Sierra de la Virgen

A Sierra de la Virgen é um pequeno grupo de montanhas situado na costa sul da montanha mais alta do Sistema Ibérico, o Moncayo.

Comecei o “ânus” novo com BabieKa na oficina, o que, como boa Kem Tem Muda (KTM) não era de estranhar. No entanto, a coisa lá se orientou e só estive quase dois meses sem a BabieKa…

Mas a espera ia continuar, pois o trabalho comanda a vida e o sonho teria que se aguentar à jarda.

Era tempo de ir visitar outra vez a velha de Windsor e isso significava uma semanita a contar traços descontínuos desde a cabine de Aída!

Nas horas de descanso ia procurando nos meus tracks o rabisco ideal para, sem me meter em terreno desconhecido, testar a mota e curtir o suficiente para aliviar a ressaca.

Sim, porque por mais kms fictícios que faça, ir ao monte é que é!

O que é certo é que, depois de deixar as vacinas na velha de Windsor fui flutuar até à terra das tulipas para encher a caixota refrigerada com, vejam lá bem, alho porro!

Tudo fazia adivinhar que, quando estivesse lá no chaco barraco, o tempo ia trazer sol e temperatura amena…

Pois bem…

O dia começou bem, com as nuvens atarefadas a cruzarem os ceus, um vento frio que cortava e umas temperaturas que, apesar de estarem próximas dos dois dígitos positivos, pareciam negativas (agradecimentos especiais ao Cierzo, claro esta!).
Este é o ponto, mais alto da Sierra de Monegre, muito perto do Santuario de Rodanas, com paisagens muito interessantes para o Vale do Jalon e uma grande encruzilhada de caminhos que te dão acesso directo ou indirecto a quase qualquer ponto do Sistema Iberico.
O caminhos que vamos fazer a seguir já são velhos conhecidos nossos. Babieka percorreu os pouco mais de vinte kms por caminhos sem qualquer dificuldade ate chegar a Niguella!


De Niguella a Brea de Aragon o caminho obriga a subir o monte, para, depois de vencer o cume e com o vale do Rio Brea à vista, a descida desemboca num pequeno desfiladeiro que guarda um caminho que acompanha o leito do rio!


Depois de Brea de Aragon, começa uma subida que paulatinamente te leva ao sopé do que é o colosso da Sierra de la Virgen, com o seu ponto mais alto (Pico Cabrera) a passar a barreira dos 1400m de altitude!
Até lá o caminho leva-nos por entre amendoeiras em flor, pequenos bosques de azinheira e pinheiro até à subida de Viver de la Sierra!

Enquanto vagávamos pelos vales ao abrigo das grandes montanhas sentia-se o frio de um dia, que há medida de que avançava a manhã, seria cada vez mais cinzento, cargado de nuvens de tom ameaçador mas que por algum motivo, apanhavam a boleia do vento para ir mais para norte…
Embora fossemos sempre por caminhos, todos os caminhos, sejam asfaltados ou não, vão dar a Viver de la Sierra, ultimo lugar habitado antes de nos metermos na “aventura” propriamente dita…

Depois de Viver, a natureza impera, os caminhos deixam de estar tão transitados, os regueiros que correm pelo caminho são como vasos sanguíneos por um antebraço, deixando pedra solta e muito sedimento depositado aqui e ali.
Esta seria a primeira grande prova em caminhos duros dos Michelin Tracker e BabieKa teria outra oportunidade mais para desgarrar, usar e abusar dos seus “saltos altos” para subir a montanha.
Curva após curva, rampa após rampa, o vento frio fazia entender porque a maioria do pessoal fica em casa neste dias. As temperaturas tinham baixado significativamente, o vento criava uma sensação térmica de cifras negativas e cada vez que parava, era para me lembrar que o melhor mesmo é não parar.
Em cima da mota não se passa frio!

Uma vez chegados ao cume, diante dos meus olhos abre-se o caminho que desejava voltar a fazer!


Este caminho leva-nos pela crista do monte, dando a oportunidade de contemplar paisagens explendidas tanto à direita como à esquerda, terminando no Pico Cabrera, a 1433 metros de altitude, o melhor promontório para ver as Tondras (formação glaciar) nas costas do Rey Moncayo!

Como bónus, estava tudo nevado, e nem mesmo a ausência de luz solar retirava beleza ao que se podia ver!


Mas o vento, esse maldito Cierzo, que dissipava de forma cruel todo o calor do corpo, rapidamente fazia lembrar que contemplar uma paisagem daquelas pode valer um período de hipotermia. Assim que o melhor mesmo era lançar-nos (literalmente) Monte abaixo!

Estes dois minutos e meio que nos custou baixar até ao abrigo dos frondosos pinheiros, deu a oportunidade de admirar ao longe o Farwest da Serra de Armantes, assim como toda a superfície “desértica” que o rodea, o vale do Ribota e, se nos esforçamos um bocadinho, as torres mudéjar de Ateca!

Uma vez ao abrigo do bosque a sensação térmica não é tão negativa, mas não nos podemos esquecer que estamos acima dos mil metros de altitude. Em cima da mota não há frio e BabieKa vai percorrendo os caminhos com precisão. Caminhos que agora são mais utilizáveis, sem pedra solta e de um piso duro e compactado fazendo excepção a uma poça ou outra, aqui e ali, de pequenas dimensões que não revestem preocupação de maior….

Íamos de caminho ao Santuario de la Virgen de la Sierra para curtir umas vistas especiais.

La no cimo, onde os caminhos acabam, encontra-se uma ermita e um refugio de montanha com vistas que abarcam inclusive paisagens de Castilla!

Uma vez na ermita aconselho a parar a mota, passear à sua volta, ir descobrindo as diferentes paisagens que nos oferece lentamente e, se não for um dia azedo como este, aproveitar o sol e os prados verdejantes para um bom banho de sol!

Ao fundo o protagonista de sempre, o Rey Moncayo, mas aquele pequeno lago artificial é a barragem de Maidevera, importante reserva de agua para os Verões que aqui não são propriamente meigos.
Ao lado da Barragem de Maidevera está Aranda de Aragão, uma pequena vila que vive essencialmente do pastoreio e da agricultura. A vila esta assente sobre uma encosta, coroada pelas ruinas de um Castelo que sofre um processo de restauro. As ruas labirínticas do povo desorientam a qualquer que não viva nele e não podiamos ser excepção. Depois de uma descida divertida, por um caminho estreito e ingreme, entramos em Aranda de Aragão à procura de um café quente que nos fizesse esquecer o frio que se nos entranhou nas costelas, mas não houve êxito. É um labirinto tão…    ….tão labirinto….
Acabamos por desistir do café e seguir caminho rodeando o lago artificial de Maidevera pelo norte para seguir com a diversão!

Deixamos atrás a Sierra de la Virgen e começamos a segunda metade deste frio e “arejado”dia.

Este é o caminho que nos leva ao sopé do Rey Moncayo, que nos fará surfar por montes e vales até à planicie do Vale do Jalón…

Mas vamos por partes, infelizmente os caminhos teem sufrido uma metamorfose para aclimatar o monte para a próxima plantação de “Aerogeneradores”. O que outrora era um caminho roto e retorcido, hoje é uma estrada à espera de asfalto com toda a geometria necessária para habilitar a passagem dos veículos pesados que transportam aos sítios mais recônditos os monstros que combateu Quijote!

Felizmente as paisagens ainda não estão poluídas pelas pás que desenham sombras dantescas no chão ao pôr do sol, e ainda foi possível contemplar Calsena la no fundo, os pés do Moncayo, sem ouvir o incómodo zumbido que o Cierzo provoca nas pás dos monstros!

O mesmo já não se pode dizer desta colina, que já sofreu a “rapada” característica para albergar ao “molino de viento”!

Aquí, outrora foi um sítio de sombra e tranquilidade donde, em outros momentos, tive o prazer de piquenicar uma bela sandocha e um sumo de laranja natural ainda fresquinho.

Renovar-se ou morrer…

O lado escuro da nossa capacidade de superação, que nos torna racionais, mas nem sempre sensatos.

BabieKa insiste em levar-nos a sítios novos, sítios bonitos por caminhos mais interessantes, oferecendo alguma diversão.

A Ermita de San Cristóbal está a meio caminho entre Calsena e Trasobares e é outro promontório a não perder se o pessoal gosta de monte, maus caminhos, lama e frio, pois o sitio oferece boas vistas a Trasobares e dos montes circundantes!

Por falar em Trasobares…

Este é um vídeo esquisito, fruto de uma experiência….

Existe solapado em muitos grupos de pessoal que sobe ao monte, um debate sobre qual a melhor posição da câmara para que as imagens sejam fiéis ao vivido durante a gravação.

A maior parte do pessoal gostava de ver refletido nas imagens a dificuldade do terreno mas queixa-se que nem sempre o conseguem. Outros querem captar as paisagens e as imagens acabam por nao ser fieis ao que realmente se pode ver.
Na primeira parte do video gravei a subida com a camara no capacete onde não da para ver bem nem a inclinação, nem a dimensão dos regueiros, mas conseguimos perceber que ando sobre uma plataforma no terreno que esta sobre um “precepicio” rochoso. Na segunda parte do vídeo as imagens sao um pouco mais fieis, consegue-se perceber a inclinação, as dimensões dos obstáculos, a velocidade mas perde-se um pouco a panorâmica do lugar. Outro inconveniente +e que o som recebe/grava todas as vibrações que recebe da mota, uma vez que a camara vai fixa na mota!

Acabada a experiência, de Trasobares a Tabuenca os caminhos iam alternado entre caminhos agrícolas e caminhos florestais, onde as massas de arvores nos davam um descanso do vento frio que nunca nos abandonou!

Depois de Tabuenca apanhamos uma pista agricola, laraga e bem cuidada ate ao Santuario de Rodanas onde tudo começou umas horas antes!

Depois deste vídeo apanhamos o caminho para casa, porque o corpo ja pedia uma boa ducha e um bocadinho de descaso no sofá!

Primera de Muitas

Levantei-me para mudar a agua às azeitonas eram umas 04h00 e enquanto tingia aguas dava por mim a pensar se era ou não uma boa ideia ir curtir uns kms com a BabieKa.

O que é certo é que o pensamento já não me deixou voltar à cama e apesar de ainda estar meloso com o sono, decidi deixar a rapariga dormir e sentar-me onde me encontro agora a traçar no My Drive uma rota fixe para fazer a bordo do meu novo cavalo!

Tinha que ser algo que ajudasse à rodagem, estradas secundarias, curvas, piso variante e que oferecesse aquela dose de diversão que me valesse a pena sair à rua de madrugada, com menos de 5 graus de temperatura e arriscando-me a apanhar chuva pelo caminho! Subir às terras altas foi posto de parte por causa da neve e porque as estradas que tinham garantias de estar transitáveis eram maioritariamente as que não encaixavam nos requesitos…
Fiquei-me pelo Pre-Pirineu juntando a serra de Alcubierre, em pleno Monegros e as rectas das Cinco Villas para o regresso a casa…

Antes de nada, tínha que montar o suporte do GPS, configurar o mesmo, emparelha-lo com o telemóvel e depois descargar o mapa da rota!

Em seguida vesti-me, atei um fato de chuva à traseira da mota e bota a andar que se faz tarde!

Não chovia, o ceu encapotado ameaçava com descarregar, mas não chovia. No entanto o asfalto estava encharcado, o frio avisava para a possibilidade crescente de um piso deslizante e pouco amigo das sua rodas!

Depois de Zaragoza, uma densa capa de nevoeiro dava-me as boas vindas à medida que me adentrava nos Monegros!
Uma paragem se impunha para uma cafezada matinal…

Aqui Babieka ainda tinha pinta de ser novinha em folha!
Mas as estradas molhadas e cargadas de barro depositado pelos tractores, não só aumentava o risco da viagem, como deixava a mota, as botas, calças e casaco totalmente salpicados de barro…

Com uma nevoa a pairar no ar, Perdiguera saudava a todos os que por ela passavam tentando manter vivo o espirito natalicio…

Alcubierre foi palco da primeira aventura aqui do menino, que se meteu a fazer “piscinas” por entre as suas ruelas na tentativa falhada de fotografar a fachada mudéjar da sua igreja matriz. Mais uma excelente oportunidade para fazer equilíbrio dinâmico, com os pes a ir ao chão varias vezes para evitar cair nas manobras mais apertadas. Uma vez mais, o apurar da técnica a funcionar e evitar ter que apanhar a mota do chão!

O melhor que conseguimos foi fotografar o Jesus que se encontra nas traseiras da Igreja….

Voltamos à estrada, desta vez estreita e esguia, de asfalto irregular e remendado, que BabieKa lia e digeria sem qualquer registro de dificuldade, tomando direcção a Hoya de Huesca…

La no fundo Bolea e a sua igreja fortificada, posto de vigilância pertencente à linha de defesa construída por Alfonso el Batalhador antes de tomar Saracusa (Zaragoza) aos Muçulmanos….
Como bastião defensivo e de maior importância esta Loarre!

Este Castelo, construído em cima de um penhasco é ponto de partida para inúmeros caminhos que nos levam por vários sítios da Serra de Santo Domingo, em pleno Pre-Pirineu. Não pude resistir a “deixei-me descair” por um trillo fácil montado na BabieKa até chegar ao tapete betuminoso que nos levaria a Ayerbe para uma paragem técnica para abastecer e mudar a aguas às azeitonas.

Enqunato “descaia” pela vertente do monte  conheci um calhau, que foi oportuno para me ajudar a desmontar e montar na mota!

Era precisamente a medida que me falta para fazer coisas tão simples como recolhar o descanso uma vez montado no animal!

Infelizmente tive que desistir da ideia de o levar comigo pelas razões obvias!

Ao longe, os Mallos de Riglos, coroados por uma coroa de nuvens!

Depois de passar o desfiladeiro do Rio Gallego, a estrada oferece-me 35kms de curvas, subindo o mítico Jabali onde eu e Babieka podemos explorar melhor a sua ciclística e a contundência do seu motor….

Assim que acabou o bem bom, o GPS mandou-me virar à esquerda, por aquilo que supostamente seria uma estrada de montanha, mas que outrora foi asfaltada. Embora não quisesse fazer todo terreno, a pista não revestia qualquer dificuldade, piso duro e firme que ia ladeando uma colina sem grandes declives…. Acabei por aceitar o desafio e fotografar a Babieka ao lado de uma Parideira pela primeira vez!

A pista estendeu-se por uma boa quinzena de kms, onde pude apreciar as diferenças entre o modo de estrada e o modo de todo terreno do moto, com ou sem control de tracção, com ou sem ABS na roda traseira. O asfalto voltou à entrada de Longás,  onde começava uma estrada sinuosa que nos levou a SOS del Rey Catolico, que outrora viu nascer quem uniria os reinos hispanos da peninsula….

De fundo podem ver uma cadeira, onde me sentei ao lado da Artax para fazer uma foto bastante conhecida…

Daqui a casa foram 120kms de retas que atravessam as planícies agricolas da comarca das Cinco Villas!

Quando cheguei a casa, mesmo a tempo de almoçar, percebi que, afinal de contas, o laranja enlameado até que nem é má cor para se ter numa mota!

Un Castillo en el Secarral!

Un día cualquiera, en un año cualquiera en la edad moderna, mas o menos entre 2019 y 2021…

Un día más de calor en el medio de una vasta y árida planície azotada por vientos de sureste, levantando la polvareda que cubre la caliza de los caminos. En el horizonte, a un lado el sistema Ibérico, y al otro el Pirineo.

Las seis y media de la tarde, sol de justicia, 38°C y al menda que os escribe le dá por salir al monte con Artax.

Como en cualquier desierto, el oasis es siempre el sitio mas deseado y en muchos momentos el deseo por encontrarlo es tan grande que acontecen las ilusiones ópticas, mas conocidas por mirajes!

No hubo suerte, no encontramos el Oasis, ni el harén ni siquiera los beduinos que suelen saber indicar en que dirección se encuentra ese paraíso en tierras tan áridas. ¡Tan solo encontramos una balsa de agua, rodeada de polvo que llevaba grabados miles de pezuñas ovinas!

Artax subió al monte para intentar vislumbrar el tan ansiado oasis!

A nuestras espaldas, pudemos encontrar el lecho de un rio hace mucho seco, pero que indicaba claramente el camino a seguir si no quisiéramos morir deshidratados.

Al final del lecho seco, el camino nos llevo de nuevo a la planicie árida que bordeaba por todos los lados una enorme plataforma logística, donde al fondo se erguían en el cielo un gran aglomerado de edificios!

Desde luego que Zaragoza no era el atractivo de hoy, mucho menos había la intención de meternos en el bullicio da la ciudad.

Pero el Castillo de Valdespartera, o mejor , lo que queda de la Ermita de Santa Barbara, tiene un entramado de sendas , repletos de obstáculos de dificultad variable que no dejan de ser mucho mas atrayentes que comer polvo por los caminos desérticos del valle del Ebro!

De aquí en adelante nos centrariamos en el Castillo….

…ataque que se hizo por la subida mas complicada con una inclinación de respeto!

De fondo el Valle del Huerva….

En primer plano lo poco que queda de la Ermita, erguida en las fundaciones del antiguo castillo. Al fondo Zaragoza con el Barrio de Valdespartera em primer plano!

Como aun faltaba un poco para el sol pasar al otro hemisferio, yo y Artax nos aventuramos por las mil e una sendas que hay alrededor de la Ermita!

Las sendas están conectadas entre si, formando un entramado de caminos que nos llevan a los mas variados obstáculos, unos buenos de transponer de subida y otros mejores de bajada. Enfin, diversión garantizada!

Eso y la sudadina!

Poco a poco el esqueleto iba pidiendo descanso, la pandemia había impedido de aprovechar la primavera y la condición física ya se resentia de la falta de hábitos endureros….

Terminamos por hacernos una foto en las ruinas de la Ermita a modo de despedida….

Como cuando nos despedimos de una chica que nos hizo pasar muy buenos momentos, no hemos evitado echar una última mirada hacia atrás….

A nuestra espalda una manto denso de nubes amenazaban con descargar su furia…

Fuimos para casa por el camino, por entre conejos y gotas de agua, que poco a poco  mitigaban el calor y la deshidratación!

La mañana siguiente me dolía todo el cuerpo, pero a cada movimiento y cada dolor, una sonrisa tonta se me dibujaba por entre los pelo de la Barba rizada!

Torno de Bainhas

Como é do conhecimento geral, o Culto da Mota não é só andar nelas, mas também conhece-las a fundo, cuidar delas e uma aprendizagem constante que nos enriquece cada vez que montamos na mota.

Isto obriga a que aprendamos como é a nossa mota por dentro, estudando nos manuais as suas entranhas, conhecendo cada técnica e lidando com instrumentos/ferramentas que não são muito comuns.

No apartado das ferramentas, a coisa pode ser cara, pois as ferramentas específicas para a mota normalmente vão adornadas com preços proibitivos. Para evitar gastar dinheiro em ferramenta, em casos muito específicos e de fácil fabrico, acabo por fazer eu as minhas próprias ferramentas.

Este DIY relata como idealizei e construí um torno para as bainhas/barras da suspensão dianteira.

Os materiais necessários para a construção de um Torno de Bainhas são Madeira, varão de ferro M10 e barra de ferro 25×2,5mm, tudo material reutilizado de outras aventuras vividas. A madeira pode ser um barrotes de 60x60mm de pinho de Flandres, que é uma madeira leve, fácil de trabalhar e o mais importante, que se deforma, mantendo assim a integridade dos tubos das bainhas oferecendo um bom agarre/aperto as mesmas.

Como a madeira é reutilizada convém lixar de forma a tirar o maior, uniformizando a superfície, tornando mais fácil a traçagem das linhas a carvão que pouco a pouco vão moldar a madeira. Depois de lixada, cortam-se 3 pedaços de barrote com uns 15cms de longitude. Dois serão as faces do torno, que apertam a bainha, e um terceiro que será fixado perpendicular a uma das faces do torno, para servir de braço que aperta ao torno convencional da bancada de trabalho.

Depois de cortada a madeira, começamos a trabalhar nas faces do torno, marcando nelas, a cama das bainhas e a furação necessária para os varões roscados que permitirá a mobilidade de uma das faces do torno.

Como tenho varias motas com distintos diámetros de Bainhas, a cama das faces do torno foi pensada a acomodar bainhas que vão dos 28mm até aos 50mm de diámetro. Não é obrigatório que dê para diâmetro diferentes, mas já que um gajo está com o trabalho, ao menos que dê para uma variedade ampla de secções.

Na face fixa do torno, nas costas desta face, com o for mão, vamos moldar o assolapamento da chapa metálica que serve de base aos varões roscados. Este assolapamento tem uns 50mm de largura e uns 3mm de depressão, para que a chapa fique completamente integrada na face fixa do torno.

Entretanto abrimos a furação por donde vão residir os varões roscados. Neste caso, o centro do furo está a 25mm da extremidade da face. Na face fixa tem um diâmetro de 10mm e na face móvel o diâmetro é de 14mm para permitir o acomodamento da bainha à cama quando se apertam os varões roscados.

E já que estamos com o berbequim na mão, aproveitamos e abrimos um furo na esquina da cama de cada face do torno, para em seguida tomar o formão como elemento moldeador e fazer em ambas faces a cama de alojamento das bainhas.

Depois de, em rasgos gerais moldar a cama nas faces do torno, voltamos a montar o rolo de lixa no berbequim para dar-lhe a forma final.

Agora só falta acabar, mas isso fica para depois…

E esta é a visão geral do torno, com ambas faces e a cama que a junção das faces forma, onde a bainha se vai alojar quando estivermos a trabalhar nela.

O próximo passo vai ser passar a fase ferrosa da questão.

Como o material é todo reutilizado, cortei dois pedaços de barra 25×2,5mm para os unir. O objectivo é que exista uma base suficientemente larga para servir de suporte tanto a face fixa do torno, como rabo do torno, suportando assim o peso da bainha sem que o torno corra o risco de se partir (o pinho de Flandres é fixe porque se molda bem, mas pode partir-se com alguma facilidade quando submetido a esforços).

Com as soldas feitas, teremos que desbastar o excedente para alojar e soldar os barões roscados. Não nos podemos esquecer que, se vamos trabalhar com bainhas de várias secções /diâmetros, o comprimento dos barões deve permitir o distanciamento necessário das faces do torno para apertar as bainhas.

Soldar e devastar o excedente.

Depois de acabadas as tarefas de soldadura, tratamos de “moldar”o ferro as nossas necessidades.

O primeiro passo é a furação. Ao centro dois furos para que o corpo metálico possa ser apertado ao rabo do torno. Nas esquinas uns furos de menor diámetro que afixam o corpo metálico ao assolapamento da face fixa do torno.

Agora tratamos da rosca, com este desandador que vai lavrando a rosca no varão metálico. Uma vez mais, convém recordar que se o torno for para usar com diâmetros de Bainhas diferentes a área roscada deve ser acordo com as diferentes dimensões das bainhas.

Para terminar, cortamos um terceiro pedaço de barra metálica, para depois abrir nela os furos. Esta peça será o reforço/batente que permite aplicar a força de aperto das porcas de orelhas sem que estas deformem a madeira da face móvel do torno.

Voltamos a atarrachar o rolo de lixa ao berbequim e tratamos de deixar os elementos de madeira bem lixados evitando assim que alguma farpa se madeira se adentre na carne de quem trabalha com o torno.

Por outro lado, tratamos de limar e atenuar toda e qualquer aresta que possa provocar dano às bainhas.

De cima para baixo, face móvel do torno, face fixa do torno e rabo do torno.

Chegou a altura de utilizar o arsenal químico para pintar os ferros e envernizar a madeira. Começamos pelo primário.

E enquanto este seca, a primeira demão na Madeira.

Depois, voltamos ao ferro, para lhe dar cor definitiva!

Enquanto o negro seca voltamos a “borrifar” a madeira com uma segunda demão. E com isto se conclui a construção do torno, faltando apenas montar todas as peças para depois se poder utilizar.

Para montar o torno, começamos pelo rabo. Nele vamos apertar com dois parafusos 40x6mm rosca de madeira, o corpo metálico do torno.

Aqui já se pode perceber para que serve o rabo do torno. Este tem as dimensões necessárias para que, apertado ao torno convencional, ofereça suporte suficiente para se trabalhar nas bainhas. Por outro lado, cria uma distância de segurança entre as delicadas peças das bainhas e as esquinas vivas de aço temperado do torno convencional.

Depois metemos a face fixa do torno nos varões até que o corpo metálico fique alojado no assolapamento.

Estes parafusos 40x3mm de rosca de madeira certificam que a face fixa ganha o seu nome ao aperta-la ao corpo metálico.

Para finalizar, deixamos deslizar pelos varões roscados a face móvel do torno, pomos a barra metálica em cima e as porcas de orelhas para acabar este DIY !

Aragão por LoneRider – A Rota dos Rios

Ríos agua, agua chuva, chuva inverno, andar mota no inverno mais agua da chuva dá molha na certa…

Confere!

Ora então, dos últimos 1200kms a bordo da Dorothy, divididos por duas voltinhas, oitocentos dos quais foram passados por água!

Sempre que via uma gota a escorrer pela viseira abaixo, os meus problemas recordavam-me daquela máxima Lonerideriana.

“Sólo cuesta quedarse mojado”

(só custa a ficar molhado)

A alta montanha com cotas acima dos 1500m tem destas coisas, e quando se tratam de nuvens preguiçosas, sempre que se encontram com uma montanha rabugenta que não as deixa passar, as nuvens põem-se a chorar!

A cada paragem olhava para os meus problemas e não percebia bem se estava contente por me ver enxarcado ou verde de raiva e com vontade de me matar!

O que é certo é que, entre tremelique e tremelique, aqueles lábios finos, enrugados e roxos, iam desenhando um sorriso que não era tanto de felicidade, mas sim mais para o amarelado!

Onde é que eu ia!?

Ah! Os rios…

Os rios é aquela cena manhosa que rasga o chão e que leva a água das nuvens choronas da montanha até ao mar!

Alto lá, vocês estão completamente enganados e serve a presente crónica para demonstrar o contrário!

Acordar com o cantar do galo pode ser uma experiência maravilhosa, salvo que o gajo comece a cantar as cinco da manhã!

Pensei em fazer-lhe uma espera para lhe torcer o pescoço mas depois pus-me a pensar, se tenho que esperar que gajo ponha a gargalo de fora para o amarfanhar quem não vai dormir sou eu!

Bem resignei-me à sorte que tinha e fui dormir…

Mas o gajo, as cinco em ponto já estava a excitar o gargalo!

Raios ma parta!

Juro que que um dia lhe arranco as penas à bofetada!

Voltei a resignar-me com a sorte que tinha e levantei-me para ir à casa de banho.

Prontos já sei, vocês querem fotos e tal…

Mas ainda não vos disse onde vou, nem o que tomei para o pequeno almoço, nem o que vesti, nem…

OK, faço um esforço, mas é só porque é para vocês!

O primeiro objectivo era o Rio Piedra, onde Paulo Coelho escreveu aquela Bíblia para os Flocos de Neve, À Beira do Rio Piedra, Sentei e Chorei!

Mas não porque o Rio Piedra seja importante, que também o é, pois dá o nome ao famoso Mosteiro, mas também que é sobre ele que está levantado o paredão da Barragem da Tranquera!

Paramos para contemplar as paisagens e fazer umas fotos e tal…

Alguém que me empurre!

Bem, adiante…

A estrada não era grande coisa, a típica estrada secundária de Aragão, com piso irregular e algum buraco, mas desvia-se pelo vale do nosso primeiro protagonista de hoje, o Rio Mesa!

(se quiserem a ficha técnica do río procurem no Wikipedia)

Digamos que o Rio Mesa é o autor de uma cicatriz no Sistema Ibérico, como que um corte profundo poronde corre um fio de água limpo e cristalino que serve umas termas (Jaraba) e deslumbra as vistas com as paredes rochosas que desbravou e que hoje são habitat natural dos abutres!

São vários kms de estreito e sinuoso desfiladeiro onde as paredes chegam a ter uma altitude que dificilmente uma máquina pode abarcar!

E é difícil de descrever assim que o melhor mesmo é ver este vídeo onde, de alguma maneira, tento mostrar a beleza do local!

Vá lá, não sejam preguiçosos, vejam o vídeo que até tem musiquinha para fazer meninos e tudo!

Pouco a pouco ia subindo para a meseta, através de uma estrada sinuosa e interessante, com piso muito fixe que denunciava que tínhamos passado os limites do reino de Aragão e nos encontrávamos agora “en la Mancha del Quijote”!

O objectivo era entrar em cheio no que é conhecido como a Serranía de Cuenca, que conta com estradas de muito bom piso, traçado sinuoso, paisagens brutais e um parque natural interinamente dedicado ao nascente de um Rio!

Depois da barrigada de curvas a bom ritmo chegamos ao Parque Natural del Nacimiento del Río Cuervo!

Ao chegar constatamos que o gajo é resmungão e que começava desde lá bem de cima a fazer barulho. Estávamos na base de uma escadaria natural camuflada por um frondoso bosque de choupos, pinheiros e outros árvores de menor porte.

Ao subirmos a primeira rampa o Cuervo presenteia-nos com este pequeno lago, alimentado por inúmeros fios de água que pulverizavam uma frescura no ambiente.

Continuando com a escalada, seguindo as águas cristalinas do rio, começam a aparecer as primeiras queixas. Estavam uns 17°C e se os forros de inverno são de agradecer pela frescura matinal, agora que o sol aquece sufocam o corpo.

Embora as sombras das árvores e o spray do rio atenuassem o sufoco, ganhar altitude num espaço de tempo relativamente curto não ajuda à sensação térmica.

Chegados à meseta, onde o Cuervo corre por entre pedras e piscinas naturais, decidimos desistir, evitar o sofrimento que nos sofocava e descansar um pouco.

Tratamos de imortalizar as nossas fronhas no local, de comer o farnel que preparamos de manhã e relaxar porque o local convida a descontrair, descansar e brincar um pouco.

Quando chegou a hora de partir, enquanto a Mery reagrupava os tarecos, ainda me aventurei para fazer mais esta fotografia!

O Parque é relativamente grande, tem vários caminhos que te permitem ver o rio de diferentes perspectivas, sitios se descanso, para comer e até fazer umas cestas, mas convém vir preparado para andar e suar um bocado.

Voltamos à estrada, em direcção a Tragacete, descendo pelo vale do rio mais polémico e mediático da península. O Rio Jucar!

Tragacete é um ponto estratégico na nossa rota. É um ponto de inflexão na cota de altura (acabamos de descer e começamos a subir), é aqui que começamos a voltar para trás (na direcção de casa) e é o único posto de abastecimento aberto num raio de 80kms!

Depois de abastecer e tomar o cafezinho apanhamos a subida que nos leva ao outro protagonista deste miserável relato. A estrada é muito boa, com muitas curvas enlaçadas, lenta, técnica e super divertida. Gravamos tudo em vídeo, só não o publicamos porque o mesmo testemunha a forma como atiramos pelo penhasco abaixo três motas de matrícula francesa, depois de ter empalado os condutores e violado as penduradas. Isto tudo só por terem estragado parte da diversão.

Aqui, já cá em cima, no descanso do guerreiro!

A estrada ganha agora características bem mais rápidas, subindo aos 1600m, para entrar definitivamente em Aragão. Uns kms mais a diante, giramos à esquerda para ver nascer o maior rio da Península Ibérica.

Aqui, a 1500m sobre o nível médio do mar, brotam com vigor as primeiras águas do Tejo, que cruza a Península ao encontro do Atlântico, a 1000kms de distância.

Prazer e sofrimento juntos numa só foto!

(não sei porquê, mas acho que este comentário vai fazer alguma sertã ganhar asas)

Voltamos à estrada para curtir mais uns kms de bom asfalto, curvas a condizer e paisagens verdejantes.

O objectivo não era desconhecido, mas a sua beleza e o facto de ser desconhecido aos olhos da Mery, tornava a paragem obrigatória.

Albarracin, Vila Medieval ligada ao Cid el Campeador, que tem tanto de encanto como de fotogénica.

É foram aquí que as coisas se torceram!

Chegamos à hora do desassossego (entenda-se visita guiada) onde tivemos que fintar por várias vezes o grupo de japoneses que visitavam o núcleo medieval.

Foi quase impossível fazer fotos sem encontrar o típico turista com a sua reflex a fotografar uma pedra gastada pelos ventos que descem dos Montes Universales.

Mery prendeu o burrinho porque queria encontrar o povo vazio à sua mercê.

Quando finalmente consegui a Plaza Maior vazia só para mim, captei esta “postura de Alcaldesa” (só lhe falta “el Bastón) que quase me ia custando a vida!

Depois de Albarracin, já com a tarde avançada e o sol a deixar muitas sombras na paisagem, apanhamos direcção a Orihuela del Tremedal para conhecer o rio mais peculiar desta rota.
À medida que subíamos os Montes Universales a paisagem mudava, os pinhais passavam a ser menos densos, onde grandes maciços rochosos mostravam uma rocha fragmentada em milhares de calhaus alguns deles de proporções consideráveis.
Quando começamos a descer, por um longo vale, as árvores deram lugar a um caudal de pedras com mais de 10m de largura.

Não meus amigos, não se trata do leito de um rio seco, trata-se de um rio onde o caudal são pedras, que pela acção das temperaturas gélidas do Inverno e escaldantes do Verão provocaram a sua fragmentação e dispersão ao longo do vale.

Diria que este Rio de Pedra, que não é único nesta zona, se estende paralelo à estrada ao longo de uns 3kms e tem uma largura considerável, que permite ser visto nas imagens de satélite da Google.

Mais um sítio que pede uma caminhada pelo entorno para conhecer com detalhe estes Rios cujo caudal são Pedras!

Com as temperaturas a cair, era momento de procurar a Autovía Mudéjar e devorar os 170kms que nos separavam do Covil!

Foi, finalmente, um dia em que a chuva não nos limitou o passeio, com muito sol e sítios muito interessantes onde o bom asfalto promete garantir momentos de diversão!

Prontos pessoal, para a próxima há mais!!!

[Test Drive] Kawazaki Z900RS

O dia amanheceu molhado, com o vento a obrigar as nuvens a correr de encontro às montanhas. Desde a passadeira que me obrigava a correr, olhava pelos enormes vidros do ginasio como as gotas iam caindo no chão. Mais um dia de férias, mais uma madrugada a mais de 150 ppm, mais uma t-shirt molhada, menos 600 calorias activas.

Depois do banho, o pequeno almoço e olhadelas furtivas ao relogio para não me atrasar.

Será que nao me vão deixar fazer o test drive?

Que seja o que tiver que ser. Eu vou lá, a mota está lá, só não saímos os dois do stand se o vendedor não quiser!

Pela primeira vez nos ultimos 2 anos vou fazer um Test Drive a uma mota. O ultimo test que fiz foi à Integra e desde então, por não ter interesse em comprar , ou por falta de disponibilidade, deixei de parte esta forma de criar opiniao sobre as motas que existem no mercado.

Desta vez, aproveito a oportunidade para me estrear na edição das minhas opiniões sobre as motas objecto de teste. Não vão haver isenções, porque se trata de uma opiniao pessoal, da qual se pode estar de acordo ou não, mas sem deixar de ser o meu ponto de vista sobre os diferentes aspectos que avalio numa mota!

Desta feita a eleita foi uma moto que deriva de uma Street Fighter, que foi adaptada para encaixar na corrente estilistica vintage.

A Z900RS é uma neo-classica com um aspecto dos anos 70, quando a familia Z se estreou na andadura motociclistica.

Não é facil ficar indiferente as linha classicas da mota, que inicialmente fazem lembrar a primeira Z, mas que se vai misturando com aquele paracer familiar das Zephyr dos anos 80.

Como estava a chover, o teste foia feito essencialmente em ambiente urbano, onde a generosidade do motor acompanhava a sua sauvidade até as 5500 rpm. Altura em que deixava de haver sauvidade e abundava a genorosidade!

De facto a Z acelera muito bem, com um som proprio de um tetra, capaz de nos catapultar para velocidades de telejornal.

A medida que a velocidade aumenta, maior é a força que fazemos para nos agarrar.

Para mim o maior defeito da mota reside aqui, na falta de apoios para combater as inercias da mota, que aliada à inexistente protecção aerodinamica, limita uma ciclistica/ motor excelente no que a prestaçoes se refere.

Andar em auto estrada a velocidades acima de 120km/h é mentira. A falta que me faz a minha Maria das Curvas, com aquele barrigão enorme que nos apoia nas acelerações e travagens, e nos protege de boa parte da tareia que nos da o vento.

A Z-RS esta bem acabada, com tudo no seu sitio, um painel sobrio mas com toda a informaçao necessaria (incluido a ciclo lunar e um calendario menstrual configuravel), com um equipamento dentro do normal, suspensões regulaveis com um tarado algo firme mas que permite ler bem a estrada, um motor estupendo, iluminaçao LED, uma boa distribuiçao de pesos que a torna muito maneavel e uns pneus (GPR300) que encaixam muito bem no que se propõe.

Não houve muito tempo para mais, lamentando que tenha que a ir entregar quando as estradas começavam a secar-se.

Seria, sem duvida, uma excelente representante do neo-classissismo na minha garagem….

Galita – Introdução

Galita é uma CB250 TwoFifty do ano 96, comprada 0km pelo meu pai.

Esta pequena utilitária esteve ao serviço durante pelo menos 15 anos, percorrendo mais de 100000km numa utilização cheia de viagens, deslocações diárias, participação em eventos, quase sempre a tres e trouxa as costas!

Foi a primeira mota com mais de 50cc que conduzi legalmente, poucos dias depois de ter a carta. Tive o prazer de a conduzir muitas vezes e a infelicidade de a derrubar num acidente, assim como passar a certidão de óbito a um cão de porte médio, com a consequente queda…

Com os km e maus tratos a pesarem, tendo o meu pai uma CB500 na garagem, a Galita foi relegada para um segundo plano até ser encostada de vez.

Quando parou o motor ainda funcionava, apesar de comer muito óleo e isolar as velas, ainda era capaz de atingir a sua velocidade cruzeiro e trabalhar com alguma regularidade (até isolar as velas).

O tempo foi passando e sempre que ia à garagem do velho ouvia, lá longe, debaixo das cobertas velhas, o lamentar de uma senhora sem esperança.

Pois bem, retirei-lhe as mantas velhas, tirei-a para a rua e dei-lhe um banho!

Debaixo das cobertas podia ver-se uma mota completa, com as marcas de uma vida cheia de actividade, que no final não foi tão cuidada quanto merecia, mas ainda está num estado perfeitamente recuperável.

Aqui vemos o Chico Galita a despedir-se da Galita!

Depois do banho, trocamos-lhe o óleo e retirando-lhe as velas, fizemos o motor girar para que o óleo novo circulara pelos conductos e deixasse o motor bem pegajoso. O objectivo era parar a corrosão que poderia existir dentro dele.

Retiramos-lhe o sistema de transmissão e fomos avaliando como devia ser a ordem dos trabalhos.

Sendo assim primeiro vamos desmontar tudo, documentar a desmontagem, acondicionar as peças pequenas, para depois restaurar por fases/sistemas.

Depois da desmontagem, prioridade absoluta para o motor. Assim que o motor estiver reparado, decapagem e lacagem do Chassis, braço oscilante, e outros ferros estruturais.

Depois passamos à fase da montagem. Primeiro o motor no chassis, braço oscilante, sistema eléctrico e admissão.

Quando concluir esta fase só resta a fase do detalhe, pinturas, reparação de pkasticos, suspensões, rodas e mariquices!

De momento, vai aqui na maca até ao Santuário em Zaragoza, onde poderá enriquecer com as suas histórias as meninas que por lá habitam.

Notícias em breve…

603

Isto tem andado meio esquisito ultimamente…
O trabalho tem dado mais trabalho do costume, o tempo livre reduziu-se e, apesar de me divertir bué com Artax sentia que me faltava alguma coisa.
Parei para pensar…
Se calhar não estou a dar suficiente atenção aos meus problemas!
Mas ao final de quase 3 semanas a tentar dar cabo dos problemas, cheguei à conclusão que à problemas duros de roer, raios má parta lá o cú de 80cms! Sempre que me cai em cima, ou me saltam os olhos das órbitas ou é simplesmente o único que consigo mexer!

Mas mesmo assim, continuava a sentir a falta de alguma coisa.
Sentei-me ao computador a olhar para o Maps e de repente acendeu-se-me o neurónio asfáltico.
Katano!
Falta-te asfalto. Não pode ser só monte!
Amanhã é que vai ser!
Mas não foi.
Vocês sabem que a chuva não me mete medo, mas eu queria or andar de mota e não de canoa!
Esperemos mais uma semana…
E quando, finalmente, mesmo com o céu encuberto, vesti o fato montei na Dorothy e pus-me a caminho…. Furei!
Precisamente no dia em que não tinha o kit de emergência comigo!
Truta que o pariu, lá o raio do Murphy, que quando o encontrar transformo aquela boca numa boca de veludo….
E eu andava que nem podia, o Asfalto gritava por mim, e eu tinha que mudar os pneus à Dorothy e no dia em que ia montar as rodas na Dorothy, um alerta por ventos fortes obriga a impedir o acesso ao complexo de garagens onde está o Santuario. Fiquei à porta, sem poder entrar, com a Dorothy e duas rodas novinhas em folha à espera dentro do Santuário.
Mais uma voltinha pela Europa a destilar azia….
Quando cheguei de viagem fui directo ao Santuário montar as rodas.
Vim para casa de Dorothy, amanhã é que era!

Eram cinco e um quarto da manhã quando o galo desafinado do relogio despertador cantou!
-Onde vais!?- perguntou ao ver que me levantava…
-Vou andar de mota, queres vir?
-Rui são 5 da manhã, sossega!
-Ainda não sei bem onde vou, mas é possível que apanhemos chuva, se quiseres vir é o momento!
-Eu não vou a lado nenhuma a esta hora – desabafou enquanto se enroscava no edredon – è preciso estar muito louco para levantar-se da cama a estas horas para ir andar de mota….

Apesar das olheiras, consegui escolher com facilidade o meu fato térmico, o fato de turismo, as botas e o equipamento impermeável de um amontoado de coisas da mota que tenho, algures no meio de um armário cheio de outras coisas que agora não vem ao caso….
Enquanto aquecia os cavalos de Dorothy, ultimava os preparativos. GPS emparelhado com o telemóvel, telemóvel emparelhado com o sistema de comunicação, que por sua vez estava emparelhado com os neurónios e estes não estavam emparelhado a coisíssima nenhuma…
Saí finalmente à rua….
Nem queria acreditar, eu e a Dorothy, vamos curtir umas curvas e se chover que satoda!
Espera lá, onde é que eu ia mesmo?
Como podes sair de casa sem saber onde vais?
Vá lá, deixa-te de mariquices, hoje é como os bons velhos tempos. Boina ao ar!
E assim foi, rumo a sul!
É pá, mas a sul é plano e desértico!
Tem calma, algo havemos de arranjar…
Saindo de Zaragoza, pela antigua N330 em direcção a Valencia lembramo-nos de fazer um vídeo ao Alto de Paniza e as suas curvas rápidas.

Com a construção da Autovia, que vai boa parte do seu trajecto paralela a N330, esta caiu em desuso e o asfalto tem vindo a desgradar-se por falta de manutenção.
Cada vez que passo por lá existem mais gretas, cada vez mais sujo e, no inverno, custa mais a secar e é possível que haja alguma placa de gelo nos dias mais frios. Mas o magnetismo destas curvas é irresistível!
Como ainda estava meio de noite, não se vê, mas as paisagens impressionam!
A velhinha Nacional leva-nos até Daroca, praça fortificada, conquistada aos muçulmanos por Rodrigo Dias de Vivar – Cid el Campeador, Daroca hoje é polo de atracção pelo seu bairro antigo, pelos monumentos e igrejas, assim como pelas muralhas que ao fim de mais de mil anos teimam em guardar a cidade.

Até Calamocha a estrada é divertida, com curvas rápidas, o traçado predileto da Dorothy, mas os 2 graus de temperatura do ar recomendam a cautela, uma vez que o asfalto tende a estar ainda mais frio.
Passado Calamocha, a planície imensa começa a levantar duvidas na minha cabeça.
Que raio ando aqui a fazer?
Eu quero curvas pá!!!
Espera lá, aquilo ali à direita esta bué enrugado!!!
Espera lá que é mesmo para lá que eu vou!
Apreciem como a planície aborrecida dá lugar ao bailado e à diversão!

Bem vindos a Albarracin, pequena cidade pendurada num penhasco recortado pelo rio Guadalaviar.

A ideia hoje é, aproveitar que estou bem protegido contra o frio, passear pelo povo…

…ver as diferentes perspectivas que este nos proporciona.

Caminhar pelas suas ruelas estreitas e sombrias.

Falar com as gentes, ouvir o mormulho das águas que ecoam desde o fundo da garganta do Guadalaviar.

Apreciar a “Plaza do Ayuntamiento” e os edifícios seculares que nos fazem voltar à idade média.

Fazer a fotografia da praxe, com a Catedral e o Castelo de fundo…

…voltar às ruelas para perceber que Albarracin foi uma versão medieval e arcaica da Lego…

….aproveitando a solidez das suas fundações para construir casas que mais parecem pirâmides invertidas.

Aqui está a vista desde a Muralha Norte, cuja visita fica adiada para quando haja botas de caminhada, agua e menos capas de roupa sobre a pele.

Acabava de decidir que iríamos caminhar a Sudeste para visitar a Serrania mais bonita do Sistema Ibérico para onde os espanhóis orientam os seus problemas sempre que fazem o Doggy Style!

Este é o desfiladeiro do Guadalaviar aqui tive o cuidado de ir mais devagar ainda para que o video seja nitido e dê para apreciar a paisagem!

Se seguisse a estrada ia em direcção a Orihuela del Tremedal, onde me encontraria com os rios de pedra, mas não!

Girei à esquerda para entrar em cheio no que era a serrania de Albarracin e o Parque natural do Alto Tajo

Dorothy desenhava cada curva com a alegria do costume, asfalto de primeira, que apesar de meio seco meio molhado, dava alguma confiança para testar os novos SmartRoad que lhe tinha posto.

Primeiro fomos vendo manchas brancas nos montes mais altos, depois aqui e acolá, onde o sol não chega, grandes mantos de neve, até que…

… a neve tomou conta do cenario!

Embora a estrada estivesse limpa, estava a cair uma neve muito fininha, como se fosse farinha, algo comparado com a chuva molha tolos mas no seu estado solido.

A outra má noticia era que a Dorothy tinha entrado na reserva, há não sei quantos km atras e o mentiroso do GPS dizia que não havia gasolina nos proximos 75km.

Que se lixe! Um gajo empurra!

E cá estamos nós!

Onde o maior rio peninsular brota do chão e desagua directamente numa corrente de degelo!

É verdade!

O rio Tejo nasce por debaixo destas pedras, o problema é que desde lá de cima do monte, as neves que se desfazem, as chuvas e as nuvens fazem convergir neste ponto uma corrente de agua bem fornida que acabará a sua viagem a molhar as pedras da Torre de Belem!

Aqui fica, para a Memoria, um local que se encontrava especialmente bonito e frio devida há neve que tinha caido sobre o monte nas ultimas semanas.

Neve que nos acompanharia por mais uns km e que a dada altura, me permitiu, não sem devido susto, distinguir 3 veados que procuravam os rebentos viçosos da primavera mesmo à borda da estrada!

Essa especie de nevoa que se pode apreciar no horizonte era precisamente essa neve congela tolos que caia!

Nada de especial, pois as estradas estavam limpas e até já me tinha cruzado com um limpa neves que andava a espalhar sal para evitar possiveis congelamentos.

Aqui entramos oficialmente no Parque Nacional da Serrania de Cuenca, se bem que os parques da Serra de Rodenos/Albarracin, Alto Tajo e Serrania de Cuenca estão todos pegados uns aos outros, a Serrania de Cuenca é o parque mais extenso e com um valor enorme a nivel de flora e fauna, mas tambem no aspecto geologico da coisa!

Embora já andasse a vapores à uma vintena de km, ainda houve tempo para uma descida relaxada a fazer um video onde se pode contemplar a Serrania Nevada!

– Hola, buenos dias!

– Buenos dias!

– Sabe usted decirme donde puedo encontrar una gasolinera?

– Hombre! En Tragacete, a unos 5km de aqui!

– Vale, y como se llega?

– Facil, no tiene perdida! Sigues la carretera y cuando se termine, en el cruce, giras a la derecha y a 2km vas a ver una gasolinera a la mano derecha!

– Muchas gracias señor, que pase un buen dia!

– Venga vá! Buena ruta y cuidao!

E foi assim que resolvi o meu problema, para alem de conhecer o Jucar (um dos rios mais secos e polemicos de Espanha)!

Estávamos no Equador da manhã, o momento ideal para, depois de abastecer a Dorothy, tratar de mim. Uns breves minutos em que aproveito para saborear o café de máquina das bombas, quase sempre amargo e queimado, isso quando tem açúcar, e que me faz perceber que o meu vício por café não tem limites.

De café na mão, na frustrada esperança de que ganhe alguma qualidade, vou dando voltas à Dorothy, dando especial atenção aos pneus, novinhos em folha, e relembrando a importância vital que tem os pelos do pneu.

As vezes perco-me a contar os mosquitos que se esborracharam na carenagem, mas hoje, não sei bem porquê, a colheita foi um desastre. Só tinha, mais ou menos a meio da óptica, aquilo que parecia ser uma melga e mesmo assim parecia não estar bem morta porque ainda mexia duas das patas.

Voltei a pôr o capacete agarrado à esperança de que, como ainda me faltava mais de metade do dia, ia ter sorte com a matança!

Voltei à estrada para seguir o Jucar, que juntamente com o Segura, são os mais secos da Peninsula. Digamos que são tão secos, tão secos, que se houvesse trânsito estival de Salmões, os gajos em vez de lutarem contra a corrente, teriam que fazer escalada!

Mas o Jucar surpreende, porque se fez acompanhar por uma estrada tão retorcida como o seu leito, oferecendo à Dorothy a oportunidade de fazer a depilação aos pneus, que tanto pelo ainda faz pensar que é uma badalhoca…

À medida que as retas ficavam cada mais curtas, as curvas aumentam a sua exigência, o Jucar aumentava o seu caudal, ocupava cada vez mais espaço, mas perdia gradualmente intensidade.

A culpa foi do dique que o Homem construiu para aproveitar a força das aguas do Jucar para gerar energia electrica!

Acaba por ser ironico que o Homem consiga fabricar electricidade com a força das aguas de um rio que “esta seco”!

O que é certo é que a paisagem , a partir deste ponto, deixa de ser tão abrupta e abre-se diante de nos uma “bacia enorme” limitada por enormes falesias que fazem a linha do horizonte parecer um grafico de velas, muito utilizado no sector financeiro.

Os pinheiros, esses, passam a revestir parte do solo que não seja rochoso, deixando espaço para o rio e para alguns campos de cultivo.

Voltamos a subir, por entre pinheiros e azinheiras, deixando para tras o Jucar e tentando apreciar o que havia para alem do vale. A estrada estava cada vez mais seca, mas o piso fazia adivinhar que por alli circulavam maquinas pesadas. mais adiante, os restos de um corte de arvores confirmou a ideia de que aqui tambem se explorava a madeira, entre outras actividades economicas.

Ao existir floresta, maior probabilidade de animais, pelo que a prudencia aconselhava a ir com calma!

Afinal de contas era um planalto e ao final de alguns kms a estrada começa a retorcer-se e contorcer-se sobre si mesma!

Olha que fixe!!!

Precisamente aquilo que a Dorothy gosta!

E a descida prolongou-se por muitos kms, contornado a enconsta rochosa, com curvas tecnicas, de bom piso e quase sempre seco.

Aqui estamos!

Cuenca, cidade das casas penduradas!

Entrei na cidade com a Dorothy, e ainda bem, pois a cidade tem umas quantas subidas ingremes que não aconselham fazer-se a pé, ainda para mais , com toda a vestimenta que tinha em cima do corpo.

Cuenca, vista desde as ruinas do Castelo!

É uma cidade de pedra, construida sobre um penhasco de pedra, com muitas casas literalmente penduradas no precepicio e grandes tradições chechuais (para contar noutra cronica).

A visita foi realmente fugaz, não fazia parte dos planos, ou melhor, sim! Mas os 16 graus não aconselhavam uma visita com a roupa que tinha vestida.

Esta foto, da catedral gotica de Cuenca, marca o principio do fim desta cronica!

Daqui fomos a procura de um restaurante para saciar o estomago, que saco vazio não se aguenta de pé!

Puseram-nos à frente uma truta salmonada que caiu que nem ginjas!

Depois, porque iamos entrar de novo na Serrania, tratamos de abastecer a Dorothy para a travessia ser mais despreocupada!
Voltar a estrada e saber que a partir de aqui é sempre a voltar para casa tem alguns prós, o aconchego do lar depois de um dia de mota, uma comidinha fixe na companhia dos problemas, uma noite de cama para sonhar com as proximas aventuras; e os seus contras, ter que passar, arrumar e limpar, cozinhar o proprio jantar e dietar-se na cama todo pisad e dorido da “esfrega” que os problemas te deram!
Um motard sofre e é verdade!
Mas prontos!
Um gajo tem que voltar para casa, a mais que não seja para apanhar os sacos do lidl que te deixaram à porta!
A melhora paarte é, sem duvida, o caminho que ainda esta por fazer. A Serrania de Cuenca já tinha mostrado que era muito rica em paragens de beleza superior, assim que queriamos repetir e voltar a atravessa-la pelo seu costado norte!
Alem disso estava tambem previsto atravessar parate do Parque do Alto Tajo, onde outrora, joagavam troncos ao rio, servindo este como meio de transporte da madeira.aao logo do seu leito, os gancheiros iam cuidando , com as suas lanças de gancho, para que nenhum tronco ficasse retido nas margens e apanhassem as melhores correntes.
A estrada esse, no mapa parecia divertida, mas a verdade é que, para ser divertida teriamos que acelarar para velocidades de tribunal e não é exactamente o que pretendemos.
Ia já aborrecido quando o GPS deixaver uma estrada alternativa que nos chama a atenção!

Decidimos subir até ao promontorio….

…e não foi nenhuma desilusão!

A medida que iamos ganhando altura a paisagem ficava cada vez mais agreste!
parace que tinhamos entrado numa cadei de desfiladeiros, quase sempre com um curso de agua como protagonista e uma estrada oportunista!

Lá em cima, outros oportunistas, vigiavam-nos!
Ainda tentei obter um plano mais nitido mas estava bem lá em cima.

Seguindo este desfiladeiro viamos como as montanhas convergiam uma na outra, tudo fazia adivinhar que algo diferente esta por ver….

Quando vi os “marretas” o primmeiro que pensei que havia por ali algum radar que eu não tivesse visto. Pensei que, ao parar no posto de abastecimento para desligar a camara, viessem logo ter comigo, mas não foi o caso. Percebi que, se calhar não estavam para muita conversa, fiz o que tinha a fazer, arrranquei a Dorothy e fui à minha vida.
Duzentas mil curvas depois…

…o Tejo que desgastava as rochas que se opunham no seu caminho!

O Parque do Alto Tejo é rico em pinhais, pinheiro que nascem por entre as rochas, oferecendo o verde como cor dominante, a frescura ideal para um picnic no verão e a madeira que o rio transportava até sitios como Aranjuez ou Toledo!
A estrada, neste caso particular, estava algo abandonada, suja e um traçado com algumas almadilhas. No entanto, é um sitio a explorar.

Esta imagem pode parecer familiar para alguns, mas não é a mesma, apesar de estar tomada no mesmo local.
Medina de Aragão tem um castelo que….

…esta fechado!

Ou então bati à porta errada!

O unico que encontrei foram esta comitiva de pardalecos…

…que do alto da Torre de Menagem faziam iveja a qualquer orfeão desafinado!
Não fomos de Medina desiludidos, pois nã faltarão oportinidades para visitar o Castelo.
Temos plena consciencia que esta zona é zona a conhecer, explorar e disfrutar!

Esta é a porta sul de Daroca e de aqui fomos directos para casa já com os primeiros sinais de cu-beduinismo presentes no “pompis”!

-Então!? – perguntaram à minha chegada – Gostaste do passeio?
-Sim! Estive em Albarracin, em Cuenca, na nascente… – e os meus olhos arregalaram-se a fer uma certã em rota de colisão com a minha testa. Mal tive tempo de me baixar e ver como esta se precipitava desde o setimo andar…
-Pois!A esses sitios nã me sabes levar, só me levas obde não quero ir e depois para fazer pirraça, quando vais sozinho, vais onde quero ir!
-Mas foste tu que nã te quiseste levantar….
-Pois, nem me sabes acordar, nem queres que eu acorde, sais de mansinho! Sabes que mais!? Faz o jantar que eu vou jantar a casa dos meus pais!

Vida de um pobre…
Preso por ter, e preso por não ter!
Motard sofre muito!
Ao fim de 603 km, chegar a casa e ainda ter que fazer o jantar!
Motard sofre…

Domingo, dia de Missa…

Apesar de ter um Santuário, não sou um gajo muito religioso. Mas sou crente.

Acredito piamente que as minhas motas são a minha fonte de alegria.

Desde o principio do mês que uma vaga de frio, chuva e neve, estacionou na Peninsula desaconselhando o uso da mota. Quer dizer, para ir ao monte estava altamente, mas o meu pobre coração palpitava por Dorothy.

Por Dorothy e pelos Pirineus….

-Miúda! Domingo vou andar de mota…

-Com este frio? Não estás a pensar que eu vá contigo pois não!?

– Não sejas tão convencida. Eu para andar de mota só preciso da mota.

O telemóvel tocou os acordes de Sweet Child Off Mine, interrompendo assim aquilo que seria mais uma batalha pela posição Alpha no seio do casal:

– Olá migo! Tudo bem!?- ela fingia não prestar atenção – Domingo!? Andar de Mota? OK! Na boa, onde é que vamos? Olite? Fixe pá!

É assim ficou combinado, Domingo vou à missa a Olite.

Não era os Pirineus é verdade, mas quem me desafiou é companheiro de trabalho e não podia perder o dia todo a andar de mota, uma vez que trabalhava da parte da tarde. A nós os dois Juntou-se um terceiro, montado a bordo de uma Z-SX, o que até foi porreiro pois nunca tinha rodado com nenhuma.

Eram 7 da manhã quando me levantei para começar o ritual.

Olhei para o telemóvel e a temperatura estava em linha com do que vendiam. Lá fora havia 2°C e o Cierzo assobiava nas janelas. Tudo aconselhava a não armar-me em chico esperto, assim que decidi vestir o meu fato térmico Windstopper, vestir o fato de turismo e levar as minha sempre quentes luvas da Alpinestars, responsáveis por manter as minhas mãos quentes à mais de 10 anos.

E ainda bem que assim foi, pois nada mais sair da garagem montado na mota, levei uma bofetada do Cierzo que fechei logo os queixos do capacete modular.

Para ser sincero, se não fosse pela companhia jamais me aventuraria a andar à bofetada com o Cierzo ao longo do Vale do Ebro, para ir a Olite. Principalmente por causa de que o Cierzo é um vento capaz de pôr à prova o Windstopper do meu fato térmico.

Sempre ouço dizer que a melhor forma de não morrer gelado pela sensação térmica que provoca o Cierzo é de subir em altura, onde ele não sopra com tanta força.

Chegado a Pedrola, la estava a Tanqueta do Albino e o Repolho do Fernando à minha espera:

-Quem vai à frente!?

-O Rui! – disse o Albino – Ele é que é o mais experiente, ele que abra caminho!

-Katano! Sou sempre o pobre desgraçado que tenho que levar os tenrinhos pela mão….

Montei na Dorothy e arrancamos em direção a Tauste. Como já era de esperar, tudo plano, sem curvas, o rio Ebro desce o vale com bastante água e no horizonte começam a erguer-se os primeiros planaltos das Bardenas Reales.

Passamos Tauste, desviamos para Pinsoro e depois de um cafezinho rápido, entramos na Comunidad Foral de Navarra por Carcastillo.

Quando, por fim, avistei monte no meu horizonte o bom asfalto acabou.

Subida .jpg

Ficamos confinados às fotografias, com um dia de bastantes sombras, mas bem animado com a amena cavaqueira que reinava no pessoal.

A estrada era má, mas as paisagens fariam uns quantos postais não fosse pelo sol ser um bocado tímido.

Meninas.jpg

Coroando o monte estava Ujué, que obrigava a uma fotografia artística para imortalizar a sua Igreja Fortaleza.

Ujué.jpg

Quando finalmente pisamos asfalto de qualidade não pudemos tirar proveito dele porque estava molhado!

Menos mal que não apanhamos a tromba de água que parecia ter caído momentos antes porque a estrada estava bastante encharcada.

Eu1.jpg

E pronto, já chegamos ao nosso destino.

Nem sequer entramos, quer dizer, entramos no bar para merendar, mas adiamos a visita à Olite porque estava um dia feio que convidava a estar numa mesa, a comer ovos com salsichas e a contar mentiras.

Olite.jpg

Mas quando saia à rua a fortaleza chamava, convidava a entrar…

Olite 2.jpg

Terei que cá voltar, com calma, para visitar o local com tempo.

E pronto, com o bucho cheio e o reportório de mentiras todo desmascarado, era momento de voltar para casa, pelas estradas nacionais planas e sem grande história para contar.

Ao chegar a Zaragoza ainda tive tempo de ser controlado num control de alcoolemia e drogas, onde o senhor guarda ainda me pediu de forma arrogante para que me despachasse a tirar as luvas, o capacete e o passa montanhas.

E foi assim a minha ida à missa!

Super divertida e muito emocionante.

Fiquei bué fan e vou querer repetir sem dúvida…..

Eu Sao Subi Isto

Todos vocemecezes sabem que eu sou tenrinho no monte.

Mais tenrinho que Miscaro de Novembro.

No passado mês de Dezembro estive na minha terra natal e entre os mimos maternos, as arrelias com a namorada, o Leitão e o Jantar de Natal do Motonliners.pt, consegui escapar-me ao monte com Artax.

Entre outras aventuras, vivi este particular momento que hoje acho curioso.

 

Entre a subida e a descida existem uma diferença de 3 horas, mais ou menos…

O problema está que subi confiando em Artax e em suas capacidades motrizes, fui à minha vida, subí uma das vertentes do Buçaco, fui à Cruz Alta e depois decidi não aventurar-me por caminhos novos e voltar pelo mesmo caminho.

Quando cheguei não podia acreditar que tivesse subido por ali, aquilo parecia um poço sem fundo, muito em aparte por duvidar das minhas capacidades como piloto da Artax.

Mas se eu consegui subir tenho que conseguir descer.

E  assim foi e hoje considero-me um herói, já que ainda não tenho ninguém que diga:

-Pai!! És o meu herói!