Aragão por LoneRider – A Rota dos Rios

Ríos agua, agua chuva, chuva inverno, andar mota no inverno mais agua da chuva dá molha na certa…

Confere!

Ora então, dos últimos 1200kms a bordo da Dorothy, divididos por duas voltinhas, oitocentos dos quais foram passados por água!

Sempre que via uma gota a escorrer pela viseira abaixo, os meus problemas recordavam-me daquela máxima Lonerideriana.

“Sólo cuesta quedarse mojado”

(só custa a ficar molhado)

A alta montanha com cotas acima dos 1500m tem destas coisas, e quando se tratam de nuvens preguiçosas, sempre que se encontram com uma montanha rabugenta que não as deixa passar, as nuvens põem-se a chorar!

A cada paragem olhava para os meus problemas e não percebia bem se estava contente por me ver enxarcado ou verde de raiva e com vontade de me matar!

O que é certo é que, entre tremelique e tremelique, aqueles lábios finos, enrugados e roxos, iam desenhando um sorriso que não era tanto de felicidade, mas sim mais para o amarelado!

Onde é que eu ia!?

Ah! Os rios…

Os rios é aquela cena manhosa que rasga o chão e que leva a água das nuvens choronas da montanha até ao mar!

Alto lá, vocês estão completamente enganados e serve a presente crónica para demonstrar o contrário!

Acordar com o cantar do galo pode ser uma experiência maravilhosa, salvo que o gajo comece a cantar as cinco da manhã!

Pensei em fazer-lhe uma espera para lhe torcer o pescoço mas depois pus-me a pensar, se tenho que esperar que gajo ponha a gargalo de fora para o amarfanhar quem não vai dormir sou eu!

Bem resignei-me à sorte que tinha e fui dormir…

Mas o gajo, as cinco em ponto já estava a excitar o gargalo!

Raios ma parta!

Juro que que um dia lhe arranco as penas à bofetada!

Voltei a resignar-me com a sorte que tinha e levantei-me para ir à casa de banho.

Prontos já sei, vocês querem fotos e tal…

Mas ainda não vos disse onde vou, nem o que tomei para o pequeno almoço, nem o que vesti, nem…

OK, faço um esforço, mas é só porque é para vocês!

O primeiro objectivo era o Rio Piedra, onde Paulo Coelho escreveu aquela Bíblia para os Flocos de Neve, À Beira do Rio Piedra, Sentei e Chorei!

Mas não porque o Rio Piedra seja importante, que também o é, pois dá o nome ao famoso Mosteiro, mas também que é sobre ele que está levantado o paredão da Barragem da Tranquera!

Paramos para contemplar as paisagens e fazer umas fotos e tal…

Alguém que me empurre!

Bem, adiante…

A estrada não era grande coisa, a típica estrada secundária de Aragão, com piso irregular e algum buraco, mas desvia-se pelo vale do nosso primeiro protagonista de hoje, o Rio Mesa!

(se quiserem a ficha técnica do río procurem no Wikipedia)

Digamos que o Rio Mesa é o autor de uma cicatriz no Sistema Ibérico, como que um corte profundo poronde corre um fio de água limpo e cristalino que serve umas termas (Jaraba) e deslumbra as vistas com as paredes rochosas que desbravou e que hoje são habitat natural dos abutres!

São vários kms de estreito e sinuoso desfiladeiro onde as paredes chegam a ter uma altitude que dificilmente uma máquina pode abarcar!

E é difícil de descrever assim que o melhor mesmo é ver este vídeo onde, de alguma maneira, tento mostrar a beleza do local!

Vá lá, não sejam preguiçosos, vejam o vídeo que até tem musiquinha para fazer meninos e tudo!

Pouco a pouco ia subindo para a meseta, através de uma estrada sinuosa e interessante, com piso muito fixe que denunciava que tínhamos passado os limites do reino de Aragão e nos encontrávamos agora “en la Mancha del Quijote”!

O objectivo era entrar em cheio no que é conhecido como a Serranía de Cuenca, que conta com estradas de muito bom piso, traçado sinuoso, paisagens brutais e um parque natural interinamente dedicado ao nascente de um Rio!

Depois da barrigada de curvas a bom ritmo chegamos ao Parque Natural del Nacimiento del Río Cuervo!

Ao chegar constatamos que o gajo é resmungão e que começava desde lá bem de cima a fazer barulho. Estávamos na base de uma escadaria natural camuflada por um frondoso bosque de choupos, pinheiros e outros árvores de menor porte.

Ao subirmos a primeira rampa o Cuervo presenteia-nos com este pequeno lago, alimentado por inúmeros fios de água que pulverizavam uma frescura no ambiente.

Continuando com a escalada, seguindo as águas cristalinas do rio, começam a aparecer as primeiras queixas. Estavam uns 17°C e se os forros de inverno são de agradecer pela frescura matinal, agora que o sol aquece sufocam o corpo.

Embora as sombras das árvores e o spray do rio atenuassem o sufoco, ganhar altitude num espaço de tempo relativamente curto não ajuda à sensação térmica.

Chegados à meseta, onde o Cuervo corre por entre pedras e piscinas naturais, decidimos desistir, evitar o sofrimento que nos sofocava e descansar um pouco.

Tratamos de imortalizar as nossas fronhas no local, de comer o farnel que preparamos de manhã e relaxar porque o local convida a descontrair, descansar e brincar um pouco.

Quando chegou a hora de partir, enquanto a Mery reagrupava os tarecos, ainda me aventurei para fazer mais esta fotografia!

O Parque é relativamente grande, tem vários caminhos que te permitem ver o rio de diferentes perspectivas, sitios se descanso, para comer e até fazer umas cestas, mas convém vir preparado para andar e suar um bocado.

Voltamos à estrada, em direcção a Tragacete, descendo pelo vale do rio mais polémico e mediático da península. O Rio Jucar!

Tragacete é um ponto estratégico na nossa rota. É um ponto de inflexão na cota de altura (acabamos de descer e começamos a subir), é aqui que começamos a voltar para trás (na direcção de casa) e é o único posto de abastecimento aberto num raio de 80kms!

Depois de abastecer e tomar o cafezinho apanhamos a subida que nos leva ao outro protagonista deste miserável relato. A estrada é muito boa, com muitas curvas enlaçadas, lenta, técnica e super divertida. Gravamos tudo em vídeo, só não o publicamos porque o mesmo testemunha a forma como atiramos pelo penhasco abaixo três motas de matrícula francesa, depois de ter empalado os condutores e violado as penduradas. Isto tudo só por terem estragado parte da diversão.

Aqui, já cá em cima, no descanso do guerreiro!

A estrada ganha agora características bem mais rápidas, subindo aos 1600m, para entrar definitivamente em Aragão. Uns kms mais a diante, giramos à esquerda para ver nascer o maior rio da Península Ibérica.

Aqui, a 1500m sobre o nível médio do mar, brotam com vigor as primeiras águas do Tejo, que cruza a Península ao encontro do Atlântico, a 1000kms de distância.

Prazer e sofrimento juntos numa só foto!

(não sei porquê, mas acho que este comentário vai fazer alguma sertã ganhar asas)

Voltamos à estrada para curtir mais uns kms de bom asfalto, curvas a condizer e paisagens verdejantes.

O objectivo não era desconhecido, mas a sua beleza e o facto de ser desconhecido aos olhos da Mery, tornava a paragem obrigatória.

Albarracin, Vila Medieval ligada ao Cid el Campeador, que tem tanto de encanto como de fotogénica.

É foram aquí que as coisas se torceram!

Chegamos à hora do desassossego (entenda-se visita guiada) onde tivemos que fintar por várias vezes o grupo de japoneses que visitavam o núcleo medieval.

Foi quase impossível fazer fotos sem encontrar o típico turista com a sua reflex a fotografar uma pedra gastada pelos ventos que descem dos Montes Universales.

Mery prendeu o burrinho porque queria encontrar o povo vazio à sua mercê.

Quando finalmente consegui a Plaza Maior vazia só para mim, captei esta “postura de Alcaldesa” (só lhe falta “el Bastón) que quase me ia custando a vida!

Depois de Albarracin, já com a tarde avançada e o sol a deixar muitas sombras na paisagem, apanhamos direcção a Orihuela del Tremedal para conhecer o rio mais peculiar desta rota.
À medida que subíamos os Montes Universales a paisagem mudava, os pinhais passavam a ser menos densos, onde grandes maciços rochosos mostravam uma rocha fragmentada em milhares de calhaus alguns deles de proporções consideráveis.
Quando começamos a descer, por um longo vale, as árvores deram lugar a um caudal de pedras com mais de 10m de largura.

Não meus amigos, não se trata do leito de um rio seco, trata-se de um rio onde o caudal são pedras, que pela acção das temperaturas gélidas do Inverno e escaldantes do Verão provocaram a sua fragmentação e dispersão ao longo do vale.

Diria que este Rio de Pedra, que não é único nesta zona, se estende paralelo à estrada ao longo de uns 3kms e tem uma largura considerável, que permite ser visto nas imagens de satélite da Google.

Mais um sítio que pede uma caminhada pelo entorno para conhecer com detalhe estes Rios cujo caudal são Pedras!

Com as temperaturas a cair, era momento de procurar a Autovía Mudéjar e devorar os 170kms que nos separavam do Covil!

Foi, finalmente, um dia em que a chuva não nos limitou o passeio, com muito sol e sítios muito interessantes onde o bom asfalto promete garantir momentos de diversão!

Prontos pessoal, para a próxima há mais!!!

Aragão por Lone Rider- O Rey Moncayo

Zaragoza esta localizada na margem sul do Rio Ebro, a 350km da sua entrada lenta no Mediterraneo.
A sua localização, no fundo de um vale largo entre as cordilheiras dos Pirenéus e do Sistema Ibérico, com uma das maiores barragens Hidroelétricas da Península a poucos km e um deserto nas periferias, propicia a formação de nevoeiros. A ausência de chuvas no inverno e o facto de que aparentemente o Cierzo esta de ferias, torna estes nevoeiros eternos, chegando a durar as 24h do dia, dias a fio, durante semanas!
Não sei bem qual o melhor, se o vento (o Cierzo) que rapa a neve do Cantábrico e dos Pirenéus para afunilar no vale do Ebro e deixar toda a gente tesa de tanto frio, se o nevoeiro, que nos rouba a luz do sol, envolvendo-nos num cinzento deprimente e congelando, não só as carnes e os ossos, mas também a alma dos que gostam de uma boa manhã de sol. Não será de estranhar que no futuro me oiçam dizer que não sei bem o que é pior, pois entre o Cierzo e o nevoeiro, venha o diabo e escolha!
Estamos a 3 dias do final deste 2016, um ano felizmente cheio de coisas boas, e para terminar, depois de quase 2 semanas a andar enlatado no Rupert, Dorothy fez-me o desafio. Queria conhecer o rei do Sistema Ibérico, o Rey Moncayo, monte que se ergue 2300m acima do nível medio do mar e que é o maior de todo o Sistema.
Mas, e o nevoeiro?
Qual nevoeiro?

OLYMPUS DIGITAL CAMERA

Vocês veem aqui algum nevoeiro?
Só estavam 3 graus negativos, e um orvalho que cristalizava tudo, portanto, as melhores condições para ficar em casa no quentinho!
Mas aqui nós gostamos de contrariar e desta vez o nevoeiro foi a vitima.
E claro!
O nevoeiro saiu derrotado.
Depois de Borja, este foi obrigado a dissipar-se porque o Sol é um gajo porreiro e estava numa de aquecer o esqueleto aqueles que o procuravam.

Ao fundo o Moncayo, com o seu manto de gala, contempla o Castelo de Trazmoz, onde segundo a lenda, foram queimadas bruxas a mando da Inquisição em Aragão. Desde então os inúmeros fenómenos paranormais foram registados.

Diz a lenda que na noite mais quente de verão Trazmoz é visitada pelos espíritos das bruxas e que o castelo toma então as formas de então, para as receber e permitir que elas bailem à volta do caldeirão onde fazem as suas poções magicas, que depois regam os bosques e as terras altas do Moncayo para que o Inverno seja frio e cheio de neve….

E a julgar pela capa espessa e brilhante no cume do Moncayo, parece que as Bruxas tiveram êxito na sua poção magica!
Para subir ao Moncayo, as estradas perdem largura, tornam-se lentas e rodeadas de bosques onde não é difícil de avistar os elegantes veados, as matreiras das raposas e os ranhosos dos javalis. Por ultimo as estradas chegam mesmo a perder o asfalto.
São vários km, que podem ser delicados de fazer com motos de estrada como a Dorothy se o piso da pista de terra batida estiver molhado ou gelado.
Por sorte, desta vez, o astro rei ajudou-nos e a subida fez-se sem grandes dificuldades.

Uma vez lá em cima, mais o menos a 1800m de altitude, quando o caminho acaba, encontramos a Ermita da Virgem do Moncayo, para alem do Albergue e do Restaurante.
Acima de nos, uma parede de pedra que se eleva e onde assentam as primeiras neves do “manto real”.
Coroar o Moncayo só é possível no Verão, apanhando um caminho que muitos caracterizam de traiçoeiro, mas que nos leva a mais de 2300m de altitude.

Aqui de pode ver boa parte do Campo de Borja, ao fundo os picos nevados dos Pirenéus e no meio o denso e frio manto de Nevoeiro, o vale da Ribeira do Ebro.
No Verão este promontório permite ver quase todo o Vale do Ebro, onde se pode identificar quase todas as localidades e ver boa parte da cidade e zona metropolitana de Zaragoza, que se encontra a 80km de distancia.
Como não tem saída, voltar para trás é a única alternativa, mas em contrapartida oferece-nos vistas impressionantes.

Aqui, em tom de despedida, Dorothy trata de fazer imortal o manto do Rey Moncayo, para alem de que mostra que pode fazer alguma incursão num caminho de terra, sempre que este seja seco e pouco irregular.
Mas o que se segue é precisamente o que ela gosta, estradas de bom piso e com uma configuração rápida. A estrada que liga o Moncayo a Vozmediano e depois a Agreda é um excelente exemplo disso!
A intenção é dar a volta pelo norte, fazendo uma pequena incursão por Castilla y Leon (provincia de Soria), para depois visitar a povoação mais alta do Moncayo.

Esta é outra perspectiva do Rey.
Embora pareça menos imponente, o Moncayo continua a ser um ponto de referencia para muitas coisas e, uma parede importante para que o Cierzo não deixe completamente gelados os campos de cultivo da Meseta de Castilla.

Beraton é a povoação mais alto do Moncayo. É uma povoação eminentemente agrícola, onde existem vários estábulos onde se alberga animais de pastoreio durante o inverno.
Mas Beraton é um ponto de partida para o que se segue.
Uma descida que nos oferece paisagens impressionantes. Descer o vale convida a ouvir os ruídos da natureza, espero que gostem.

Este vídeo oferece boa parte das paisagens disponíveis nesta descida, mas para ser o mais fiel possível ao que os nossos olhos podem captar, só mesmo as fotografias.

Recomenda-se vivamente a viver em primeira pessoa esta descida!
Purujosa marca o fim da descida, ou pelo menos da parte mais interessante.
A estrada continua até Illueca, mas desviamos para Oseja, por uma estrada em muito mau estado, para apanhar a direcção de Aranda.

O objectivo era apanhara ultra rápida N234 que liga Soria a Calatayud, para a fazer a “velocidades de telejornal”. Mais uma vez Dorothy mostra porque não tem medo das RR.
O dia terminou com uma estrada lenta, que travessa o Sistema Iberico de mao dada com o Rio Jalon.
Porque estava numa de curtir a estrada e as paisagens, não parei para fazer fotos, mas gravei tudo. Apesar de ser um vídeo longo, dá para perceber o sinuoso do traçado e as paisagens envolventes.

Uma vez na Autovia de Madrid era tempo de rumar a casa, adentrando-nos no nevoeiro a medida que nos aproximavamos da cidade de Zaragoza e do rio Ebro.
Chegamos a casa gelados e com uma capa de sal em cima da pintura e da roupa de protecção, mas com a alma cheia de sol e calor!

Aragão por Lone Rider- El Camino del Cid I

Rodrigo de Diaz Vivar, el Cid. Para os amigos Rui!
Conhecido na historia da Península como Cid Campeador, esta personagem controversa e heróica, chegou a ser bastante influente na península.
Guerreiro destemido, com uma vontade férrea de impor a sua autoridade, conquistou boa parte dos territorios de Aragão e do reino de Valência, retirando deles o sustento do seu aguerrido exercito.
Antes de assentar em Valência, cidade fortificada e conquistada aos mouros devido a uma manobra militar muito habilidosa, Cid Campeador (Rui para os amigos) fez um périplo pelas terras de Aragão, Castilla la Mancha e norte de Valência, que hoje são conhecidos com Caminos del Cid.
Esses caminhos percorridos deveram-se ao desterro que este teve por parte de um dos Afonsos de Castela, que mais tarde teve que pedir ajuda ao próprio Cid para que o ajudasse em Ateca numa batalha contra os mouros de Valência.
Os Caminos del Cid passam quase na sua totalidade por Aragão, desde Alhama de Aragon, passando por Calatayud, Daroca e Albarracin.
Desta vez vamos concentrar-nos em dois castelos importantes que Cid conquistou, e dominou durante muito tempo.

Durante o inverno, o sol é importante para ajudar a sair de casa. Abrir a persiana e avistar um dia luminoso ajuda a arrancar as pessoas da cama numa manhã fria!
Depois do protocolo matinal (levantar, fazer xixi, lavar a cara, etc, etc) tenho 2 minutos de mau humor que são insuportáveis, impelidos pela necessidade de café e um beijo de bom dia. Por isso, para os possíveis companheiros de viagem, se me verem a fazer tromba de beijo, meio encurvado para a frente e os braços mortos e pendurados, cumpram com o ritual e dêem-me um beijo. Caso contrario sou insuportável!
Montar na Dorothy para sair de casa numa manhã fria é outro suplicio…
As botas tem que estar perfeitamente polidas, em movimentos circulares feitos no sentido contrario do relógio (sempre assim e nunca ao contrario), os botões das calças tem que estar sempre postos na suas casilhas, os fechos subidos até cima, os velcros do casaco perfeitamente pegados; as luvas perfeitamente ajustadas, com os dedos em casa sitio correspondente, os velcros tensados a um puxão antes de partir; as mangas do casaco bem esticadas, com as molas apertadas e os fechos bem fechados; o capacete bem posto, posicionado 5mm acima das sobrancelhas, como o fecho micrométrico na septima posição, viseira limpa e sistema de comunicação coma abateria carregada e emparelhado com os 34 dispositivos que costumo levar onde quer que vá!
Só então é que me disponho a por a mota a aquecer!
Para tal, e antes de rodar a chave, verifico a pressão dos pneus, o nível de óleo e agua, o posicionamento das manetas, o desgaste das pastilhas de travão e meço com a dinamométrica o binário de aperto de cada para fuso exposto ao meu olhar. Quando, finalmente, rodo a chave, verifico que o check up é correctamente feito, que todos os sinais vitais estão funcionais e depois carrego no botão magico para trazer vida ao V4 de Dorothy!
Só aí é que me dou conta de que me esqueci em casa do comando que abre o portão da garagem….
Tive que voltar a casa para buscar o comando.
Por azar as chaves de casa já estavam dentro do casaco, pelo que tive que tive que tirar as luvas e abrir o casaco, sinal que teria que voltar a repetir todo o protocolo descrito anteriormente…

Despois desta pequena epopeia matinal, saímos há rua para saborear o gélido dia que nos presentava.
Com o sol de companhia, ainda meio adormecido, vigiava a estrada para detectar possíveis placas de gelo, pois o mentiroso da farmácia tinha indicado -1ºC, mas o único que se via eram grãos de sal por todo o lado.
Hoje iamos ver, ou melhor, seguir o rasto a um homem que viveu há quase mil anos e que os amigos tratavam por Rui, apesar de ser historicamente conhecido por Cid Campeador!
Calatayud era o primeiro destino, donde este hábil guerreiro desterrou os mouros em menos de nada, convertendo a cidade ao cristianismo.
Entre Zaragoza e Calatayud existem três altos de montanha, La Perdiz, Morata e El Frasno, este ultimo com quase mil metros de altura e de donde já se pode ver a cidade de destino. Em Almunia de Doña Godina tinhamos 8ºC mas quando chegamos a Calatayud tinhamos dois grais negativos. Tudo isto em pouco mais de 30km, pelo que a vontade de querer voltar para trás era muita!
1 Nariz Frio
– Não sei porque mas tenho a ponta do nariz gelada!- e de seguida- Cruzamos-nos com motos pelo caminho, porque que é que fazem sinais uns aos outros!?
-É uma forma de nos cumprimentarmos, de desejar boa viagem…. Deverias fazê-lo também! É uma das tarefas dos penduras!
2 Dedos Frios
-Então começo já a praticar!
Depois de nos recompormos do choque térmico, entramos em Calatayud para procurar os vestígios do Rui! Não é que eu tenha sido amigo intimo de Cid Campeador, mas não sei porque, o nome parece-me familiar!
3 Arco de San Miguel!
O Arco de San Miguel é uma das portas da cidade antiga, mas não era por ali o caminho que queríamos. Voltamos para tras e procuramos a sinalização correspondente ao que víamos lá no cimo do monte.
A cidade é composta por muitas ruelas estreitas, com casas dispostas sem um padrão comum, o que dificultava muito descobrir o caminho correcto.
Mas quem tem boca vai a Roma e quando nos disseram por donde era custou-nos a acreditar!
-Siga sempre em frente! Vai parecer que são ruelas por donde não passa mas é por aí! Sempre em frente!
E assim foi!
A rua não tem degraus, é certo, mas por vezes não chega a ter mais de 1,5m de largura, com curvas de 180º e inclinações muito para alem dos 10%.
Mas a recompensa chegou!
4 Castillo
Esta fortaleza, construída no século X pelos mouros foi das primeiras em caírem mãos do Cid Campeador, na sua cruzada pessoal contra os Sarracenos.
5 Torre
Uma característica que diferencia as suas fortalezas são as torres hexagonais!
6 Torre 2
São ruínas, é verdade, mas no seu tempo dominavam todo o vale!
7 meã
Atravez das meãs, que os arqueiros usavam muito frequentemente, podíamos deslumbrar duas das muitas torres de estilo Mudejar, espalhadas por todo Aragão!
8 Muralhas
A proteger a povoação e o vale, havia uma segunda linha de defesa, que hoje partilha as suas muralhas com as construções contemporâneas!
E agora!?
Para baixar era preciso fazer o mesmo caminho!
E o problema é que todos os santos ajudam!
9 Ruelas
Calatayud tem este aspecto, ruelas estreitas, casas amontoadas em cima de igrejas com as suas torres Mudejar majestosas!
Vale pena visitar e caminhar por entre esta disposição anárquica, mas noutro dia que o frio é de rachar e a minha pendura já me pediu um café bem quente!
10 Praça do Municipio
Este é o largo da Camara Municipal!
11 Vendedora
Aqui se fazia o mercado donde se podia encontrar os produtos que o vale dava aos agricultores!
Tomate, pêra, maçã, alfarrobas, melão e melancia, que depois eram vendidos nesta praça.
12 Varandas
Sim! Estão a ver bem!
Ali deve ter havido algum erro de engenharia que determinou uma ligeira “tendência de esquerda” de todo o edifício!
Café quentinho tomado, era hora de zarpar.
E a boa hora, pois o sol já aquecia os corpos que propositadamente procuravam o astro!
o proximo destino era outra cidade fortificada, que fica para lá do vale do rio Jiloca, que iriamos acompanhar até subir uma das vertentes do monte Paniza!
É uma nacional larga, de bom piso, com rápidas das que dá para acelerar e soltar os cavalos há Dorothy. Contudo hoje era para aproveitar o sol e, a mais velocidade mais sensação termica, decidi reduzir a velocidade para aproveitar o pouco calor que o astro rei nos oferecia!
13 Fixe
Este sinal confirma que a minha opção foi a correcta!
14 Povoção
Estes são algumas das pequenas povoações que podemos encontrar pelo caminho, quase todas elas com uma Igreja de estilo Mudejar!
15 Daroca
Daroca! Cidade Fortificada.
Esta é a porta Norte de um recinto que foi amuralhado e que ainda hoje conserva as torres da muralha.
16 Calle Mayor
Calle Mayor eixo principal da cidade.
17 Esttilo mudejar
Em algumas casas podemos encontrar detalhes interessantes.
18 Porta Sul
Eis a porta sul!
Por donde Cid Campeador saiu em conquista dos campos de Calamocha!
19 Catedral
Igreja Matriz, consagrada a San Lorenzo, de estilo Gótico.
Por detrás existe um caminho que leva até às muralhas, por donde se pode aceder há torres da mesma e aos recantos de uma cidade que merece um passeio a pé, com calma e descontracção!
20 Torre
Aqui temos um exemplo, em perfeito estado de conservação, mas que requer paciência, pois o seu acesso não é fácil, para alem de que só se pode aceder a pé!
Contudo, para aqueles que pretendem visitar, aconselho a que parem e aproveitem uma manhã de sol como esta para visitar esta cidade histórica.
21 Saida pela porta
Voltamos a sair pela porta norte para rumar em direcção ao mitico Alto de Paniza, fazer aquelas curvas deliciosas e voltar há cidade de Zaragoza.
Apesar do frio o saldo foi bastante positivo!
Calatayud e Daroca são duas cidades com muita historia em comum, donde as suas paredes denunciam a sua importância ao longo dos tempos, ricas em património e que não dispensam uma boa caminhada pelas suas ruelas, para visitar monumentos e edifícios históricos.
É de recordar que há mil anos atrás, um dos maiores guerreiros de toda a historia da península, fez destas cidades o seu quartel general, trazendo as suas povoações a fé cristã e ajudando assim a roubar domínio aos infiéis!
Sobre o caminho de Cid Campeador mais episódios virão, mas aconselho a que procure na Wikipedia informação sobre este personagem, tão valente como controverso!

Aragão Por Lone Rider- Cerler o povo mais alto dos Pirineus Aragoneses

Domingo, de manhã cedo, acordo com um braço a asfixiar-me.
Tento libertar-me e não posso, não consigo mexer-me.
As mantas, os lençóis e aquele braço começaram a provocar-me um ataque claustrofóbico!
E qual é o melhor tratamento para a claustrofobia?
Não me venham dizer que são os espaços abertos, porque toda a gente sabe que para a claustrofobia o melhor é um capacete, uma mota e uma estrada cheia de curvas!
Acho que comecei mal esta cronica….
Comecemos de novo.

Domingo, de manhã, não sei bem a que horas, acordo porque já não tinha sono.
O que vou fazer hoje?
Não trabalho, não tenho nada para fazer, não consegui pinar na noite anterior, estou há beira de uma depressão….
E qual é o melhor tratamento para a depressão?
Não me venham dizer que são os ansioliticos porque todos sabemos que o melhor tratamento para as depressões (para alem de um tiro na cabeça) são as motas, umas gajas nuas e cervejas há mistura!
Não é bem isto….

Domingo, de manhã, nem sequer olhei para o relógio, acordei porque ainda tenho sinais vitais.
Apetece-te alguma coisa?
Não, nadinha!
Então enrosca-te mais uma vez nos cobertores antes que te de vontade de ir andar de mota.
E qual é o melhor tratamento para ir para a vontade de ir andar de mota?
Não me venham dizer que é ir andar de mota, porque vocês sabem muito bem que quando há vontade de ir andar de moto o pior que se pode fazer é resistir, porque senão o que acontece é que desapareces com a moto e nunca mais voltas!
Porque será que me lembrei da Paula Kota depois de escrever isto?

Bem!
Vamos lá começar esta cronica como deve de ser.
E que tal dizer a verdade?

Domingo, de manhã e eu acordei!
Salto da cama, visto o fato térmico e o fato de turismo em tempo record, monto na Dorothy e digo:

-Dorothy! Welcome to the jungle!
E pelos vistos uma Selva emersa num nevoeiro denso que obrigava a andar muito devagar.
Depois a ausência de luz do sol ajudava as temperaturas baixas ficarem ainda mais baixas.
De Zaragoza até Huesca não se via um palmo há frente do nariz, gelam-se-me os dedos duas vezes e parei outras tantas para os aquecer (a minha luvas estão mesmo a precisar de um banho de gasolina!).
Em Huesca apanhamos direcção Lérida mas o nevoeiro não dava tréguas!
O que me contentava foi o que um dos senhores que servia no bar que me disse que para a montanha estaria bom tempo.
Pois é meus amigos, a primeira voltinha que vou dar com a Dorothy vai ser nos Pirineus, desta vez há procura dos picos nevados e de uns desfiladeiros lindos!
Quando chegamos a Barbastro o nevoeiro começou a deixar ver mais alem dos 50 m e quando sai da autovia em direcção a Monzon já se via bem alem dos 150m, mas o sol esse não se via, com as temperaturas de apenas 2 graus acima da temperatura de congelamento da agua.
1
Esta é a Catedral, de estilo Mudejar e data do sec XII.
2
Este é o Castelo de Monzon, ultimo bastião aragonês dos Cavaleiros da ordem do Templo, que sofrerem 7 meses de acedio por parte de Sancho II depois da Bula de Clemente VI que pos fim há Ordem do Templo.
3
Subir até la cima era imperioso, pois tudo o que se refira há Ordem do Templo fascina-me. Mas é um trabalho árduo, dado que se trata de uma ladeira muito empinada.
Mas eu já só ouvia os cavalos a subir pela calçada, com cavalheiros vestindo túnicas brancas com a Cruz Vermelha montados neles!
4
Era aqui que, outrora, as suas montadas repousavam.
5
Desde lá de cima, percebia-se a posição estratégica do castelo, que dominava todo o vale!
6
Continuamos a subir, para visitar os edifícios do recinto amuralhado.
7
A torre de menagem!
8
Os dormitórios.
9
O templo, onde se exibe um documental sobre a vida de um Cavaleiro da ordem do Templo!
Para aqueles que não sabem os Cavaleiros da Ordem do Templo, também conhecidos como Templários, eram monges guerreiros e como tal, faziam voto de castidade, de pobreza e prometiam nunca atacar um cristão.
A Ordem do Templo foi criada para guardar o Templo em Jerusalém e os caminhos que levam até ele!
As Cruzadas há Terra Santa foram comandadas pelos Cavaleiros da Ordem do Templo com o único e simples fim de permitir aos fieis cristãos de visitarem Jerusalém (cidade templo) em segurança!
10
Charles de Molay foi o ultimo Grande Mestre da Ordem e, como já vos contei na minha ida ao Inferno, morreu queimado na fogueira, acusado de sodomia e heresia!
Com a Bula de Clemente VI a Ordem foi dissolvida e os Cavaleiros da Ordem absorvidos por outras ordens religiosas.
11
Houve no entanto, Reinos que aproveitaram o conhecimento bélico dos Monges Guerreiros e criaram uma Ordem Religiosa Militar. Foi assim que nasceu a Ordem da Cruz de Cristo em Portugal.
Hoje em dia, a Ordem da Cruz de Cristo é uma condecoração que o Presidente da Republica outorga a quem se destaca na divulgação da nacionalidade portuguesa.
Eu, segundo as minhas fontes, estou quase lá!
O que foi!?
Nem sempre é fácil dizer uma “Barbaridade” sem mentir, como fazem os políticos!
12
Os edifícios vistos desde onde fiz a minha selfie!
13
O refeitório.
14
Subimos há Torre de Menagem para contemplar o nevoeiro, uma vez que este não nos deixava ver muito mais que o casario de Monzon.
Descemos cá abaixo, e abalamos em direcção as montanhas nevadas, onde o sol aquecia o esqueleto.
15
Estrada larga, curvas rápidas, pouco transito!
Vamos Dorothy, mostra-me o que és capaz!
16
E os montes juntam-se todos, a estrada começa a ficar estreita, o piso molhado e eu desconfiado!
Olho para o mentiroso e este diz -3ºC e salta-me há ideia GELOOOOOOO!!!!!
17
Não escorregamos, mas dá para ver como estava a coisa!
18
Grande camada de geada tinha caido na noite anterior!
Espantem-se amigos, era quase 1 da tarde.
O maior perigo das estradas de montanha é a ausencia de luz directa do sol durante o dia, o que permite temperaturas ao nivel do solo muito baixas e o consequente risco de formação de gelo.
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Mas há sempre uma luz ao fundo do tunel!
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E o sol espreita….
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Eu bem que ouvia o barulho das aguas….
Só depois é que me lembrei: “deixa-me olhar lá para baixo!”
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Depois destas curvas (umas trezentas) esta Benasque!
Um dos povos mais bonitos de todo os Pirineus!
Outrora acampamento base para os pastores da zona, mas hoje vive do gelo, da neve e dos gajos aficionaos do Sky, Sku e derivados!
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Fizemos uma visita pelo povo para esticar as pernas e petiscar alguma coisa!
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Ao fundo o Cerler, pico com mais de 2400m de altura.
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Mais ruelas sombrias, num dia em que sabia bem estar ao sol!
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Uma torre….
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Finalmente a casa de refugio aos alpinistas!
Prontos!
Já chega!
Vamos meter Benasque num bolso e leva-lo para casa!
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De Benasque a Cerler há 6km e vale bem a pena!
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Não só pelas curvas que tem o trajecto, mas tambem pelo bem conservaado que está o povo.
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Com uma estação de Sky, virado para o turismo, dá para ver que existe uma preocupação na conservação das suas origens.
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Por momentos lembro-me de Piodão e começo a temer não encontrar um sitio onde dar volta há Dorothy.
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Ao lado de um templo existe sempre um largo, Cerler não era excepção!
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E com vistas excepcionais!
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Jà de partida, fizemos esta panoramica a Cerler!
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Para que conste que Dorothy esteve em Cerler, o povo mais alto dos Pirenéus Aragoneses!
Era hora de voltar, já era tarde, sobravam apenas um par de horas de luz e o melhor era sair dali quanto antes porque as estradas estavam delicadas, apesar de haver sal no asfalto.
Como nunca voltamos pelo mesmo caminho, decidimos descer até Campo e depois seguir em direcção a Graus, para apanhar um desfiladeiro que já fiz varias vezes, mas por infortúnio não pude registar.
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Cá está ele!
Daqui em adiante a estrada fica estreita e pendurada no barranco, com o rio a passar raivoso lá em baixo!
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Esta é a ultima imagem do dia, pois uma vez em Barbastro (novamente) apanhamos a autovia em direcção a Huesca e depois a Zaragoza.
A Dorothy portou-se muito bem, adorou as curvinhas e esteve sempre há altura das necessidades!
Recomendo vivamente um visita a Cerler, pelo entorno, pela situação e para quem gosta, fazer desportos de inverno!
Até há próxima e Boas Curvas a todos!

Aragão Por Lone Rider- Talamantes Um Pequeno Paraiso

O meu dia a dia é carregado de stress.
A estrada é fonte de muitos conflitos e o desgaste emocional que provoca vai-nos transformando como pessoas.
Para fugir a isso tudo, e unir o útil ao agradável eu utilizo a moto como terapia.
Desta vez fui há procura de algo novo, um sitio onde se acabasse a estrada e começasse o paraíso!
Eis o primeiro sinal!
1 Arvore
A estrada estreita sobe o monte que nos aproximam a linha do horizonte, deixando uma vista que muda a cada curva que passa.
2 Maria e as Peñas
Ao fundo estão as Peñas de Herrera, com mais de 1500m de altitude, são a marca que um antigo glaciar deixou para a posteridade.
3 Peñas de Herrera
E a estrada volta a retorcer-se para nos brindar com as surpresas menos esperadas!
4 Talamantes
Ali, metida no meio dos montes, ao abrigo de uma antiga muralha templaria do sec XII, estava Talamantes, onde se acaba a estrada!
5 Rua 1
Numa pequena exploração, conclui que a nível cultural e arquitectónico não tem muito para oferecer.
Trata-se de uma povoação normal, como todas as outras, cujas gentes vivem da agricultura de do gado.
6 rua 2
Mas ao vaguear pelas ruas, a calma e a paz vão-se entranhando no corpo. Começas a andar mais devagar, não estas tão alerta, tudo te parece harmonioso.
7 rua  3
Era isso mesmo que procurava, um escape, um sitio donde pudesse evadir-me e esquecer o mundo em que vivo!
9 Castelo
Esta é a única muralha do antigo Castelo, construído pelos Cavaleiros da Ordem do Templo.
Pode-se subir e tocar as muralhas, mas para ser sincero, para alem do caminho sinuoso, o que realmente é bonito é ver todo em conjunto.
11 pueblo
É aqui que Talamantes ganha beleza, como um conjunto, e não por algo cuja beleza ou importância anule a beleza do conjunto.
12 Pueblo 2
As cores do Outono dão há paisagem aquele sentimento bucólico da lareira, castanhas e vinho, com as primeiras neves a cair na rua.
Sim!
Aqui neva, estamos a 954m de altura!
13 castelo 2
Agora podemos ver a muralha com mais detalhe ao afastar-nos dela.
14 Peñas de Herrera
As Peñas de Herrera são fruto de um glaciar, que com a sua acção erosiva deixou este curioso recorte no horizonte!
Existem caminhos que nos levam praticamente até aos seus picos.
Não sei porque mas comecei a pensar na Dulcineia!
15 Ponte mediaval
Esta ponte, de fundação medieval, atravessa o rio e leva-nos até há Ermita templaria de São Miguel, Santo Padroeiro de Talamantes!
16.1
Agua limpas, puras, sem tratamento que não seja o purificador dado pela mãe natureza, que enchem de som a vida de cada dia deste povo, para alem de o abastecer!
17 Caminho
E o caminho torce-se mais um pouco….
18 Ermita de San Miguel
Ate que chegamos há ermita….
18 Sino
Tudo muito simples!
Como a vida mesma, que tanto teimamos em complicar.
19 Talamantes
Hei-la!
Talamantes um Pequeno Paraíso!
Continuamos a subir o sinuoso leito do rio para chegar o bosque.
20 Pinhais
Não é muito comum em Aragão (salvo nas zonas mais montanhosas) encontrar pinhais e matas densas.
Para os amantes do senderismo esta zona é rica em caminhos, todos eles bem sinalizados.
21 riacho
E o rio serve perfeitamente de banda sonora a tudo isso!
Outra particularidade destas paragens é a abundância de todo tipo de cogumelos, comestíveis e não comestíveis, onde as jornadas micologicas de Talamantes dão a conhecer, entre outras coisas, as varias formas de destingir o cogumelo que torna um arroz delicioso daquele que te pode levar há morte em agonia.
22 Caminho a Talamantes
Volto ao povo pelo caminho, com a ideia de que não posso fugir e encarar a minha realidade. Esta na hora de montar na Maria e voltar ao meu mundo complicado!
23 Bota
Não antes de fazer publicidade a esta reutilização muito original de uma bota!
Essa mesma bota que, muito provavelmente caminhou pelos caminhos deste pequeno paraíso.
24 Peñas de Herrera
Monto na Maria das Curvas e despeço-me das Penãs de Herrera apanhando a direcção de Alcala de Moncayo.
25 bici
O mesmo povo que recebeu a “Vuelta” desta forma…
26 Alcalá de Moncayo
Outro conjunto que, em conjunto, parece bastante interessante!
E a estrada deixou de ser estreita, as curvas passaram a ser rápidas e a linha do horizonte mais longínquo.
Do Paraiso a Zaragoza há 87km de distancia e muitas curvas rápidas que Maria devorou com o apetite de sempre!

Aragão por Lone Rider- A Capital do Reino

Introdução

Para aqueles que ainda não sabem, antes de começar a falar da capital do reino, devo falar um pouco do reino e dos aragoneses.

Aragão é um dos três reinos históricos que formam a Coroa de Espanha, no qual o seu escudo figura no Brasão da Bandeira Espanhola. Surgiu no principio do sec IX d.c. e teve o seu auge no secuko XIII e XIV donde chegou a aglutinar os territórios que hoje são a Autonomia de Aragão, Catalunha, Valencia, Mayorca e Menorca, o Reino de Napoles, Secilia e Serdenha, para alem de grande parte do Languedoc Roussilon!
No seculo XV, com o casamento dos Reis Católicos (Isabel de Castela e Fernando de Aragão) forma-se o maior reino da Peninsula (reino de Espanha) e desde então Aragão contribuiu activamente para a unidade do reino!
Actualmente a Comunidade de Aragão representa 10% do território nacional, tem mais ou menos 140000 habitantes e representa 3,5 do PiB espanhol!
Desde a sua existência e ao longo dos tempos ilustres figuras fizeram juz há fama dos aragoneses. Desde Alfonso El Batallador até Luis Buñuel, passando por JaimeI, Isabel de Portugal (Rainha Santa Isabel), Miguel Servet, Fernando el Catolico, Francisco de Goya, Jose de Palafox ou Augustina de Aragon, o povo aragonês foi sempre reconhecido como determinado e valente, temido no mediterrânico e respeitado por toda a Peninsula.
Para aqueles que não conhecem, em algumas partes de Espanhã os Aragoneses são reconhecidos pela sua teimosia e pela forma rude que estes aparentam ter. É verdade que os Aragoneses tem muita personalidade (em especial as mulheres) mas a “Nobreza Baturra” é algo difícil de explicar, porque numa casa aragonesa a hospitalidade é soberba, ajuda e a solidariedade não falta e a bondade algo sempre presente!
Tenho 13 anos entre os “Manhos” (maneira popular de se tratarem) e apesar de comprovar todos os seus defeitos e virtudes, posso dizer que quase já me sinto como um deles, pela fraternidade que demonstram!

A Capital do Reino

Zaragoza é uma cidade milenar, com vestígios da sua existência que indicam que antes dos reis Godos já era uma zona habitada representando uma encruzilhada de varias rotas oriundas de varias partes da Península.
Na actualidade Zaragoza, tem mais 700000 habitantes, constituindo a quinta maior cidade de Espanha com uma historia rica em acontecimentos históricos, alguns dos quais eu abordarei ao longo desta crónica!
Foi num domingo de Septembro, solarengo e caloroso que eu e Dulcinea começamos esta pequena aventura citadina!
1 ALjaferia
O que voces podem ver ao fundo é a Aljaferia, edifício fortificado que foi mandado construir por um Rei Mouro da Taifa de Zaragoza.
2 Bandeiras
Desde então, foi sempre a residência dos réis Aragoneses e do poder legislativo até aos dias de hoje, que alberga as Cortes de Aragão (parlamento autónomo).
3 Claustro
A sua arquitectura é marcadamente muçulmana.
4 arcos
Com um claustro e jardins que nos fazem viajar ao tempo da Taifa de Zaragoza.
5 Claustro e Jardim
Jardins com árvores de fruto e agua corrente, próprio de um povo que gostava das ciências e as aplicava com mestria
6 Jardim
Com a chegada dos réis católicos a Aljaferia sofre as alterações para albergar as cortes.
7 Sala dos Rei Catolicos
O primeiro Rei Cristão a instalar o poder na Aljaferia foi Alfonso El Batalhador, conhecido assim porque ganhou 26 batalhas seguidas aos infiéis sarracenos, chegou a reinar por toda a península ate que se deu anulado o seu casamento com Urraca de Castela.
8 Sala do Trono
O Brasão da Coroa de Aragão na sala do trono.
10 Claustros
Uma perspectiva diferente da entrada há fortaleza.
11 Escadaria
A escadaria real.
11 Aljaferia
A fortaleza, símbolo de Aragão, símbolo da sua determinação e marco da sua unidade ao longo dos tempos.
12 Pablo Serrano
Este é o museu Pablo Serrano, ilustre escultor aragonês, que deixou a sua colecção ao povo aragonês, cuja sede é este edifício de formas invulgares mas, que nos permite ver as interessantes paronamicas da cidade desde os terraços que tem.
13 Escadaria
Para chegar lá, subimos pelas escadas rolantes que há medida que subimos, pela sua disposição e estética, parece que estas fazem parte da estrutura que sustenta o edifício.
14 Escadas Rolantes
O museu alberga a colecção pessoal de Pablo Serrano e outras exposições itinerantes de artistas e coleccionadores aragoneses.
Pablo Serrano foi o maior escultor aragonês, donde expôs individualmente a sua colecção nos maiores e mais prestigiadas galerias mundiais, sendo até hoje o único escultor espanhol que expos a sua colecção no Museu do Ermitage de San Pitersburgo!
15 Eu
E cá estou eu, com a basílica de La Virgen del Pilar de fundo!
16 Basilica do Pilar
Desde os terraços podemos ter uma paronamica de Zaragoza, principalmente da Plaza Del Pilar!
18 Basilica de Noite!
Esta foto, tirada com o meu telemóvel durante a noite dos museus abertos, não faz justiça ao bonita que é esta cidade há noite, vista desde estes terraços!
19 Galeria
Decidimos então a visitar uma das exposições itinerantes.
20 Mulher
Esta escultura chama a atenção, mas o quadro que se segue….
21 Esfera Armilar
…..por momentos, lembrei-me de um símbolo nacional, a Esfera Armilar!
22 Contentor do Lixo
Como em todos os sítios, deve sempre haver um espaço destinado há reciclagem dos materiais sobrantes e este não foi excepção! 😉
22 Porta del Carmen
Esta é a Porta del Carmen que ainda conserva as marcas dos projeteis franceses, lançados contra ela, durante a Guerra da Independencia (1808-1809). Foi neste sitio que, ao ver todos os artilheiros feridos ou mortos, Augustina de Aragon se dispos a disparar um canhão contra as tropas francesas, fazendo estas pensar que se tratava de uma emboscada e provocando a debandada das forças napolionicas.
23 Faculdade de Medicina
Continuamos a percorrer as ruas de Zaragoza até entacionarmos Dulcinea em frente há antiga Faculdade de Medecina e Ciências de Zaragoza. Na sua fachada estão as esculturas de Andres Piquer, Miguel Servet, Ignacio Jordan de Asso e Fausto de Elhuyar, quatro ilustres científicos Aragoneses.
24 Gran Via
Em todas as Cidades Espanholas existe uma Gran Via e Zaragoza não é excepção!
25 Monumentos
26 Plaza de Aragon
Plaza de Aragon con Juan de Lanuza al centro, protagonista de unos de los episódios mais sombrios de la historia de Aragão.
27 Paseo Independencia
Paseo Independencia, com a Plaza de Espanhã ao fundo.
28 Arco da Dulcinea
El Arco de Dulcinea!
Encaixa-lhe mesmo bem, não acham!?
29 Magdalena
Igreja de Santa Maria de Magdalena um dos exlibris do estilo Mudejar em Zaragoza.
30 Torre Magdalena
O estilo Mudejar é uma arte arquitectónica desenvolvida nos séculos XII a XVI donde os estilos românico, gótico e renascentista são influenciados pelo estilo Ibero-Muçulmano dando um visual diferente e atractivo a muitos sítios de culto e construções mais emblemáticas.
Os materiais mais usados são o tijolo de burro e os azulejos, proporcionando um contraste de formas e cores distinto e de beleza rara.
A torre do campanário da Igreja de Santa Maria Magdalena é bem exemplo disso.
31 Plaza del Pilar
E cá estamos nós, na Plaza del Pilar, tão grande que é difícil de abarcar com uma só fotografia!
Foi mais ou menos neste local que Virgem Maria apareceu ao Apostolo Tiago (Santiago de Compostela) envolta numa coluna de fogo, ordenando-lhe a construção de um templo na margem do Rio Ebro!
32 Basilica del Pilar
Uma escultura de Pablo Serrano retrata uma das aparições da Virgem.
A Catedral Basílica é de estilo barroco. No seu interior, entre os altares altamente trabalhados, podemos ver os projecteis que as forças de Franco lançaram contra o templo e que, inexplicavelmente não detonaram!
Em absoluto respeito ao culto, evito tirar fotos ao interior dos locais de culto.
33 Fachada do Ayuntamento
Esta é a porta de entrada ao Ayuntamento de Zaragoza (câmara municipal), donde a escultura do Anjo da Cidade e de San Valero (padroeiro da cidade), ambas de Pablo Serrano, chamam a atenção de muitos!
34 Goya e a Majas
Goya e as suas “majas”!
35 La Seo
Fachada renascentista de La Seo, uma catedral riquíssima em estilos arquitectónicos!
A Catedral foi mandada construir por Alfonso el Batallador do que restava de um antiga mesquita que tinha fundações românicas e esta sofreu alterações ao longo dos séculos, a ultima já no século XVIII com a construção da Torre do Campanário de estilo Barroco.
36 Parede
Infelizmente é impossível tirar uma fotografia “limpa” a esta parede de La Seo porque as ruas são muito estreitas e a parede muito grande.
De estilo Mudejar, o contraste do azulejo e o tijolo é impressionante e com contornos diferentes a cada hora do dia.
Aconselho vivamente uma visita de noite.
37 Torre
Uma torre donde podemos ver o estilo gótico e o Mudejar em perfeita harmonia!
38 Arco de Dean
O Arco de Deán, que data do século XIII, é um dos vestígios mais evidentes da Zaragoza Medieval, parcialmente destruída durante os Sitio de Zaragoza.
39 Mediaval
Da Zaragoza da Idade Media pouco se pode encontrar, dado que as tropas de Napoleão, ao encontrarem grande resistência para controlar e conquistar a cidade durante os Sítios de Zaragoza tinham que demolir casa por casa para ir reduzindo a “força manha” que se resistia a entregar a cidade!
40 casa do Cura
Entramos então na sede diocesana para fazer esta foto ao Campanário de La Seo!
41 la Seo 2
Aqui a temos!
Esta Catedral guarda no seu interior os seus altares barrocos, de valor cultural incalculável e o museu dos Tapices donde podemos ver telas que retratam vários acontecimentos eclesiásticos e bíblicos de grande importância.
42 Pilares
Estes são o pilares da Ponte de Piedra sobre o rio Ebro, durante muitos séculos, a única ponte sobre o Ebro.
De fundação românica, tem sofrido varias reestruturações ao longo tempo, estando apenas aberta ao transito de peões e transportes públicos.
43 Leões
Contudo, esta adquire importância para mim, porque foi aqui que conheci os lábios que hoje me fazem sorrir e os olhos pelos quais vejo a vida com tranquilidade.
44 Ponte Piedra
Era quase hora de ir embora….
45 Torre de San Juan
Acreditem no que vos vou dizer!
Esta é a torre da Igreja de San Juan de los Panetes, e conforme a vamos vendo , parece a esta é uma imitação mais genuinamente da famosa Torre de Pizza, pois para fazer a pose para a fotografia põe-se direita!!!
46 San Juan
Por isso tivemos que tirar esta foto há socapa para ver que efectivamente, em relação há fachada da Igreja, esta pende ligeiramente para o lado direito, não acham!?
47 Muralha Romana
Este é um dos mais visíveis vestígios Cesareagusta. Trata-se de uma parte da Muralha Romana que protegia a cidade dos “bárbaros”!
48 Plaza de los Sitios
Esta é a ultima foto do dia….
Estamos na Plaza de los Sítios e o monumento retrata o esforço da cidade e suas gentes, para resistir a um exercito em tudo muito superior ao qual infligiram elevadas baixas, fazendo-o retroceder em alguns casos.
O povo de Zaragoza, resistiu heroicamente pela sua cidade e pela liberdade, e apenas capitularam porque uma epidemia de Tifus estava a fazer mais baixas que os Franceses, para alem da falta de comida e higiene própria destas situações.
Após este episódio histórico e heróico, que deixa bem claro a determinação dos Aragoneses, o seu caracter forte e capacidade de união, Zaragoza ganhou o titulo de “Muy Leal”, “Muy Heroica”, “Siempre Heroica y Inmortal”.
Orgulho-me de ser Português, mas se existira a nacionalidade de Aragonês, não me importaria de ter dupla nacionalidade!

Aragão por Lone Rider- As Varandas do Ebro

Terça feira é um bom dia para andar de mota, quase que diria que o melhor, em igualdade com a Segunda, a quarta, a quinta, a sexta, sabado e domingo!E como não podia deixar de ser, não foi excepção.Foi um passeio curto, de descoberta e aventura, de una 70km mas o que vos vou mostrar vale bem a pena!

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Para começar o ideal era sair de casa.O dia tinha começado mal no trabalho, mas aproveitei que só tinha que ir trabalhar da parte da tarde para afogar as minhas magoas no monte!
Dulcinea voltava assim a estas lides depois de um encontro imediato com um javali em Março.
O destino?
Já vão ver!

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Durante o passeio não encontramos lama, mas deu para snifar muito pó!

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As parideiras abandonada são coisa comum, mas esta tem um tom urbano que a destingue!

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A zona que fomos visitar encontra-se na margem norte do vale do Ebro, perto de uma povoação chamada Remolinos, indecentemente famosa pelas suas salinas!Nesta imagem podemos ver o Rei Moncayo ao fundo, para alem das salinas.

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Aquele era o nosso obejctivo….
Em poucos km subiriamos de 220m de altitude a 675m, por caminhos de terra batida, com muito cascalho solto e subidas que punham há prova a capacidade de traccionar de Dulcinea.

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A surpresa ao chegar la a cima foi esta panoramica do Campo de Tauste com as Bardenas Reales lá ao longe!

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Aqui estão eles, os gigantes de vento há espera do seu Quijote, que chulam o Cierzo para produzir energia limpa de forma sustentavel!
Na ala sul, na crista do monte e junto a estes moinhos, podiamos avistar todo o vale do Ebro, presidido pelo Moncayo, enquanto que na ala norte os imponentes massiços pré-pirinaicos marcavam a paisagem!

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Baixamos o monte, deixando os gigantes de vento lá ao longe, procurando trilhos ao longo do caminho para nos divertirmos um bocado.Dulcinea não é uma endureira de raiz…. Aliás, de endureira não tem nada e facilmente mostra as suas limitações, seja nivel de ciclistica como motriz.Mas esta voltinha reverva um surpresa interesante!

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Encontrei um trilho fechado, que fazia uma especie de circuito por entre as vertentes do monte, com obstaculos de baixa dificuldade, ideais para mi e para a performance da Dulcinea!Mas o melhor foi isto!

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O trilho tinha umas panoramicas sobre Remolinos e o Ebro que obrigavam a fazer um intervalo na diversão para disfrutar das paisagens!

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Assim que, faziamos uma volta ao circuito, subindo os seus obstaculos com alguma ligeireza e rapidez, com saltos há mistura, para depois parar para descansar e contemplar a paisagem!

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Demos uma voltas e descemos há capela do Jesus de Remolinos onde fizemos a foto com a  postura “te voy a partir las piernas”!

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Dulcinea há porta da capela, cuja particularidade reside em estar encastrada no monte!

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E esta é a Igreja matriz de Remolinos que pudemos fotografar no preciso momento em que ela deixava ver a sua “aura de santidade”!

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O caminho de volta foi feito procurando uma trevessia fluvial que estava sinalizada mas que nunca cheguei a encontrar!Por outro lado, não pude tirar fotografias ao Rio Ebro porque, em contraste com o resto da paisagem semi desertica, as margens do seu leito estão congestionadas de tanta vegetação!
Quando cheguei a casa estava plenamente satisfeito, descobrimos as “Varandas do Ebro”, demos saltos, descubirmos novos caminhos e, o que é muito importante, não encontramos nenhum javali pelo caminho!

Aragon por Lone Rider- Las Psicofonias de Belchite y Goya de Fuendetodos

La noche fue agitada, con sobresaltos y sudores fríos, debidos a pesadillas en las que aparecían cuerpos de niños volando, a causa del estallido de bombas, y en las que se oía el coro de las ametralladoras, demente y perverso.
La imagen inquietante de aquel hombre, lleno de talento, que supo denunciar la fractura de la sociedad española, y que inspiró a Picasso el pintado de El Guernica, no me salía de la cabeza, quitándome el sueño….
Me levanté y puse música. Lo primero que oí fue la introducción a una música llamada Paschendale. Volví a apagarla….

Tenía que buscar respuestas a mis pesadillas!

1 Campo de Belchite

Fue un viaje corto, siguiendo mi instinto, dejé atrás la capital del Reino y me adentré en la carretera de Belchite.

2 a estrada

El Campo de Belchite fue escenario de una de las últimas ofensivas del Ejercito Republicano para conquistar Zaragoza.
Su punto más importante es Belchite, donde una sangrienta batalla casa a casa dejó el pueblo reducido a escombros, causando una carnicería,hombres, mujeres y niños fueron víctimas.

3 a chegada

Después de la victoria del ejército sublevado, el General Franco decidió mantener el pueblo tal como quedó, como marca propagandística del esfuerzo del pueblo español durante la Guerra Civil.
Al lado de la ruinas, fue edificado el llamado Belchite Nuevo.
Fue destino de Belchite que mantuviera las marcas de la Guerra, aun vivas y sangrantes, en la memoria de todos…

4 casa

Desde hace poco, sólo es posible acceder al pueblo mediante visita guiada. El estado de degradación de los edificios, obliga a extremar las medidas de seguridad, dado que existe un peligro de derrumbe de los mismos.

5 igreja

Mi pesadilla tomaba ahora forma, dado que Belchite es famosa por sus fenómenos paranormales. Algunos juran que aún se puede oír el silbido de las bombas y el grito de los habitantes, en determinados momentos de la noche!

6 casas

Al Belchite Viejo han acudido científicos a estudiar lo que llaman psicofonías, que son señales sonoras dejadas por los espíritus inquietos, que no se quieren rendir….

7 Viva la Republica

María das Curvas posa al lado de una inscripción contemporánea,que mucho tiene que ver con los sentimientos que aun dividen, aunque en menor medida, a la sociedad española.
Tenía hambre!
Busqué en el Belchite Nuevo un restaurante donde pudiera comer el típico y delicioso Ternasco de Aragón.
Estaba acompañado por mi destino, que en un pasado no muy lejano me invito a vivir en su compañía, de forma tranquila y sobria, sin derivas caballerescas ni cuentos de hadas.
Fue entonces cuando me acordé del Aragonés más “Cabezudo” de todos y cuyo pueblo natal no estaba muy lejos de allí….

8 Fuendetodos

Este es Fuendetodos,tierra natal de Francisco de Goya.

9 Igreja

Goya fue el principal pintor español del Romanticismo.
Sin embargo, la enfermedad y el tiempo que le tocó vivir, han hecho de él, un pintor sin miedo, audaz, capaz de reflejar en sus cuadros la crueldad humana, donde la guerra era despojada de gloria.

10 Rua

Goya recorrió estas calles hasta los 7 años de edad, antes de que sus padres le llevasen a vivir en Zaragoza.

11 Casa Florida

En sus obras mas tempranas, el color tenia mucha importancia,aportando alegría y energía, al igual que las macetas de esta imagen, que rompen un poco con las fachadas sobrias de la mayoria de las casas de Fuendetodos.

12 Goya

Mi destino me llamó a la atención de esto….

13 Busto de Goya

Goya era Aragonés, con todo lo que conlleva.

14 Casa de Goya

15 Composição

Algunos de los objetos que pueden verse no son los originales, ya que la casa fue saqueada durante la Guerra Civil!

16 Dispensa

La despensa…

17 Cozinha

Una cocina de hogar, semejante a la cocina de mis padres!

18 Quarto

Dormitorio, donde destaca la imagen de la Virgen del Pilar!

18 Sala

El comedor y la otra habitación….

19 Quarto

Y en la parte superior, el granero.

21 Granero

Francisco de Goya y Lucientes, murió a los 82 años (1824) en Burdeos, despues de seguir su destino con firmeza. Ese mismos destino que le hizo llegar a ser el pintor de la Familia Real y que le hizo denunciar las atrocidades cometidas por los franceses, costándole un procedimiento de La Inquisición ,después de pintar desnuda a la mujer en una de sus obras.
Al volver a casa, las curvas del camino me llevaron hasta Zaragoza, donde me quedé hasta caer la noche.
El Cierzo suave me incitaba a buscar con la mirada tierna lo que el destino me tenía preparado.
Cuando me acosté, decidí que debí vivir de forma consecuente con lo que sentía.