Pirineus (parte 4)- Honda Instituto de Seguridad

Estar a viajar e dormir em hotéis é algo que ao que já me acostumei.
A parafernalia matinal de montar as malas, deixa-las na Dorothy, tomar o pequeno-almoço e entregar as chaves do quarto hoje teve um sabor amargo!

Os mentirosos da metereologia tinham dado uma probabilidade de chuva de 90%. E não é que os gajos adivinharam!?

Justo no dia onde eu ia ser formando, num curso de condução do Honda Instituto de Seguridad!? Mas, se chove estes gajos não vão querer dar o curso por motivos de segurança!!!

Até me custava engolir o croissant com queijo e fiambre (bem atestado)…
Eu ainda tentava empurrar com o leite com café que preparei, mas sempre que na recepção se abria a porta e deixava entrar o ruido das gotas a cair no chão lá fora tinha vontade de regujitar!

Quando sai com a Dorothy da garagem do hotel, caia uma chuva molha tolos, mas o chão já estava empregnado do liquido elemento. Tinha chovido toda a noite!
Mecagoentodoloquesemenea!!!!
Pior que tudo foi que, à medida de que me ia aproximando do HIS (Honda Instituto de Seguridad) as gotas passaram a cair na mesma cadencia, mas com uma “caudal” superior. Tanto que cheguei ao local já molhado nos braços e pernas!

65 Pista Asfalto

Esta é a pista de asfalto….
….completamente molhada!

Ao fazer a confirmação da inscrição, previamente paga, fiquei a conhecer o funcionamento das instalações.
O complexo é composto por 3 pistas, duas de seco e uma de molhado (sendo esta ultima com um coeficiente de aderencia reduzido), as pistas secas, uma é asfaltada e a outra é de terra.

67 Pista terra

A pista de piso molhado serve unicamente para procurar os limites, fazem-se exercícios de travagem de pânico e em pisos muito deslizantes, sempre com piso molhado. O objectivo é que saibamos qual é o limite que marca o equilíbrio e a queda, e depois ir treinando a travagem de forma a torna-la progressiva em potencia e por consequência eficiente.

Na pista asfaltada, mais tarde soube que dão cursos com esta pista molhada, tem umas marcas para simulação de situações diarias na condução da mota. Nela fazemos os tipicos slolons, aplicando as tecnicas explicadas na parte teorica, como e onde olhar quando conduzimos uma moto, como curvar e como travar com e sem ABS.

Na pista de terra, dão-te noções basicas de como conduzir uma moto de todo terreno.

O resto do complexo está contido num edificio, donde podemos ver as motas utilizadas no curso.

68 Garagem

Algumas joias da coroa….

69 Garagem 2

Para alem de tudo isto, no piso superior, temos balnearios onde podemos guardar casacos, capacetes, tomar banho e trocar de roupa, salas de practicas com as motos robot e sala de aula teorica.

70 Gold Wing

Quem nos recebe é esta menina, todo um referente de segurança no mundo das motos!

71 Scooters

As meninas com que se dão os cursos de Scooter

72 Motos

E as meninas dos cursos de iniciantes e curso medio!

Isto não é bem assim, porque as motos vão rodando para que o parque se mantenha atualizado em materia de tecnologia.
No curso que fiz (curso medio) haviam NC750S e CB500S.

Na aula teorica foi-nos dado a saber que comportamentos devemos ter com o elementos metereologicos, a adoptar uma posição adecuada, as noções de “pendurismo” (a explicar aos penduras obviamente), distribuição de pesos e carga na moto, etc.
Passamos então as simulações para testar algumas das teorias ensinadas de forma virtual e depois é que saltamos para cima delas.

Quando descemos as pistas o S.Pedro andava com o secador a secar o asfalto. A chuva deixou de cair e o vento quente deixou a pista em seca em pouco mais de meia hora, facilitando assim que o pleno disfrute e diversão em aprendizagem.
Afinal de contas o objectivo da chuva matinal foi deixar a pista lavada e limpinha para que o curso fosse um sucesso!
Inicialmente tive o prazer de conduzir uma CB500S, mas depois roubei uma NC para ver se era tão boa quanto diziam….
Os exercícios eram todos eles fáceis, rápidos de assimilar e de muito práticos para o dia a dia.
Gostei muito dos exercícios de travagem donde notei uma melhoria em respeito ao que já fazia e admirei-me quando me explicaram com exemplos práticos coisas que já fazia inconscientemente.
Nas travagens em molhado, a vitima foi uma SH300i (Scoopy grande) com as rodinhas de lado, onde podemos sentir, sem cair como actua o ABS em molhado e como podemos actuar progressivamente sobre os travões de forma a reduzir a distancia de travagem sem que o ABS salte. É espantoso ver que, ao seguirmos a directivas do Jordi (instrutor), as distancias de travagem se reduzem, paramos a moto em segurança e sem que o ABS actue.
Ao final, fizemos uma corridinha de lentos onde me piquei com o Jordi!

73 Diploma

Na cerimonia de entrega dos diplomas, Jordi frisou que me queria voltar a ver num curso avançado, dado que eu fiz a opção errada ao escolher fazer o escalão medio.
“As tuas habilidades estão acima de alguns que vem fazer o avançado!”

Depois do bem bom dos últimos 4 dias, era hora de voltar para casa.
De Santa Perpectua de Mogoda a Zaragoza existem muito kms, que percorremos em pouco tempo, a velocidades vertiginosas que cumpriram sempre com o limite imposto pelas leis.
Quando cheguei a casa deparei-me com a casa vazia, a cheirar a limpo e sem sinais de estar habitada há já alguns dias.
Resignado com a possibilidade de a rapariga ter-se ido embora, ainda ganhei coragem de lhe pedir uma satisfação:

-Estou!!!
-Podias ao menos dizer que te ias embora!
-Embora!? Eu estou em casa!- disse admirada- Onde é que tu estas?
-Isso pergunto-te eu? Eu estou em casa!!
-Rui! Em que casa!?
-Porra pá.-disse irritado ao deparar-me que tinha entrado no apartamento que deixara vazio, porque tinha juntado os trapinhos com a miúda – Enganei-me na casa!!! Espera lá que eu já vou, tenho muitas aventuras para te contar!!!!

Pirineus (parte 3)- O Sr Montseny

E não é que amanheceu a chover?
Foi a primeira coisa que fizemos no dia…
Mandar uma rogatória ao S.Pedro!

44 Ermita

Não funcionou!
Ao ganharmos altura este foi substituindo a chuva pelo nevoeiro.
Visto que a rogatoria não funcionou, mandamos um requerimento:

“Queremos SOL!!!”

45 Vale

Prontos! Prontos!
Não se enerve!

Onde iamos!?
Ao Pas de la Casa!

46 Vaca

Não olhem para as vacas!
Mania de estar sempre a olhar para onde não devem….
O objectivo desta imagem é a curva e os picos la ao longe ok!

47 Pas de la Casa

Port de Envalira!?
Mas, não era Pas de la Casa?
É! Mas não é!
A povoação começa aqui, mas a montanha chama-se Envalira.
Coisas que só um Andorrano pode entender….

48 nevoa

E agora?
Passamos de requerimento ao protesto deliberado?
Não chovia é certo, mas estava um frio de rachar e o nevoeiro estava, inevitavelmente há minha espera!
E não!!!
Não vos vou falar da infinita beleza desta imagem!
É bonita não é!?

49 Montanhas

Por incrivel que pareça estou no mesmo local, mas desta feita virado a sul, para onde o S. Pedro tinha levado o sol!
Hoje era um grande dia, porque iamos conhecer a s curvas do Maciço Volcanico e o Sr Montseny!
Mas primeiro teriamos que entrar em França saindo da Andorra pelo Pas de la Casa e fazer uma reeentré em Espanha pelo Puymorens!
Ao chegar a uma retunda em Pas de la Casa, já inmersos num denso nevoeiro, deparamos com os jardineiros do local!

50 Jardineiros

Ao parecer, para eles os corta relvas eram obsoletos. Não tive foi oportunidade de constatar se a relva estava bem aparadinha, tambem para não irritar ou insultar o orgulho profissional dos tres jardineiros que tão decididamente cortavam a relva!

51 Puymorents

1915 metros de altitude….
5ºC de temperatura, no dia 2 de Septembro…
Motard Sofre!

52 castelo

Tambem houve idade media por estes lados!

53 Catalunya

Catalunha é Aragão!

54 Selva Volcanica

Voltamos há diversão!
Já fora dos Pirineus, rumando a sul em direcção ao Mediterraneo, existe um maciço rochoso chamado Macizo Volcanico.
É uma extensa area de montanha com frondosos bosques e estrada cheias de curvas. Pois é precisamente essa a parte que mais nos interessa. Às curvas, juntas o factor de que são pouco transitadas e a diversão esta garantida!

55 Col de  Buc

Foi tão bom que esquecemo-nos das fotos!

56 Curvas do buc

Esta foi tirada um pouco antes de parar para almoçar uma Botifarra a la Brasa com Ali Oli!
Espero que a rapariga não chegue a saber que caí nestas catalanisses!

57 Sr Monteseny

Depois de comer ia fazer uma visita ao Sr Montseny.
De todo o condado de Barcelona era o ponto mais alto, com mais de 1700m no Turó del Home.
Como cartão de visita, aos motociclistas, o Sr Montseny oferece estradas bem asfaltadas paisagens a condizer. Só era preciso que o S.Pedro colaborasse.

58 Floresta

Exceptuando nos seus pontos mais altos, esta montanha esta revestida por uma densa mata que dá habitat a inumeras especies animais, como podem ser os veados ou os javalis.

59 Curvas da Floresta

Mas o que aqui nos interessa, são as curvas, encadeadas, kilometros de curvas numa coreografia incessante!

60 Curvas da floresta 2

Ao chegar ao Turó del Home, o nevoeiro corta por completo a visibilidade mas a teimosia não cessa!

61 Vol del Home

Pronto!
Esta visto que não vou poder disfrutar das tuas vistas…
Vamos embora!

62 Montseny

Na descida passamos pela povoação que tem o mesmo nome da montanha.
Nada de especial, tirando o facto de que esta rodeada por estradas fabulosas!

63 Paisagem Montseny

E foi assim que nos despedimos do Sr Montseny, olhando para o mar, num dos multiplos promontorios que nos oferece.
Daqui não ha nada a contar, salvo que o hotel tinha uma recepcionista com uma bicilindrica capaz de fazer inveja ao 106 polegadas cubicas da Harley!

Pirineus (parte 2)- Andorra

O hotel foi uma triste alegria….
Estava cheio de turistas portugueses, que falavam alegremente das suas aventuras de reformado com os empregados de mesa, que eram portugueses, ou com a rapariga da recepção, que tambem era portuguesa. Até o cozinheiro, que fez o obsequio de se preocupar com a satisfação dos comensais, era um declarado Alentejano de Borba!
Sinceramente não estava com pachorra para tanta alegria lusitana, por isso tratei de jantar e tomar o café na cafetaria:

-Un Cortado con la leche del tiempo!
-Si Senhor!- mas aquilo suou mais a (-Sim senhore!)
Queres ver que este é portugues?
-Tu de donde vienes!?- perguntei- Eres Portugues o qué?
-Si, da ciudad do Porto!- respondeu num explicito “portunhol”…
-Muy bonita la cuidad si señor!- e quando este se dispunha a falar da sua beleza barroca… -Cuanto le debo?
-Um euro e medio!- mas não lhe dei oportunidade, pois o dinheiro ja estava no balcão e eu já me dirigia aos quartos.

Não tenho nada contra os turistas ou imigrantes portugueses, eu mesmo sou um imigrante. Mas não estava com pachorra para estar a comentar de donde era, como vim cá parar e que fazia em Andorra.
Ao passar pela porta de entrada reparei que já chovia, coisa normal nas tardes pirinaicas de fim de verão.
Sai para ver o ambiente, beber mais um café e ver os cús das Andorranas!

A manhã levantou-se cinzenta, o ceu estava coberto por uma nevoa que fazia pensar que iria chover a qualquer momento.
Pequeno almoço tomado, Dorothy com os cavalos quentes, telemovel a servir de GPS e bota lá então!

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Andorra, encontra-se situada nos Pirineus, tendo practicamente os seus limites a Bacia Ideografica do Gran Valira, com um area que não chega aos 500km2.Tem dois chefes de estado e um regime democratico que funciona tendo em conta os 6 “destritos” que compõe o seu territorio. Mas deixemo-nos de tretas…
O que de melhor Andorra tem são as montanhas!
As montanhas e as curvas que temos que fazer para lá chegar!

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E é aí que eu quero chegar!
Hoje o objectivo é fazer quase todas as estradas andorranas, que conduzem na maioria às estações de Sky, ou sku (depende da preferencia) que existem em quase todas as partes do territorio.

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Por casualidade, pura e simples coincidencia, visitava Andorra em vesperas do Campeonato Mundia de BTT e de uma das etapas de montanha da Vuelta Ciclista a España!
Aqui está Dorothy, à entrada do Padock onde se concentravam os ciclistas do campeonato de BTT.
Visto isto, para elém da estrada estar meio molhada, meio seca, era prudente contar com a presença dos inumeros fans ciclistas, tanto dos velocistas como dos gajos do mato, o que aconselhava a ter mais cuidado em estradas que há priori estariam meio desertas.

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Mas quase tudo foi esquecido quando comecei a ver paisagens como esta!

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E a fazer estradas como esta!

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O sol começava a raiar e tinha esperança de que secasse a estrada para um deleite superior!

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Ja acima dos 1800m a paisagem só é habitada por animais, os seus pastores e os postes dos teleféricos que elevam os esquiadores para as pistas.

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Quando o asfalto acabou o GPS indicou de que tinha acabado de entrar em território espanhol.
Estava a 2000m de altitude.

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Ao longe este senhor equestre convenceu-me a não avançar. Era suposto que depois desse houvessem mais e o seu comportamento pode não ser o desejavel. Não convem ter que ajustar contas com algum cavalo cansado de puxar alguma carroça e que se queira vingar em mim.

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Montanhas e curvas…….
Que mais podemos ter!?

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Uma mota bonita!

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E mais uma cota de 2000m no lombo!

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Aqui, a quase 2600m, chovia uma chuva molha tolos!
Mas descer valeu bem a pena!

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A estrada já estava quase totalmente seca e as curvas gritavam por nós!

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Descemos até Ordino, para desviar à esquerda e subir o Alto de Ordino nas vesperas dos escaladores de la Vuelta!

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Não podemos simplesmente resitir!
Paramos para gravar esta paisagem.

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E pronto!
Em quatro horas apenas percorremos as estradas de montanha mais importantes de Andorra, estando a mais de 2000m de altitude por 4 vezes e guardando o mitico Pas de la Casa para amanhã!
Agora era altura de ir vitaminar e conhecer o pior de Andorra!

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O pior de Andorra como se diz! Estas extensas zonas comerciais são o pulmão do principado. Nele podemos encontrar de tudo, ou quase tudo, a preços teoricamente convidativos.

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Este é centro de Andorra la Vella, onde cada edificio é um Hotel e cada armazem um centro comercial donde os desportos de inverno predominam. Mas para nós motociclistas também há muita oferta!

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Que o diga esta montra!
Pobre desgraçado que ficou sem a Vespa!
É o que eu digo!
Para um homem ter problemas na vida, basta ter uma mulher!

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Dois exemplos claros de que tambem existem motos para as mulheres…

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O Gran Valira!
Este tudo o que esta a volta deste rio é Andorra!

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Eu a vestir um casaco que teoricamente tinha roubado!
Como era Verão e saí de casa à pressa, não me lembrei de trazer um casaco ligeiro para um dia encoberto!
Entrei numa loja da Pull&Bear e comprei um casaco para o desenrasque:
-Tire-lhe as etiquetas e tal que levo-o já vestido- e a rapariga assim o fez.
Tirou tudo menos o alarme.
Paguei e apressei-me a sair, e à saida o alarme tocou, mas nunca pensei que fosse por minha culpa. Ninguém veio a correr atras de mim nem nada….
Só depois, mais tarde, já em Zaragoza é que reparei que o pin do alarme ainda ali estava posto.
Desloquei-me a uma loja da Pull&Bear com o Ticket e o funcionario prontamente retitrou o dito cujo!

Pirineus (parte 1)- La Trans-Pirinaica

Estar de ferias é muito chato.
Não ter hora para te levantar, para te deitar, fazer a comida sem o stress do relógio, programar os dias com calma, sem improviso e preocupações, namorar, oferecer flores à miúda, ver o mundo com outros olhos….
Tudo muito aborrecido!
É então que eu começo a sentir a nostalgia do Adagio para Cordas de Barber e o mundo verde e cheio de flores começa a ficar cinzento, sombrio e assustador!
Já me dispunha entregar o meu pescoço ao verdugo quando a Cavalgata das Valquirias começou a contaminar tudo com alegria e energia, e no horizonte aparece uma linda égua, toda ela negra, com a crina grisacea, de cavalgar imponente e majestoso, preparada para me salvar do verdugo:

-Acorda….
-Acorda!!!!
-Eu não sou a Dorothy, para de me puxar os cabelos!!!

Isto não se faz!
Precisamente naquele momento em que me dispunha a montar aquele belissimo animal a mulher atira-me da cama a baixo:

-O raio dos ciumes, pá!
-Que ciumes
– dizia enquanto tentava recolocar o couro cabeludo- Estavas a sonhar com o raio das motas e a puxar-me os cabelos!
-Qual mota, qual carapuça mulher! Era uma égua!
-Não quero saber nada disso. Quero é dormir descansada que não tarda, tenho que ir trabalhar. Infelizmente não tenho a sorte de estar de ferias!

Enquanto se deitava de novo no ninho, eu fui há casa de banho…
Espera lá!
Ela tem razão!
Eu estou de ferias!

Passadas duas horas ela baixa à cozinha e junto ao tabuleiro onde estava o seu pequeno almoço estava um bilhete que gritava:

FUI-ME EMBORA!
ESTOU DE FÉRIAS!
MAMO-TE (quando volte)!

P.s.:
Como tenho o curso na quinta e hoje é segunda….
Como estou de férias e não tenho nada para fazer…
Como deves estar chateada comigo por te ter puxado os cabelos, decidi ir dar uma voltinha, fazer alguma coisa e assim dar-te tempo de acalmar o fel!
Fui com a Dorothy!
Não te esqueças de dar uma vista de olhos na Dulcinea e na Maria todos os dias, ok!?
Dá de comer ao piriquito ok!?

P.s.2:
Nós não temos piriquito!

Preparar uma viagem em pouco mais de duas horas, durante a madrugada e influenciado pela sonolência pode resultar catastrófico, por isso revia mentalmente o que tinha posto nas laterais da Dorothy.
Por sorte estava tudo, desde a roupa, o fato de chuva, a bolsa de barbear,o mapa da península, a câmara e a tablet com os livros electrónicos.

1 Saida

Só ainda não sabia onde e como preencher o meu tempo, mas a placa da Autovia punha Huesca e por lá se vai para o Monrepos!
Para já era por lá que iriamos. Depois consultariamos o mapa!

2 Monrepos

Cá estamos!
A partir daqui a estrada, a pesar de estar em obras, é um manto de diversão. Vinte km de curvas rapidas que desenham vários ganchos com inclinações de medo!
Pouco a pouco começo a desenhar na minha cabeça o mapa da viagem.

3 Desvio

À direita do Monrepós, a norte da cidade de Huesca, ergue-se o maciço rochoso de Guara, desconhecido por mim, mas que pelo mapa tinha por lá umas estradas interessantes e umas paisagens que foram uma surpresa.
Outro detalhe interessante são as povoações, habitadas geralmente por pessoas idosas e cujo numero de habitantes por vezes não supera a dezena.

4 Policia Local

Paramos num deles, onde o “Policia Municipal” tratou de avisar os habitantes da presença do intruso!

5 Pueblo

Casas frias no verão e quentes no inverno….
A pedra destas casas, para alem da robustez, confere uma camuflagem natural. Este pequeno aglomerado, dificilmente se distinguiria visto desde um avião.

6 Rio Escarpado

Começamos a ganhar altura e o rio que nos acompanhava esforça-se por descer o monte, saltando de pedra em pedra.

7 Vale do rio

Neste caso, trata de desviar-se dos obstaculos, alguns deles com alguma tonelada de peso, mesmo que para isso tenha que passar forçosamente por debaixo deles.
Mas a estrada trata de nos deliciar com curvas e mais curvas….

8 Curvas 1

Paisagens e horizontes acidentados…

9 Paisagem

Onde a agua e a terra lutam com as suas armas para dificultar a vida um do outro, proporcionando espectaculos como este.

10 Queda de Agua

E no meio disto tudo há sempre quem se dispõe a desafiar as regras que a natureza nos impõe.

11 Alpinistas

Estes montanhistas, ou barraquistas (como dizem os aragoneses), dispõem-se a descer por esta garganta!

12 Altura

Enquanto disfrutava deste cenário, respirava este ar puro, pensava na miuda!
Como deve ter reagido com o meu bilhete?
Com que humor foi trabalhar?
Bem, não pensemos em problemas e coisas tristes!
Quando desperto deste pensamento vejo que havia uma CTX parada ao lado da Dorothy!
Admirando a mesma vista que eu, um senhor de 50 anos, fumando o seu cigarro cumprimenta-me com um timido “Hola!”.
Foi assim que conheci Enric, um montanhista catalão, que fazia pouco que tinha descoberto a melhor forma de viajar. Viajar de mota, para ele, foi um acto de liberdade, uma forma de expandir os seus horizontes sem ter limites!
Andava por ali, porque gosta de ver as paredes rochosas. Tinha estado em Jaca e traçou esta rota porque achou a estrada interessante:

-Não defraudou em absoluto!- disse.

A partir dali, fomos juntos, cada qual a seu ritmo, até Sos, onde paramos para vitaminar.

13 CTX e VFR

Depois decidimos fazer companhia um ao outro, programamos uma parada em Sort, e as que nos desse na vontade para tirar fotografias, fumar ou regar uma arvore.

14 Curvas 2

As curvas seriam mais divertidas e as paisagens mais bonitas!

14 Montanhas

A N260, que liga a costa catalã há costa vasca, atravessa os Pirineus de cabo a rabo, sendo conhecida como a “trans-pirinaica” e é adorada por motociclistas e ciclistas, pelo seu traçado e pelas cotas de altura que atinge!

15 Creu de Perves

A estrada, depois do alto de Creu de Perves, desce abruptamente, numa sequência de cotovelos e curvas lentas até chegar ao vale de Sort.
Dorothy ainda desafiava a CTX mas esta não era fã dos andamentos desportivos, começando logo a roçar com os deslizadores no asfalto.
De vez em quando escapavamo-nos de Enric e a sua CTX para a dose de curvas, mas, assim que parasse para fotografar ela passava por nós com ligeireza e elegância.

16 Bruxa de Ouro

Este sitio tem fama de trazer sorte!
Nesta pequena vila Pirinaica de Sort, está Administracion de Loterias del Estado “La Bruixa D’Or”, pode-se orgulhar de ter a fama e o record de ter distribuído o maior numero de “Gordos” da Loteria de Navidad. Num total 4 vezes, sem mencionar segundos, terceiros e quartos prémios, que totalizam varias dezenas de milhares de milhões de Euros e das antigas Pesetas!

17 Bruxo

Este senhor é o proprietario da Administracion e primou por ser uma pessoa simpatica, simples e humilde.

18 Sort

Deixamos Sort, subindo pela montanha, continuando pela N260 e o seu excelente traçado….

19 Vale de Sort

A tarde já tinha passado o seu equador e Enric dizia que me abandonaria en La Seu D’Ugell para rumar há cidade condal.

20 El Cantó

Esta foi a cota mis alta do dia, a 26km de La Seu. E que 26km de curvas….
A descida é impropria para cardiacos, com rampas de 12% quase sempre limitadas por cotovelos e curvas lentas que fazem aquecer os discos de travão em travagens prolongadas e mordazes.
Os pulsos já acusavam algum cansaço e o desconhecimento da estrada apelavam há precaução.
Uma vez chegados a La Seu D’Urgell, despedi-me da excelente companhia que foi Enric, trocamos dados para não perdermos o contacto e ficamos de nos encontrar em breve.
De La Seu D’Urgell eu apanharia direcção a Andorra la Vella em busca de uma cama onde descansar os ossos.

Uma Barrigada de Curvas

La em casa eramos cinco.
O Chico Galito, venenoso, provocador, capaz de derreter um cubo de gelo com o olhar e o tempo necessário para que este se derreta, contundente e inteligente, um verdadeiro diplomata politicamente incorrecto!
A Escrava Isaura (Bruxa nos momentos de carinho) um poço de ternura, atenta, preocupada, sempre disponivel, trabalhadora incansavel, paciente e com uma “talocha” que punha tudo em sentido.
O mais velho, olhos azuis penetrantes, bruto, feio, engenhoso, convencido e com um coração tão grande que muitas vezes não lhe cabia no peito.
O do meio, estudioso, amante das boas leituras, recortador-mor de jornais, politico, revolucionario, defensor de boas causas, trabalhador de andar traquina, uma rachadela na cabeça que pos fim à saga Mini cá em casa, carinhoso, sensivel, cabeludo e de confiaça.
O mais novo, traquina, inteligente,irreverente, dos que gosta de ver o circo pegar fogo, estratega impulsivo, comunicativo, imaginativo, copinho de leite, problematico com as mulheres, amante de todas as motas que ja existiram e hão-de existir, estudioso das motas, condutor das motas (principalmente), mecanico das motas, lavador das motas (e tudo mais terminado em Motas), para alem de provocador, venenoso e pensador.
Conseguem perceber agora porque é que, depois de conhecerem o meu componente familiar, me pode acontecer tudo e mais alguma coisa!?
Já agora, voces conhecem a Maria Amelia?
Maria Amelia foi a mota que o mais velho comprou quando soube que a Dorothy ia viver para a minha garagem. Mas foi sol de pouca dura, pois o mais velho não podia ficar atras do mais novo!
Na noite de Botorrita, os dois foram fazer as famosas curvas cuja povoação lhes dá nome e a frustração foi tão grande que ele se confessou:

-Tenho que ir buscar uma coisa dessas pá! Esta mota não me deixa curvar como eu quero!
– Já te disse que mudasses esse pneu dianteiro, o pneu esta triangular e é de uma marca diferente do traseiro. É normal que não te dê as sensações que procuras e por isso não tens confiança na mota.
-Não é nada disso pá! É a mota pá, vou muito recto, não é uma posição desportiva que te ajude a curvar…..

O tempo foi passando e o Verão chegou. Ou seja, tempo dos tótós andarem todos à solta…
E como o pessoal anda todo com a lua de ir curtir umas curvas de mota o mais velho encontra num stand uma belissima VFR800 V-Tech e sem exitar compra-a.
E é assim que chegamos aos dias de hoje, onde vos passo a contar como conheci a Gertrudes!

(Com isto já ganhei um empalamento (ou varios), dado que já escrevi mais de um paragrafo sobre uma barrigada de curvas.)

Como é normal por aqui em Aragão o dia começa pela manhã, com o nascer do sol mais ou menos entre as 6h e as 7 da manhã.
Ora hoje, Domingo, estava combinado os manos se encontrarem na primeira “gasolineira” da N330 em direcção a Huesca. O telemovel desperta-me ao som de um dos solos mais brutais de todos os tempos (Meastreted- Deep Purple), o que me faz acordar para a vida algo sobressaltado mas logo com a pica toda!
O sol, esse já era uma enorme laranja que se elevava no horizonte.
Depois do protocolo de despertar, beber o cafe, atirar-me pelas escadas abaixo e descer pelo elevador, a fazer o pino, até há garagem, finalmente encontro a Dorothy que trata de saudar com choque estatico!
Montados nela, motor quente, cavalos já com vontade de sair dali para fora, olho para o relogio que me alertava para a necessidade de me despachar.
Chegados ao ponto de encontro procuro uma VFR branca e nada!
Olho para o relogio 8:05….
Vou esperar 10min!
Bebi café, falei com o pessoal que estava tambem por lá para ir passear de mota, volto a olhar para o relogio e este gajo sem aparecer….
Telefono e nada!
Raios me partam lá o raio que o partiu em mil bocados com cimento cola!
O telefone toca e do outro lado oiço uma voz languida e atordoada:
-Estou….. Estou a sair de casa!
-Adormeceste seu morcão! Para a proxima vens tu a minha casa!
-O que é!?- disse tentando dissimular um bossejo- Eu já vou estou a sair de casa!

2 Dorothy e Gertrudes

Meia hora depois!
E ainda por cima sem tomar café!
-Agora temos que ir ligeirinhos, não é!?
-Se quieseres vais tu, mas a esta hora já os radares estão todos acordados, aqui na auto-via aconselho-te a teres cuidado!
-Então vá, vamos embora, vai há frente!

Era só o que faltava, marcar o caminho ao dominhoco.

2 Monrepos

Os 80km que separam as fotografia foi o suficiente para amainar o fel e agora já só pensava na descida de Monrepós, com os seus cotovelos vertiginosos durante uma boa vintena de km até chegar quase a Sabiñanigo. Depois começavamos a subir de novo para Jaca, onde desviariamos caminho em direcção ao “arame farpado” com a republica francesa.

3 Pirineus Jaca

Por ali estava o vale do Rio Aragon, onde se diz ter germinado o gene aragones…
Subiriamos por esse vale até ao principal objectivo do meu irmão, que era a estação de Canfranc, que se encontra abandonada desde há muito, mas que por si só, significa um periodo importante na historia industrial de Aragão, mas tambem pela sua arquitectura e o seu tamanho que a tornam quase tão colossal como as monatanhas que a rodeiam.

4 Canfranc

É, de facto, gigantesca e para ela se fala em planos de reabilitação e inculsivé de reactivação da linha ferroviaria…

5 Canfranc 2

Satisfeito o carpicho do mano velho, era hora de oferecer mais uma internacionalização há Dorothy.

6 França

A ideia consistiu em fazermos o enorme e aborrecido tunel de Somport, saindo do lado frances e depois voltando a Espanha pela estrada velha!
Foram 16 km de curvas e paisagens…

7 Montanha Ruiva

As paisagens esperam sempre por nós, assim como eu tinha que esperar pelo meu irmão, depois de argumentar que ainda se estava a adaptar há nova montada.

8 Montanhas

Aqui estão as meninas, depois de coroar os 1640m do Alto de Somport

9 Somport

Aproveitamos para beber uma cafezada e por as bocas em dia, para alem de planificar um bocadinho o final de manhã!

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Astun, estancia de sky….

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Um posto avançado do exercito espanhol, utilizado pelo destacamento de salvamento da Guardia Civil no inverno e cedido às instituições de protecção de menores como acampamento base para as ferias dos miudos mais carenciados.
Mas com uma paisagem assim, qualquer um vivia ali!

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Detras da Dorothy e da Gertrudes, as terras altas da Jacetania, um dos territorios de Aragon que menos conheço, mas donde se podem encontrar povoações singulares como Aisa.

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Povoações pequenas, mas com uma trama labirintica de ruelas e becos sem saida, que nos fizeram perder o norte e terminamos por sair de este por um caminho agricola, com atravesia de um leito de um ribeiro seco incluida.
Estava feito o baptismo da Gestrudes numa incursão pelo “todo terreno”.
Uma vez em Jaca, o objectivo era o grande Jabali, 35km de curvas cujas fotos jamais descrevem o prazer de as fazer. Por isso mesmo, não há fotos!
A cada curva o mundo e o horizonte mudavam de prespectiva, as vezes com um frenezim estonteante, Dorothy deixava no asfalto o seu binario, que me impulsionava para a frente, deixando para tras a Gertrudes e um condutor que, para alem de não conhecer a estrada, tinha um kit de unhas atrofiado pela idade.
Os anos e os km que fiz com ele já me davam confiança para estar tranquilo, que não se ia perder, e que não ira reclamar pelo ritmo imposto. A regra era simples. No proximo cruzamento espera-se pelo companheiro ou para que se volte a reunir o grupo.

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Neste caso foi ao final de este tunel, já em pleno vale do rio Gallego.
Paragem tecnica para contar impressões, recuperar o folego e beber algo fresco no bar que estava ali perto!

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O Vale do Rio Gallego é, nesta ocasião a porta de saida dos Pirineus, que nos devolve as planicies da Olla de Huesca, mas ainda tinhamos as ultimas curvas para fazer, que nos deixaram deslumbrados com estas paisagens!

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O Gallego e os Mallos de Riglos…
….algumas curvas mais tarde….

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E depois o “deserto”, um sem fim de campos secos, que mostravam ainda o restos da colheita do cereal numa planicie sem fim, percorrida por estradas secundarias que serpenteam pelo meios das povoações de caracter agricola.

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La atras os Pirineus, que tanto prazer deram em (re)visitar e nos protegeu do calor que agora nos asfixia!
Chegados a Zuera, a autovia foi o caminho mais rapido para chegar há Capital do Reino.
Ao final foram percorridos 400km dos quais mais de metade por estradas de montaña por sitios que eu aconselho a qualquer um de voces a visitar.
Quanto há Gertrudes, ela parece ter sido bem estimada, tem uma pintura singular e as jantes brancas dão-lhe un toque exclusivo, apesar de estarem condenadas a andarem sempre sujas!
Despois disto ficou a vontade de que ela seja uma companheira mais frequente e assidua, sempre que o dono se comprometa a levantar-se a tempo de não obrigar os demais a esperar por ele!