Depois de repousar o esqueleto, o duche matinal serve para activar o corpo e a mente.
Preparar tudo nos alforges, o GPS, o fato da mota foi uma tarefa facil de levar a cabo. Mas essa felicidade caiu por terra, ou melhor, num charco enlamaçado, quando vi um ceu cinzento e as motos molhadas. Incredulo, saí a rua desejando que fosse só rabujice do tempo, mas as gotas caiam com uma cadencia certa e em poucos minutos molhei a minha careca.

Pouco a pouco o restantes participantes foram-se juntando na sala para o pequeno almoço.
Curiosamente a moral era alta e inclusive ouvi o Diogo (Vindaloo) a dizer:
-Esta a chover!? Nao importa!
E assim foi. Depois do pequeno almoço e das contas feitas, atacamos a estrada debaixo de algumas gotas.
A primeira visita prevista seria o forte de Elvas, mas a chuva persuadiu-nos e o Carlos respirou de alivio ao perceber que nao teria que subir a estrada de empedrado ate ao forte.
Passar a fronteira foi como deixar para tras a chuva, se bem que a nuvens ainda ali estavam e ameaçavam descargar, no horizonte o tom de cinzento era mais claro e eu apontava que iamos nessa mesma direcçao para tentar animar o pessoal.
Mas ninguem precisava de ser animado, estam todos super bem dispostos apesar da chuva e do tempo instavel.

A chegada a Alburquerque, já com a sol a dominar no ceu!

Cinco motos, que chamaram logo de imediato a atebnçao a uma patrulha da Guarda Civil e o pessoal comentava que os P que tinham deveriam ajudar a que eles nao implicassem…

A ventoinha do Marco tinha, entretanto, batido a significativa barreira dos 20000 km (¿?), 26 recals e 3 chamadas ao pronto socorro depois.

Do outro lado, na outra ventoinha do grupo, alguém inspecionava o estado das malas e suportes, tentando adivinhar o momento em que elas se fugariam, movidas pelo medo ao empedrado!
De facto, esta era a maior preocupação do Carlos, esse piso tao característico dos povos medievais. Não lhe importava muito a chuva, o frio que se fazia sentir, ter as mãos molhadas, sujar a sua ventoinha, nem se importava com o facto, muito relevante, de estar a conduzir uma ventoinha a mais de 300km de casa; mas o empedrado….
Isso sim era um quebra cabeças para o Carlos!

UI! Que susto!
Que coisa tao feia…..
Esqueci-me do pequeno pormenor de que o pessoal também veio munido de camaras para este passeio.

Com as nuvens a serem enxotadas pelo sol, ali no cimo estava a nossa primeira conquista do dia. Um bastiao defensivo castelhano que hoje é um belo exemplo de como os “países” se protegiam uns dos outros.
Para chegar lá, tivemos que desbravar por entre as ruelas de Alburquerque, estreitas e empinadas, com aquele característico empedrado medieval que nos fazia regredir muito no tempo, como se fossemos 5 cavalheiros portugueses em missão de paz.
Mas não se entende muito bem porque, havia um que sempre ficava para tras:
– Anda Carlos pá, que a moto não se desmancha!

O Marco gosta das fotos de grupo e a ideia de fazer esta foto, para alem de sua, deu para dar a perceber ao grupo que sabia bem o que fazia com a sua camara, buscando aquele equilíbrio exacto que lhe permitisse fazer esta bela foto.
Agora….
Isso de andar de mota já são outros quinhentos (aouch!!)!!
Da esquerda para a direita:
Carlos (Carloskb), eu (Lone Rider), Diogo (Vindaloo), Michel (michelfpinto) e o Marco (Marco.Clara)

O que é pá!
Tambem tenho camara!
Toma lá um flachada!

OLYMPUS DIGITAL CAMERA
Ficamos todos na penumbra, como se a nossa presença aqui estivesse envolta num mistério.

Sim!!
Sou um invejoso e não domino a técnica tao bem como o Marco.

E também não tive a ajuda do sol.
Mas da para ver que estamos lá todos, não dá!?

OLYMPUS DIGITAL CAMERA
Historia do castelo é interessante e covem lê-la. Para tal, basta googlar por Alburquerque e certamente que aparecera tudo muito bem escarrapachado, mentiras incluídas, no Wikipedia!
Coisas do tipo, o castelo antes de chegar ao seu interior m8 tem três entradas defensivas, bla, bla, bla….
Uma delas vemos ao fundo desta subida em empedrado (calma Carlos!).

La no cimo encontramo-nos com a porta fechada.
-E agora!?
-É pá!-dizia o Michel- As visitas guiadas fazem-se agora às 13h, faltam 3 minutos!
-Viemos mesmo a tempo!
-Bora lá!

Patio de Armas, onde a infantaria velava pelas armas.

Aqui o grupo de visitantes, que escuta atentamente um guia turístico que foi super amavel com todos ao falar com muita calma para que se pudesse assimilar o seu espanhol sem necessidade de traduzir.
No grupo havia também um Motorrad fan que confessou estar a fazer uma rota muito parecida à nossa em solitário, pouco tempo depois do famoso “clube eólico” ter andado também por estas paragens.

A torre de Menagem, forte dentro do forte, onde, para chegar, havia que fazer um percurso labiríntico cheio de armadilhas defensivas.

Aqui temos o Carlos, numa pose fotografica bué fixe!
No fundo, no fundo, é um gajo porreiro, mas a culpa foi da sua avó!

Era por aqui que se tinha que subir.
Eu acho que o calmeirão do Michel teve que subir de lado!

Mas depois a recompensa estava à vista, com uma enorme planície à vista, montanhas de fundo e um povo inteiro aos teus pés!

Mas havia sempre alguém que borrifava nos portugueses, o que não é muito aconselhável, dado que virar as costas ao inimigo pode dar mau resultado!
O guia estava sentado no que era uma latrina, à moda antiga, que oferecia um voo em picado aos excrementos como mostra de consideração pelos portugueses.

De facto, estava muito bem estudada a fortaleza, um passadiço com ponte levadiça, deixava isolada a torre de menagem, que oferecia proteção ao ultimo reduto de sobreviventes.

E outra vez, estas paisagens embriagantes e levam bem longe a linha do Horizonte!

Matacanes, por donde se atirava de tudo, principalmente azeite a ferver para provocar o maior número de baixas possível.

Dentro da Torre, a casa do senhorio…

La do alto, as vistas….

…são impressionantes!

Existe uma legenda para esta foto, mas aqui o que é importante sublinhar é que alguém olhava para o lado errado, outro penteava-se e eu estou gordo…..

Quase que já nem caibo no raio das escadas!
Temos que dar uma solução a isto!

Depois da conquista do castelo, a capela era um lugar de retiro espiritual obrigatório!

Olha Carlos!!!
O teu amigo empedrado!
Depois do castelo de Albuquerque, era tempo de fazer-nos à estrada, tomando a direção de Portugal por Valencia de Alcantara. O meu GPS, que entra em pânico cada vez que entra num aglomerado urbano, fez-nos viver uma das peripécias mais interessantes da manha.
Em San Vicente de Alcantara, por engano meti o grupo pelo centro histórico da povoação. Uma trama de ruas estreitas, com alguns becos à mistura fez com que o escapes abertos das motos do Marco e Diogo interrompera a pacatez dos que por lá vivem. Ao passar por essas pessoas, que ao ouvirem os uivos das motos, vinham à rua, fazia sempre um gesto simpático, que estas respondiam com um olá ou acenando com a mão.
Atras, no fim do grupo, como sempre, vinha o Carlos a rezar para que nenhuma das suas malas caísse pelo caminho estimulados pelo piso de empedrado!
Uma vez na estrada certa, era hora de dar corda aos cavalos de Maria, com o Diogo a mostrar que também sabe acelarar.
E Valencia de Alcantara mais do mesmo, mas desta vez o SC do Marco mostrou quera mais melodioso que o Leo do Diogo que a esta hora estará a pensar:
-Puuff! Motos de dois cilindros e meio!!

Posto de abastecimento antes de Portugal.
Três gajos a ver se as malas do Carlos aguentam ou não todo o fim de semana.

Aqui jà havia vontade de comer!

Já está!
Tudo com os pes debaixo de mesa e a dar ao dente!
Enquanto comíamos o céu preparava-se para nos dar uma surpresa.
Foi com espanto que vimos que caia uma valente tromba de agua na rua, quase no final do almoço.
Mas voltou a abrir, soprava um vento fresco que empurrava uma imensa massa de nuvens vestidas de “negro ameaça” na nossa direcçao.
Era tempo de montar nas nossas montadas e subir ao Marvao se queríamos ver o Castelo.

Não tivemos muita sorte.
Nesta foto não chovia, mas luz estava apagando-se e um batalhão de reconhecimento em forma de chuveiro, já nos tinha molhado na subida, o piso (empedrado) estava molhado e escorregadio e a única boa noticia era que na direcçao onde seguíamos o ceu estava menos cargado.
A descida seria menos atribulada, pois as nuvens, empurradas pelo vento contra o castelo desviaram pelo lado contrario ao que passaríamos.
Ainda bem!
Castelo de Vide era já ali, quase que se podia avistar desde o Marvao. Chegar ao seu castelo é uma tarefa algo complicada, com algum sentido proibido e inclusive um transito proibido. Como nunca tinha visitado este Castelo, não sabia muito bem onde me estava a meter. Uma subida ingreme, com o característico empedrado medieval. Quase que podia ouvir Carlos reclamar!
E com alguma razão, diga-se de passagem.

Mas tudo esta bem, quando acaba bem.
Deixamos a motas na encosta, engatadas e tratamos de curtir o momento.

Castelo de Vide, um castelo que também tem a sua pagina no Wikipedia, parece-me algo mais descuidado que o de Marvao, mas tem um encanto especial.

Tem algo diferente, parece mais misterioso, não sei descrever bem!

O Michel a tentar roubar as armas ao guiardiao do castelo.

Isto quer dizer:
“For those about to Rock! …we salute yo!”

Que belo “par de jarros”!

Mais um excelente trabalho de “trial fotográfico” do Marco! Acho que já vai no 34 titulo mundial consecutivo nisto do equilíbrio dinâmico-fotografico na categoria “sem tripé”!

Nisto o pessoal sussurrava alguns comentários sobre o Carlos!
-Sabe fotografar bem!- dizia um…
-Sim sim! Sabe bem o que faz!
-Pois, pena é que andar de mota é uma menina!
-Só não percebo é uma coisa!
-O quê!?
-Como é que as pessoas que tem um talento natural para uma coisa em concreto, no exercício desse talento assume uma postura tao cómica!?

Diga-se de passagem, que a imagem que se segue é da sua autoria.

Castelo de Vide agradece!

E o Marco tambem!

Solida, é o único adjectivo que me vem á cabeça sobre a torre de menagem que preside a fortaleza Medieval de Castelo de Vide.

No edifício contiguo à torre de menagem estava exposta uma exposição sobre a Inquisiçao em Portugal!

A fogueira que condenava por blasfémia e heresia aos que eram apontados pela igreja, na maioria das vezes num processo pouco claro e sem qualquer tipo de garantias.

Um povo medieval que merece uma vista mais atenta numa próxima vez!

A foto não o acusa, mas havia uma inclinação considerável e isso poderia ser o primeiro momento de tensão no grupo.
Mas não o foi.
Apesar do Carlos ser o mais “niquento”, confiou na ajuda do pessoal e entre todos demos a volta às motas, uma a uma, pondo em practica um dos valores mais importantes que existe nisto das motos. A entre ajuda do pessoal.
Agora, quase que estou seguro que a maioria dos participantes da Rim concorda comigo se eu disser que não foi assim tao difícil.
Sair de Castelo de Vide foi outra aventura de empedrado, ruas estreitas, inclinações malucas e as motos do Diogo e Marco outra vez em evidencia.
Depois Nisa e depois a primeira sessão de curvas da RIM. A estrada apresentava um piso coma algumas manchas de molhado, folhas e algumas ramas pelo chão, que aconselhava a alguma cautela mas…
Curvas são curvas e temos que curtir. Maria queria, eu queria e cá vamos nós!

As Portas do Rodao.
Palavras para que?

Enquanto o Carlos tratava de fazer estas fotos….

….num claro exercício de narcisismo motard…

…o pessoal buscava uma mesa para sentar-se a beber um café e dar duas de letra.
Eu ate reconheço algum mérito à Blu, pois eu entre os barcos e as ventoinhas…
….prefiro as ventoinhas!
-Pessoal! O café esta pago!
-Mas. Tu pagas tudo?- perguntou o Marco- Isso não é justo!
-Tu pagas o jantar, não te preocupes!
De Vila Velha até Monforte da Beira existe uma estrada que passa pelo meio da área protegida do Tejo Internacional que era uma completa desconhecida para mim. Teriamos que arriscar para ver como era, apesar do meu receio, porque cortava caminho, evitava Castelo Branco e algum trajecto por auto-estrada.
Foi um excelente surpresa. Piso bom, seco, curvas porreiras, animais a pastar e paisagens muito interessantes.
Em determinada altura, não me fiando do meu GPS, paramos para o cigarro da praxe.

-É pá, mas tu precisas de um mapa?-perguntava o Marco- Não entendo estes gajos, vem para uma viagem sem um mapa.

Aqui definíamos o nosso objetivo mais imediato, que nos surpreenderia pela positiva!

Aqui a temos, depois de uma estrada desconhecida, que foi uma grata surpresa pelo seu traçado e pelo sobe e desce numa reta sem fim.
Esta é a famosa Ponte de Alcantara, ponte românica com quase 2000 anos de existência, que se extende sobre o rio Tejo e que aindo hoje suporta uma massa com um peso bruto de 20t.

Passamos por ela para ir à povoaçao que lhe da o nome para o pertinente abastecimento das nossas montadas.

Com o sol a por-se no horizonte, as sombras invadiam pouco a pouco o espaço por onde nos movíamos.
Esta imagem é bom reflexo disso, mas as meninas agradecem que lhes demos o protagonismo, pois sem elas esta passeio seria impossível!

Despedimo-nos da famosa ponte para voltar pela mesma deliciosa estrada, repleta de curvas e, onde apanhamos a direção de Segura e a fronteira com Portugal, voltar a fazer aquela montanha russa de luzes cintilantes nos espelhos da Maria das Curvas.

O descanso viria em forma de um jantar num restaurante recomendado pelo Caroço e uma noite de repouso em Idanha a Nova.
