!
Esta armadura, piscou-me o olho!
Olhem fixamente e verão que sim!

31 Armadura

Claro que, se o fizerem, esta segunda ficara ciumenta e correrá atras de vocês empunhando a sua espada!

32 vistas

La no alto, no cimo da Torre tiramos esta foto há parte norte de Peñafiel, donde podem ver tambem o telhado das novas Caves Broto, com a forma de uva e projectada por um arquiteto famoso que já não me lembro quem foi. A melhor parte foi de que cortei o telhado propositadamente. Digamos que lhe roubei uma vaga!

33 Vista 1

Olhamos a ocidente e vemos a estrada que nos levara dali para fora!

34 Proa

Depois de descer, já no final da visita, descemos as masmorras, ou o que resta delas…

35 Calabouços

Por aqui se entrava!
Que medo!
Depois da visita, Dorothy desvia caminho por Cuellar, abandonando definitivamente o vale do Douro. A estrada plana não nos oferece nada de especial para alem de um paisagem eminentemente agricola, salpicado por um ou otro pinhal.
Mas quando chegamos a Medina do Campo a sorpresa compensou o caminho.

36 La Mota

Não fiz, nem quero fazer, nenhuma pesquisa sobre esta fortaleza.
Chama-se o Castelo da Mota e em breve irei la vasculhar a coisa.
Mais uma vez Dorothy manda no caminho e a estrada a seguir levar-nos-ia pelos imensos campos de cultivo de Castilla y Leon, onde serpenteamos de forma rapida pelo asfalto de primeira qualidade.

Salamanca e Las Madras (hostal)

Depois de um abastecimento em Alaejos, Dorothy sugeriu a N620 que embora fosse quase sempre paralela há moderna Autovia A62, permitia toadas mais tranquilas, quase sempre abaixo dos 200km/h!
Ao chegarmos às imediações de Salamanca decidimos ir rever uma praça Patrimonio da Humanidade.

37 Plaza Mayor

Como o Sol a aquecer o pessoal saiu todo há rua.
E eu comi um gelado….

38 EStrada

Em Salamanca olhamos para o mapa. Dorothy queria curvas e montanha, e eu estava tentado em comer um “prato de entulho” feito pela minha mãe.
Dorothy ganhou e desviamos caminho para sul, em direcção há Serra de Francia.
A estrada perdeu largura, o horizonte estava agora mesmo diante do nosso nariz, curva apos curva, sentiamos que nos iamos isolando cada vez mais do mundo.

39 Dorothy e a Estrada

Os promontorios permiatim isto, fotografias aos vales e as estradas pelas quais iamos transitar depois de um sem numero de curvas.
Tudo isto para chegar a Las Madras, um pequeno hostal situado num pequeno lugar no meio dos montes….
Longe de tudo, no meio de nada donde as curvas são uma delicia.

39 Las Madras

Calor, vontade de tomar um banho, cansado mas curioso por ver e conhecer melhor tudo o que me rodeia.

40 Arvore

Esta era a vista do meu quarto, depois de um banho que ajudou a retemperar as forças.
Vestimos algo fresco e saimos há rua de Camara em punho.

41 Povi

Depois de imortalizar estas construções tipicas, sentamo-nos há mesa para um jantar e fomos falar com a Blanca e a sua irmã gemea!

Peña de Francia e Estrela

A noite foi muito boa para repor energias, o sol já se estava a levantar, hoje era dia de dar um beijo na minha mãe.
Mas o primeiro que fiz foi abrir a janela e espreitar lá para fora, para constatar que Dorothy ainda dormia, serena e calma.
Hoje era dia de curvas, milhares de curvas, de revisitar sitios já esquecidos pelas correrias na A25. Hoje era dia de uma estrada sem fim (endless road) com quotas de altura, neve, castelos e muito granito…

41 Objectivo

O pequeno almoço foi suficiente para ter fome de curvas, pouco passadas as 7h da manhã! E, até chegar lá ao alto, tinha mais de 35km atafulhados de ganchos, curvas, curvinhas e curvões. Todos elas com a sua trajectoria que Dorothy desenhou sem protesto.

42 Capilla de la Bianca

E pronto!
Já cá estamos!
Esta é a Capela da Bianca, la no alto, na Peña de Francia a 1700 metros de alto.

43 Santuario

Este é o Santuario.
Segundo reza a historia, Nossa Senhora andou por aqui e deixou-se ver a um pastor….

44 Paisagem 1

Mas aqui o mais importante são as paisagens….
Ali, algures no horizonte, está Salamanca.

45 Paisagem 2

Deste lado, para alem de se poderem ver as curvas de ascensão, está Ciudad Rodrigo, algures, lá no horizonte!

46 Paisagem 3

Quando cheguei ali, descobri que por aqui passa um dos caminhos ibericos de pregrinação a Santiago de Compostela.
Esta imagem do caminhante subindo a encosta abrupta, simboliza em parte os sacrificios que se fazem para se chegar a uma meta. Ou melhor ainda, das reflexões que essas metas provocam, das vezes que te encontras com a tua propria realidade, os teus problemas e as tuas frustrações….

47 Santuario

Era hora de partir, depois da oração, depois da reflexão e meditação, era hora de retornar ao caminho da vida.
E foram as curvas que me fizeram sentir que a vida pode dar muitas voltas mas segue sempre no mesmo sentido….
Em frente!

48 Paisagem 5

Lá no fundo, não muito longe erguesse o maciço de granito mais alto de Portugal.
É para lá que nos dirigimos!

49 Santuario no alto

Olhamos para tras, suplicamos pela protecção, montamos, engrenamos primeira e aqui vamos nós!
Pela frente mais curvas, uma descida interminavel com ganchos seguidos, um detras do outro, pendurados na encosta até ao riacho que a medida que baixava em altura ganhava corrente e caudal.
Quando por fim entramos na Extremadura. As estradas, como que por magia, ganharam 4m de largura de faixa, curvas rapidas e “rectas serpenteantes”.
Avivamos o ritmo a Dorothy, que disponobilizava cavalos a cada acelaração, provando que estava no seu ambiente favorito. Uma estrada rapida de bom asfalto, alias as melhores estradas da peninsula estão aqui, na comunidade de Extremadura.
Mas foi sol de pouca dura, pois voltamos de novo a Castilla Y Leon,onde a estrada continuava larga, mas com um piso de qualidade duvidosa.

50 Portugal

Mas era isto que estavamos há procura!
Para Dorothy era a sua segunda internacionalização, para mim….
Para mim era a primeira vez em que entrava em Portugal na condição (descarada) de emigrante.

52 Sabugal

Sabugal!
Mais um castelo para visitar com tempo.

53 Sabugal 2

Agora a N 232, por conselho expresso do Sergio!

54 Calhaus

Este massiço rochoso já la esteve bem enterrado no subsolo, mas como nada neste mundo é estatico, a natureza fez com que estes blocos subissem de novo há superficie para os torturar numa lenta e desgastante erosão.

51 Carvalho

E a visa é teimosa, renovando-se a cada dia.
Prova disto é este Castanheiro, secular, protegido mas, acima de tudo, que teima em manter-se vivo.
Mas a N232 estava há nossa espera, e quando nela entramos começamos a subir, curva apos curva, num piso de primeira qualidade, com a estrada sem transito e Dorothy desbocada a deitar cá para fora toda a cavalaria.
Depois de Manteigas o ritmo baixou, estavamos a entrar no Vale Glaciar, mas queriamos primeiro ir ao Poço, o Poço do Inferno…

55 Poço do Inferno

Depois voltamos para tras…

56 Caminho

Dorthy perfeitamente integrada na paisagem granitica…

57 Regato

Por entre as pedras, revestidas com uma fina camada de musgo, brotam fios de agua, que se vão juntando naquele que depois se trasnformara no maior afluente do Rio Tejo.

58 Ribeiro

Aqui, na Serra da Estrela, nascem os dois maiores rios que tem o seu percurso exclusivamente em solo portugues.
Na longa subida que é a estrada que vai de Manteigas há Torre é perfeitamente perceptivel estes “fios de prata” deslizando pelo granito, o que faz que nos detenhamos no caminho para ver um espectaculo unico.

59 Montanha

Ali algures detras destas rochas, está a nascente do Mondego, que terei a oportunidade de cruzar mais adiante!

60 Vale Glaciar

Já quase no cimo, fazemos um alto no caminho para admirar esta perspectiva do Vale Glaciar.
Valeu bem a pena!

61 Curvas

As ultimas curvas antes de chegar há torre…

62 Torre

La no fundo, bem lá ou fundo, olhando para ocidente, via de forma tenue uma fumaça, uma fumaça com um odor que me era familiar….
Aquele odor de carne e chouriça a ferver num caldo de lugumes, atulhado de couve e feijão e que fervia lentamente no fogo da cozinha da minha mãe!
Altamente!
A minha mãe esta a fazer sopa!
Bora lá!

Daqui o caminhho mais rapido era….
Espera lá!
Qual caminho mais rapido!?
Daqui o caminho com mais curvas até casa era em direcção a Seia e depois seguir o Alba até há Ponte das Tres Entradas, Tabua, Mortagua, Luso e finalmente Mealhada!
Até Seia, impulsionado pelo cheirinho da sopa da minha mãe, a descida foi vertiginosa, com o joelho e ponta das botas a roçar de forma tenue no chão em algumas curvas.
Depois de Seia o Alba fez-me tranquilizar, pois ofereceu-me paisagens explendidas.

63 Rio Alba

Tudo isto até chegar a Ponte das Tres Entradas!

64 Ponte das tres entradas

Daqui até casa foi um pequeno lapso de tempo, que me sentenciou o pneu traseiro e que me fez chegar a tempo de ir almoçar um prato de sopa cheia de entulho!

Deixe uma Resposta

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s