O que é o Jalon!?
A resposta mais óbvia é:
O Jalon é um rio!
Certamente que muitos de vocês já fizeram a Nacional II (agora A2) que liga Madrid ao extremo nordeste da península.
Pois se é o caso, muitos de vocês já acompanharam o Rio Jalon em boa parte do seu trajecto, que vai desde que nasce em Esteras de Medinaceli até aliar-se ao Rio Ebro mais ou menos a 30km de Zaragoza!
Porque andar atrás de um rio?
É pá, sinceramente, vocês fazem cada pergunta!
Mas isto tudo tem um motivo!
Pois claro, o motivo é uma mulher…
Não será altura de me deixar de problemas?
Ora bem, acontece que a rapariga está a estudar e tem exames, e os exames fazem-se em Madrid, e o pessoal quer dar apoio moral, e a Dorothy quer fazer curvas!
Querem mais algum motivo?
Até foi fixe, porque ela foi de lagartixa veloz (AVE) e eu fui sozinho na Dorothy….
E dou por mim a olhar para o mapa, a navegar mentalmente pelas estradas e tal, curvas e desfiladeiros, povos no meio do nada e castelos assombrados pelo Almanzor!
Pois! Esse gajo andou muito pelo vale do Jalon!
Só depois, depois de ter definido mentalmente por donde ia e por donde devia passar é que me dou conta de que estava a olhar para o mapa de França. Imaginem só se fosse mesmo o de Espanha!?
Chegou o dia, fui buscar a rapariga, e levei-a à estação.
Pronto, já esta!
Mulher despachada e agora sou só eu e tu!
Dorothy explica-nos lá como é que vai ser!!!!
Prontos pessoal, a Dorothy é tímida, não é de muitas palavras.
A ideia era sair de Zaragoza pela Nacional II, a estrada antiga que atravessava a cidade de cabo a rabo, seguir a mesma pelo troços que não foram cortados pela Autovia A2, pois esta levar-nos-ia direitinho ao nascimento do Rio Jalon!
Esta é a Rotunda dos Enlaces onde “morre” a antiga Nacional. Em frente faremos o trajecto de saída da cidade até apanharmos a Autovia que nos levará a Almunia.
Passamos Almunia de Doña Godina e apanhamos a Nacional antiga com um pré-aviso de que estrada estava cortada por obras.
“Naaahhh!!! Nos passamos, não é Dorothy! Uma mota passa em qualquer lugar!”
Pois, conforme confirma a fotografia, a estada esta literalmente cortada por um paredão de uma presa que estão a construir no leito de um riacho da zona!
Voltamos para trás!
Mas foi fixe, ao menos aprendemos que às vezes uma mota também não passa.
Na nossa procura pelos antigos retalhos da Nacional II, depois de passar o imponente alto da Perdiz, voltamos a abandonar a autovia para nos reencontrarmos com a Nacional e uma nova inscrição de estrada cortada.
Por acaso, pelo aspecto da coisa, a estrada parecia abandonada, sem qualquer manutenção, e com poucas marcas de transito.
Mas só quando o asfalto acabou é que nos rendemos há ideia de que o melhor era voltar para tras!
Mas prontos, íamos animados, porque o troço de Aluenda até Calatayud nós sabíamos que estava transitável.
Não queríamos acreditar que pelas obras na ponte que passa por encima da Autovia, não se podia fazer esse pedaço da Nacional II!
Pronto, lá saímos na saída de Calatayud para entrar definitivamente na velha estrada. Até Castilla y Leon não pisaríamos mais a Autovia.
E já agora, em Calatayud encontramo-nos com o Rio Jalon para o seguir até ao seu nascente!
Depois de Calatayud, Ateca!
Ateca, para alem de ser importante marco do Caminho del Cid, tem umas quantas torres mudejar que tem a particularidade de nenhuma estar direita!
O “casco antigo” merece uma visita detalhada!
A Nacional II contorna os montes pelo vale do Rio Jalon, subindo o seu leito e ao longo do seu trajecto encontramos povoações que chamam há atenção!
Bubierca, com a sua igreja no alto obrigou-nos a parar!
Desde o alto, a vista é tremenda, avistamos o rio que contorna os montes, a velha nacional e ainda a linha ferroviária que outrora, antes do AVE aparecer, era de uma importancia vital.
Prontos Dorothy, vamos embora…
Mas!? E agora?
“Ó Mãe, lá na escola chamam-me cabeçudo!
Ó filho, corre atras deles e arreia-lhes!
Não posso!
Porquê filho!?
Eles metem-se sempre por ruelas estreitas!”
Tive que desmontar as laterais para passar.
Estamos sempre a aprender, mas que me ensinassem duas vezes no mesmo dia (em poucas horas) que uma mota não cabe em qualquer buraco era obra!
Não foi tirada ao acaso!
Esta foto é precisamente um momento de transição.
Aqui acaba a montanha (temporariamente) e o vale ganha largura e planicie. Alhama de Aragon é uma estancia termal, com agua que ajudam a curar a problemas derivados do Reumatismo e um dos primeiros povos de Aragão ao entrar neste territorio. Um pouco mais há frente entraremos de novo na Autovia para numa quarentena de km, para a abandonarmos definitivamente até ao nascimento do Rio Jalon!
É uma pena que este tremida, pois esta imagem tem um enquadramento espactacular.
De Somaen até Medinaceli, o Jalon é apertado por duas paredes de rocha, a Nacional II passa por cima deste varias vezes em poucos km.
A estrada corta a rocha em varios pontos e outras vezes contorna os enormes rochedos, serpenteando de forma literal há medida que o terreno se impõe.
Era tempo de diversão, as curvas, uma estrada desabitada, um piso aceitavel e uma mota que adora curvas rapidas. Dá para adivinhar não dá!?
Quando chegamos aqui já vinham os cavalos todos com a lingua de fora!
Este é o Arco de Medinaceli, tão milenar como a povoação em si.
Foi construido pelos romanos, este arco representava entre outras coisas a fronteira administrativa entres as provincias romanas.
La no fundo, está o vale do Jalon onde este ganha corrente e força para atravessar grande parte do massiço Iberico até ao vale do Ebro!
Medinaceli tem uma historia medieval importante, não fosse aqui que há registro da agonia do tirano Almanzor.
Caminhar por entre as suas ruas a esta hora da manhã ainda é possivel, pois o calor ainda não é sufocante.
Uma igreja de estilo romanico que outrora foi mesquita.
Foi aqui que Almanzor resistiu aos ferimentos da batalha de Calatañazor, mas a sorte não esteve do seu lado, acabando por secumbir, deixando o seu extenso imperio há deriva!
Apesar de parecer, aqui não estavamos há deriva, estavamos há procura de fazer uma foto digna desta paisagem.
E foi assim que nos despedimos de Medinaceli!
E aqui está!
Uma nascente limpida e energica, aguas frecas que brotam da terra para descer até ao mediterranio via Ebro!
Aqui nasce o rio Jalon, responsavel por uma boa parte do cereal aragones, pelo engordar de quase toda a totalidade de fruta aragonesa, desde os melões até há uva dos vinhos do Campo de Borja!
Ao lado do seu leito, o Homem fez nascer povoações de diversa importancia, como Medinaceli, Arcos de Jalon, Alhama de Aragon, Ateca, Calatayud ou Epila!
Mas como iamos de caminho há capital espanhola, a nossa curiosidade não ficou satisfeita e como o mapa de França pouco nos podia dizer sobre o que encontrar no caminho até Madrid, fizemos uso da nossa bagagem camionista para desencantar uma casa feita, ou melhor, escavada num duro e massiço rochedo na povoação de Alcolea del Pinar, situada a 1208m de altitude!
Um exemplo da determinação de uma pessoa, que acabou por obter um retorno institucional.
Agora, satisfeita a curiosidade e como não queriamos aturar uma autovia aburrecida e cheia de policia, desviamos caminho até outro sitio de reis, fadas, cavalheiros e donzelas!
Foi só um foto fugaz e outro pin no mapa (desta vez o de Espanha).
Singuenza é uma cidade medieval, cheia de Historia e de um explendor que ganhou uma visita detalhada!
Mas o pior de isto tudo são a estradas!
Cheias de curvas, de bom piso, paisagens de morrer, que tortura pessoal, até tenho sonhos com aquelas curvas…
A estrada leva-nos à Autovia. Leva-nos a um ponto, o km 103, onde uma “Venta” resiste há passagem do tempo. Não é só um ponto de referencia para os Camionistas, é uma paragem quase obrigatória no caminho a Madrid, onde se come bem e se podem encontrar quase todos os serviços relacionados com o facto de se estar a viajar de um ponto para o outro!
Já tinha pouco tempo para ir buscar a “novia” a faculdade de Madrid (Complutense), mas ainda parei para fotografar o bonito castelo de Torija. Tenho pena mas Guadalajara, Alcalá e San Fernando terá que ficar para uma proxima.
Sabem quem é este!?
Um “cabezon” chamado Francisco de Goya!
Nada de especial, um tipo que pela sua obra me dá vontade de viver nos tempos em que viveu!
Querem saber para onde esta a olhar!?
Para aqui!
Este é o Museu Nacional do Prado, onde estão expostas obras de Dali, Goya, Velasquez, El Greco, entre outros!
E esta é a Dorothy, que foi testemunha de um fim de semana cultural que vivemos apartir do momento em que fiz esta foto..
Contaremos mais sobre Madrid no futuro, mas agora foi para tomar um banho de cultura em sitios onde não se pode fotografar, pelo que pouco podia adiantar que fosse relevante para este relato….