The Lone Rider’s Day

Digamos eu me cansei de escrever barbaridades, desta vez, para ser diferente a mim mesmo vou escrever “comodevedaser”!
Era uma vez um individuo do sexo masculino com 38 anos que gostava muito de andar de mota. Mas infelizmente o seu trabalho deixava-lhe muito pouco tempo disponível para entregar-se os prazeres de levar com o vento na cara e a desenhar as trajectórias….. (isto é difícil)…. ……nas divertidas estradas da Comunidade Autónoma de Aragão…. (cansa bué)…. Houve então um certo fim de semana em que, depois de uma viagem esgotante à Polónia…. (arre ó égua, que suores frios)….este jovem decidiu que iria tirar um dia para sair e fazer um passeio…..
Qual passeio, qual carapuça!
Soltar a Franga!
Ora bem, isto de escrever “comodevedaser”, não tem nada de divertido, assim que back to basics, escreve como sabes, de forma anárquica e com bocas foleiras por tudo quanto é canto!
Pois bem meus meninos, aqui o “je” decidiu sair para soltar os cavalos do animal no domingo. Melhor, sair sem destino e sozinho:
-Tu vais onde!? Fazer o quê? Tu por caso já pensaste que talvez a tua namorada tenha planos para esse dia!?
-Mas… ….é que….!
-Nem mas nem meio mas, tens que combinara as coisas comigo para que eu não esteja sem saber as coisas, sabes bem que temos que dialogar para que não surjam este tipo de desencontros, e que o preço do creme para a cara voltou a subir e que a rapariga que faz a limpeza esta de ferias, por isso tens que me ajudar!
-Ok! Eu ajudo! Vou curtir umas curvas com a Dorothy e assim não te estorvo!
-Como te atreves a dizer isso? Pensei que fossemos um casal em que as tarefas do lar fossem compartidas!
-Pois, por isso é que pagamos a uma mulher a dias!
E com isto fechei a porta pondo fim à discussão.
Ora, como é normal aqui em Aragão, os dias começam logo pela manhã!
Dorothy descansava placidamente quando desci à garagem ao seu encontro. O GPS só ia ajudar em caso de emergência, o mapa de Aragão seria o meu guia, mas o meu guia principal seria o meu instinto.
Capacete nos queixos, Dorothy quente e bota que se faz tarde.

1-amanhecer

Eram pouco mais das 6 da manhã.
O café exerce em mim um efeito tranquilizante, permitindo que a minha alma de desapegue do meu corpo numa viagem que lhe permite visualizar a viagem que estou prestes a fazer.
O baixo Aragão é uma parte desconhecida para mim e como estou já à algum tempo sem escrever nada para a minha saga de cronicas Aragão por Lone Rider, era tempo de fazer um pequeno reconhecimento rodoviário para então retomar a saga.
Hoje não vão haver episódios nem pedaços da historia de Aragão a relatar, desta vez trata-se de curtir estrada e as paisagens que se nos apresentem diante dos olhos.

Voltamos a estrada para fazer parte do jogo de luz e sombras que me oferecia o amanhecer.
Eu não gosto de rectas, mas se antes de chegar ao aborrecimento há curvas, um gajo respira fundo e aguenta-se!
Assim é a estrada de Belchite, a sua parte inicial tem umas curvas ultra rápidas que permitem inclinações de medo, mas depois o horizonte é dividido por uma linha recta de Asfalto com mais de 15km de longitude.
Ao final da interminavel recta estão as ruínas de Belchite.

2-belchite

Até Lecera é outro bailado de sombras e trajectórias, com Dorothy a desenhar sombras dantescas no asfalto. A surpresa marcou presença na estrada para Albalate, um asfalto novinho em folha só para nós, que não podemos aproveitar como devia ser por causa do astro rei, que se levantava mesmo diante dos nosso olhos.

3-joteros

Dois Joteros, que dançam a Jota, dando as boas vindas a quem visita Albalate de Arzobispo.
Esta povoação tem um castelo que tentamos visitar.

4-entrada-ao-castelo

Coisa que não foi possível….

5-igreja-matriz

A Igreja Matriz, consagrada a Virgen de los Arcos, com uma monumental torre Mudejar.

6-albalate-del-arzobispo

Ao sair de Albalate, Dorothy pousa para a câmara, para imortalizar o Castelo la no alto.
Saídos de Albalate de Arzobispo, apanhamos a estrada para Hijar e que nos levaria a um destino de suma importância para o motociclismo Aragonês.

7-ruta-del-tambor

Em Hijar entramos na muito conhecida Rota do Tambor e Bombo, que vamos percorrer parcialmente.
O sol já não interferia nos olhos, mas uma patrulha da Guardia Civil, fez-me lembrar que estava a pisar uma Nacional e que, apesar de hoje estar tudo de olhos postos em Formigal por causa do Motorrad Days, convinha não baixar a guarda e ter cuidado com as fodografias em prol da nossa segurança.
E esta escolha, não foi ao acaso, pois assim podia curtir as curvas mais tranquilo porque sabia que estava totalmente fora de rota dos grande fluxos de motos que se iam verificar durante aquele domingo. Fluxos que atrairiam sem duvidas os serviços fodograficos da Direcção General de Trafico (DGT).

8-motorland

E pronto, já chegamos as portas de um dos circuitos mais interessantes de Espanha, onde já tive o prazer de entrar uma vez.
Para os Habitantes de Alcañiz, com uma historia muito ligada ao motor desde há muito, um circuito como este, que acolhe os campeonatos do mundo de motociclismo, para alem de muitas outras competições europeias, é uma forma de dinamizar a economia e de dar seguimento à tradição.

A estrada volta a levar-nos para longe do circuito, desta vez em direcção à longínqua comarca de Matarraña.
E da planície passamos as curvas encadeadas umas nas outras, subindo o monte. Depois de Mas de las Matas, tudo indica direcção Castellote, mas de Castellote nem vê-lo!

10-monte-de-castellote

E as paisagens convidavam a parar, admirar a vista, tirar fotografias.
A estrada adentra-se rocha a dentro e do outro lado estava Castellote e uma vista tremenda, limitada ao longe por um paredão de uma barragem.
Descemos o vale, voltamos a subir, deixando Castellote para trás e ao chegar ao paredão o azul das aguas fere-nos os olhos!

11-barragem-de-santaola

Estavam a descarregar nesse momento e o ruído era violento.

12-vista-de-castellote

Olhamos lá para o fundo e vimos Castellote, incrustado na montanha.
E a estrada volta a oferecer-nos bom piso, boas curvas sempre em ascendente. Dorothy, volta a mostrar porque é uma excelente sport-turismo, oferecendo-me excelentes momentos de condução.

14-paisagem-geral

Mas paisagem grita e obriga-nos a parar para contemplar.

Os momentos de condução e curvas só eram interrompidos quando no nosso caminho aparecia uma povoação.

15-farmacia

Uma marca medieval em terras que foram conquistadas por Cid el Campeador.
Depois de passar a povoação voltamos ao de sempre, curvas e paisagens muito bonitas, muito em parte por causa do dia espectacular que fazia, apesar de a esta hora o calor já era algo forte.
De repente…
Mas onde é que eu vim parar!?

16-provincia

Foi então que percebi que tinha feito uma incursão pela Comunidade Valenciana e que este sinal só me informava que estava no caminho certo, porque de ali em adiante estava de volta a “Manholandia”!

18-templarios

E claro, Aragão no seu tempo foi origem dos Cavaleiros do Templo mais valentes da sua historia, para não falar no temidos Almogaraves, que semearam o terror na Secilia, em terras de Bizancio!

19-estrada

Mas o que nos ocupa aqui é isto….
As estradas e as paisagens!

21-subida-cantalavieja

Vocês podem imaginar o sofrimento que é chegar até aqui!?
A imagem até ficou ligeiramente desfocada da emoção!

22-cantalavieja

Para aqueles que estão, agora mesmo, com o mapa nas mãos e preparados para lhe espetar outro pino, esta é Cantalavieja e só pelas vistas já merece a pena visitar.

22-porto-de-montanha

Aqui é o ponto de inflexão, daqui até a Capital da Província de Teruel, é sempre a descer.

23-paisagem

Como se pode perceber neste promontório…..
Mas até lá, 78 km de curvas, asfalto quente e de primeira qualidade, que percorremos com alguma pressa porque o estômago apontava a reserva.

24-teruel

Sinceramente nunca me interessou muito a historia de Teruel, mas percebi que foi uma cidade amuralhada, cujas torres ainda se conservam, que tem um centro histórico muito bonito e uma historia (lenda) que dizem ter servido de inspiração a um britânico de nome Shakespeare.
Mas o meu interesse era outro, Dorothy já tinha apetite e eu fome.
Para ela, por se portar muito bem, 98 octanas e um merecido descanso há sombra. Para mim, uma “ensalada campera” e uma “pescadinha de pernas abertas a la plancha” (não à fotos porque o apetite voraz dá num prato vazio e lambido).
Estava calor, mas estava animado, porque sabia que a coisa ia ficar mais fresca.
Estávamos a ponto de rumar a um sitio que é importante na historia de Aragão.

25-serra-de-albarracin

Aqui já fazia mais fresquinho.
O odor a resina fazia-me recuar aos meus tempos de infância, em que a apanhava as pinhas abertas pelo calor, que depois serviam para pegar o fogo à lenha que nos aquecia no inverno.
Esse cheiro que sentíamos quando, navalha em mão, procurávamos nos pinheiros de mais de 30 anos, aquele pedaço de carrasca que, como mais ou menos talento, esculpíamos à semelhança dos super cruzadores que víamos na saga de Star War’s ou na serie de Apolo!

26-penhasco

Aqui dá para perceber porque fazia fresquinho.
As vistas são indescritíveis, aconselho vivamente a visita à Serra de Albarracin!

27-albarracin

Aqui está ele, o Castelo e a povoação medieval, base de acampamento de Cid el Campeador, antes de lançar o ataque a terras valencianas, uma pérola no meio de um tesouro natural.
Não visitei o povo, coisa que devo fazer em breve, porque fiquei com agua, muita agua na boca!
Apanhamos a estrada para Orihuela de Tramedal e depois de um desfiladeiro estreito e sombrio a estrada que se abriu foi esta.

28-curvas

Da para perceber o porque de ter vontade de vir cá?

29-paisagens

Depois de Noguera de Albarracin vivi e momento mais agradável do dia.
A estrada praticamente não tinha curvas, descia suavemente pelo monte, paralelo a um rio de pedra (venham ver, é no mínimo esquisito (seria uma excelente RIM)), decidi então aproveitar a inercia com Dorothy em ponto morto, com o motor apagado, ganhando suavemente velocidade, estrada abaixo, com o odor da resina dos pinheiros, os pinheiros e azinheiras, o rio de pedras, o som do vento no modular aberto, o vento nas trombas…..
Momento perfeito!
Qual mulher, qual quê!!!!
Com todas estas coisas todas boas, de tão embriagado que estava, vim parar aqui!

30-guardia-civil

Fugi logo!
Muito possivelmente aparece alguma multa para pagar em casa, visto que está proibido fotografar instalações das forças de segurança do estado, mas eu achei este exemplo arquitectónico muita fixe.
Esperemos que ninguém me tenha visto!

31-penhasco

Pelos vistos, continuávamos bem alto, apesar de termos descido tanto.

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Prontos, acabou-se a frescura, preparem-se para suar!
Castilla la Mancha, estrada cheia de curvas vale abaixo, onde se notava perfeitamente o aumento de temperatura a medida que descíamos.
Mas, o que procurávamos teimava em não aparecer, será que se tinha escondido?
Impossível, está a quase mil anos no mesmo sitio, ia-se esconder só porque estou de passagem?
A estrada apoia-se numa encosta para subir a um promontório, onde, apoiado numa colina….

33-molina-de-aragon

……estava o impactante e belíssimo castelo de Molina de Aragão, que dominava tudo à sua volta.
Valeu bem a pena os cinco minutos de contemplação, mesmo com o termómetro a apontar mais de trinta graus.
Entre Molina de Aragon e Nuevalos a estrada é penosa, difícil, quase impraticável para quem já levava com quinhentos km no pelo.
Mas perto de Nuevalos está o Monasterio de Piedra, que merece pena visitar, porque no Verão nos recebe assim.

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A diferença de temperatura é brutal, e deve-se estar muito melhor lá em baixo, junto a “Cola de Caballo” com toda a humidade que ela joga no ar.
É um lugar magico, que merece pic-nic e uma vista prolongada!
Entre o Monasterio de Piedra e Zaragoza são 100km (+/-) de autovia aborrecida, mas necessária para chegar cedo a casa e preparar a mente para um “confronto de ideias” com a cara-metade.

36-km

No final foram 622km a solo, com muitas curvas e a fazer que mais gosto!

Agora aquilo que poderia ter sido e vocês pensam que não foi!
-Ola! Já cheguei!
Ela, caminhando até mim estende os braços e enrosca-se no meu pescoço:
-Então divertiste-te?
-Porreiro, muita fixe, um dia ideal para andar de mota!
-Que fixe! Tenho uma coisa para te mostrar….
-O quê?
-Lembras-te da langerie que me ofereceste?
-Sim!!!
-Mas tens que me tirar as cuecas!
-Para quê? Eu arredo para o lado!

E prontos!
Assim acaba um dia perfeito!

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