Adeus Dulcinea!

Naquela manhã Dulcinia convidou-me a ir dar uma volta pelos montes de Cuarte de Huerva.
Um manhã fresca, de sol, própria do Outono, com os caminhos secos, salvo uma ou outra poça mais profunda e os tipicos regueiros de outono formados pelas primeiras chuvas que anunciam a proximidade do inverno.
Dulcinea estava especialmente atrevida, subia com decisão os caminhos e sempre que os encontrava, metia-se pelos trillos do pessoal do BTT!
Quando os montes esconderam todos os sinais de civilização,  deixando a descoberto uma extensa area deserta, arida e agreste Dulcinea parou….

-Quanto tempo faz que nos conhecemos?
-Quase três anos….
-Aprendeste alguma coisa comigo?
-Sim! Todos os dias me ensinas algo novo. As sensações que me deste a conhecer no monte, onde as pedras, a lama e os imprevistos me ajudam no meu dia a dia!
-Sabes porque te trouxe aqui?
-Não!  Porquê?
-Eu cheguei a ti com um objectivo claro, mostrar-te uma vertente desconhecida do motociclismo. Como sabes eu sou uma pequena Trail Utilitária e não me nego a nada, mas tenho os meus limites.
-Eu sei e respeito os teus limites!
-Mas queres mais, pelo que considero que a minha missão contigo está terminada.  É tempo de ir…
-Mas… Espera! Eu gosto de ti, é certo que as vezes exijo muito mas…
-Sempre me trataste bem, adoraria continuar a partilhar a garagem com a Dorothy e a Maria das Curvas, mas eu fui construida para ensinar,  proporcionar novas experiências aos novatos e não a um veterano cu de beduíno como tu!
Adoras cada uma das tuas máquinas, mas eu já pouco faço aqui, tenho que seguir o meu caminho….
– Eu adorei ter-te na minha garagem e serás sempre bem vinda e por isso minha querida Dulcinea, por tudo isso, respeito a tua decisão. Mas deves saber que vou sentir a tua falta!
-E eu a tua! Nada de tristezas, enquanto eu não encontrar novo dono,  sempre podes passar lá pelo stand e falarmos um bocadinho! Agora vamos para casa,  que tenho que começar a reunir as minhas coisas….