O Dia Depois da Tempestade – (Artax) – Pequeña pero Matona!

A vida dá muitas voltas e a falta de rutina não facilita a planificação, mas trás muitas surpresas.

Fui carregar a Havalina com a duvida de não saber o que fazer durante as próximas 45h. É claro que tenho sempre tarefas que levar a cabo mas na parte lúdica nunca decido nada até há ultima da hora, mesmo ao estilo de vida que levo!

Quando o meu relogio biológico me acordou, quase sempre a uma hora em que a maioria de vocês ainda está no primeiro sono, a primeira coisa que me veio há cabeça foi o manto branco do Moncayo….

Não tinham passado 48h daquela aventura e não chovia à mais de 36h. Era bem possível que os caminhos já estivessem limpos da maior parte da neve. Salvo aqueles que se encontram em cotas altas. Se bem que as temperaturas permitissem o degelo, por norma nos dias de ceu limpo apos um temporal tem uma maior amplitude térmica, permitindo o degelo, mas formando as temidas placas de gelo durante as temperaturas negativas da noite.

Volto a dar voltas na cama, tentando esquecer o assunto, mas dou por mim a pensar sobre a viabilidade de voltar ao monte com o pneu de tras da Artax nas ultimas, na possibilidade do gelo acabar comigo no chão e na cena fixe que seria de curtir uma manhã no Moncayo, na neve e a viver novas experiencias.

Deixa de dar voltas na cama Rui!

Prepara as coisas e que seja o que tiver que ser!

Desci à garagem e comecei com a liturgia do costume.

Abasteci a Artax, enchi o depósito da minha muchila de hidratação, carteira, power bank, o Cat das aventuras e tá de vestir o fato de gladiador!

Apesar de escorridas, as botas ainda estavam molhadas do dia anterior, só custou a molhar de novo os pés. Isso com o frio da montanha, depois de congelados, deve deixar de doer!

Voltei a sair de noite, com os coelhos a fazerem todo tipo de fintas à minha frente, mas desta feita, os caminhos estavam mais escorridos, mais estaladiços principalmente onde haviam poças de agua que se congelaram durante a noite!

Fiz precisamente o mesmo caminho até Tabuenca, o objectivo continuava a ser chegar a Talamantes, disfrutar das Peñas de Herrera e entrar na área protegida do Moncayo no sentido Sudoeste, Nordoeste!

Com o Moncayo la no fundo, assim estava a coisa à saída de Tabuenca!

Com o sol a lutar contra a nebelina e temperaturas positivas, a coisa pintava muito bem!

O caminho estava quase limpo de neve, com os típicos regueiros que desciam à procura dos barrancos e pequenos amontuados de neve fofa aqui e ali.

Mas claro, era a partir deste ponto que o caminho começava a ganhar altitude. Este vídeo que se segue grava os últimos kms de caminho até chegara a Talamantes, onde podem ver o sitio onde fiquei atascado anteriormente e a neve que marcava cada vez mais presença à medida que subia em altitude e me aproximava a ama das mais bonitas aldeias do Moncayo!

O vídeo é um pouco longo, peço desculpa por isso, mas tem imagens bué fixes que vividas ao vivo, em especial nesta altura do ano e nestas condições, são difíceis de descrever!

Talamantes!

Vale bem a pena abrir a imagem, à direita a muralha levantada pelos monges guerreiros da Ordem do Templo , à direita, um dos molares moldados por um glaciar que outrora cubriu as Peñas de Herrera. Ao fundo o Moncayo e , mesmo diante de nós Talamantes engalanada para a nossa visita!

Apos termos vencido esta dificuldade, a foto foi mais que merecida!

Em primeiro plano todos os molares das Peñas de Herrera e lá no fundo o Moncayo com um turbante de nuvens como coroa!

Daqui em adiante a neve nunca nos abandona, influenciando as reacções de Artax em maior ou menor medida!

Até chegar a Añon andamos pela crista do monte, calcando neve fofa que não causava grandes problemas de aderência. As imagens contudo, foram memoráveis, com grandes extensões brancas, salpicadas aqui e ali por um ou outro arbusto.

Añon obriga-nos a abandonar os caminhos!

De aqui em adiante e enquanto estejamos dentro do Parque Natural do Moncayo, vamos circular por vias asfaltadas.

Mas isso não significa que estejamos a salvo.

Foi precisamente aí onde encontramos as maiores dificuldades. Mais de 30cm de neve cristalizada, com uma capa de gelo aderida ao asfalto confirmavam as piores espectativas.

As temperaturas diaras provocavam um degelo que se congelava pela noite, deixando quase impraticável qualquer estrada!

Artax queixava-se do seu pneu traseiro e eu sentia que os tacos do pneu dianteiro não faziam nada mais que deslizar. Tentávamos manter em cima das rodeiras que haviam mas era impossível manter uma direcção estável!

Dez longos kms de “motociclismo artístico” adornado com sustos “variopintos” que lembraram varias vezes que as visitas ao Moncayo são sempre emocionantes!

Este vídeo testemunha os últimos metros da aventura….

Desde este ponto podemos subir à Virgem do Moncayo (1700m) e ir beber um chocolate quente no mosteiro. Era esse o objectivo, não fosse esta sinal desaconselhar a tentativa!

No fundo o sinal não era o problema. O problema eram a repercussões porque apesar de ser um procedimento administrativo tinha como mínimo o valor de uma roxa e por circular por um sentido proibido 3 pontos a menos no meu plástico!

Demos razão à sensatez e começamos a descer em direcção a Tarazona!

Tarazona encontra-se no Vale do Queiles e é casa quartel do Motoclube las Ratas del Queiles, organizando anualmente el Cipotegato a cada Novembro. É uma cidade cujo núcleo antigo ainda guarda vestígios muçulmanos, judaico e cristão com uma catedral mudéjar como o seu principal cartão de visita.

Mas já la vamos, pois agora começa a exploração a que me tinha proposto.

O vale do Queiles tem tanto de interessante como de bonito.

O vídeo que se segue é um retalho do que pude encontrar, trilhos e alguma paragem com vistas interessantes.

Depois de um par de horas a explorar o vale do Queiles fazemos uma breve visita guiada ao núcleo urbano de Tarazona!

Esta é a imponente fachada do Ayutamiento de Tarazona.

Depois de Tarazona a manhã estava acabada, apontei em direcção a Veruela de Moncayo, onde seguiria o rio Huecha até Bulbuentes onde desviaria para Aizon e depois buscaria no horizonte distante as ruinas de Rueda de Jalon, que serviriam de farol e guia para chegar a casa.

Mas não me vou sem vos relatar o que tanto vocês estavam à espera!

A queda do dia, a escassos kms de casa, num caminho sem aparentes perigos, num desvio onde aquela argila polida pelo Cierzo e lubrificada pelas chuvas recentes atirou com o meu esqueleto no chão!

Como se pode ver, o pneu dianteiro não pode fazer nada para evitar a queda, que doeu e feriu o orgulho numa manhã que tinha corrido bem no que refere a quedas!

Levantei a Artax, não sem dar com duas vezes como cu no chão na tentativa de a levantar, verifiquei possíveis danos de maior monta, vi que estava tudo bem e bota para Caracavelos que se faz tarde!

Por fim poderia descongelar os meus pés, que não os sinto desde o primeiro charco que pisamos!

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